Veja sete opções para capacitar os funcionários e melhorar o desempenho deles sem desembolso algum
Por: Fabrício Marques
As pequenas e médias empresas podem aperfeiçoar o treinamento dos funcionários sem precisar gastar dinheiro com isso. Há uma série de estratégias eficazes — e que não custam nada — ao alcance dos empreendedores para melhorar o desempenho da equipe.
São iniciativas que vão desde criar um programa de mentores e promover a circulação de profissionais por diversas áreas do negócio até organizar visitas a outras empresas para trocar conhecimento.
“O ponto de partida é ter objetivos claros e definir qual é o resultado que se espera de cada tipo de treinamento adotado”, afirma Fernando Dias, diretor da consultoria Career Center, de São Paulo. “Ter um foco muito bem definido é importante porque, mesmo sem dinheiro envolvido, certamente existe um investimento de tempo do profissional e dos gestores que precisa ser bem empregado”.
1. Rotação de funções
Fazer com que os funcionários passem temporadas em diferentes áreas da empresa e conheçam sua rotina é uma forma de desenvolver as habilidades dos profissionais sem custo.
Na Storyteller, de São Paulo, agência de criação de roteiros e personagens usados em peças publicitárias de empresas, os designers passam parte do tempo no departamento que cuida de texto. O objetivo é que todos saibam escrever boas histórias.
“Já aconteceu de um roteirista ficar doente e não poder terminar um trabalho, que foi passado a um designer”, diz o empreendedor Fernando Palacios, de 32 anos, dono da agência. “Só conseguimos cumprir o prazo acertado com o cliente porque temos esse programa de capacitação.”
Segundo Bernardo Entschev, presidente da consultoria De Bernt Entschev Human Capital, a estratégia é útil para que os jovens talentos identifquem com qual setor têm mais afnidade e prepará-los para assumir cargos de liderança. “O empregado ganha uma visão privilegiada de como funciona toda a empresa”, diz Entschev.
2. Palestras de funcionários
Uma forma engenhosa de treinar os funcionários é encarregar alguns profissionais com talentos específicos de compartilhar seus conhecimentos com os colegas. No portal imobiliário VivaReal, de São Paulo, duas vezes por mês os empregados com bom domínio de informática ensinam os novatos a usar programas como o Excel.
“É algo útil, porque todos têm de fazer relatórios mensais de desempenho no Excel”, diz Brian Requarth, de 33 anos, dono da empresa. Quando o empregado faz um curso sobre um tema que pode interessar a mais gente, o aprendizado também é replicado com os outros funcionários.
Recentemente, um executivo da VivaReal participou de um treinamento pago, fora da empresa, sobre técnicas de apresentação em público. Pouco tempo depois, ele deu uma aula para os diretores e os gerentes sobre o que aprendeu. “Pequenas e médias empresas em crescimento não podem desperdiçar nenhuma oportunidade de qualificar as pessoas”, afirma Requarth.
3. Grupos de estudo
Organizar grupos de profissionais para discutir temas importantes para a empresa é outra ferramenta adotada para aprimorar o desempenho dos funcionários, sem que seja necessário gastar com isso. É o que faz o escritório de advocacia Souza, Schneider, Pugliese e Sztokfsz, de São Paulo, especializado em direito tributário.
Todas as terças-feiras os 18 advogados e dez estagiários da empresa se dividem em grupos de discussão, coordenados pelos sócios, para debater pontos espinhosos da legislação tributária. “É uma forma de manter a equipe atualizada sobre o tema, que é complexo, e em contato permanente com os sócios”, diz o advogado Henrique Philip Schneider, de 41 anos, um dos donos do escritório.
4. Programa de mentores
Programas de mentoria ajudam as empresas a desenvolver funcionários e a manter na empresa os mais talentosos. “Os profissionais mais experientes assumem o papel de mentores dos mais jovens, o que deve incluir a criação de metas e a cobrança de resultados”, afirma o consultor Dorival Donadão, sócio da DNConsult.
Cada funcionário que trabalha há mais tempo na empresa assume a tarefa de orientar um ou mais novatos, em reuniões semanais ou quinzenais, dentro ou fora da empresa. Os temas abordados em geral são procedimentos e regras do negócio, oportunidades de crescimento profssional e expectativas em relação ao desempenho do funcionário.
O portal VivaReal criou um programa de mentoria há um ano. Cada um dos 27 gerentes conta com um executivo mais velho à sua disposição para conversar sobre processos e dúvidas sobre a conduta profssional, entre outros temas.
“Temos um time jovem, sobretudo de 25 a 30 anos de idade, e nem todos os funcionários têm a mesma formação e experiência”, diz Requarth. “O programa de aconselhamento ajuda a alinhar as expectativas deles com a realidade do mercado.”
5. Treinamento com parceiros
Executivos, fornecedores e consultores que fazem negócio com pequenas e médias empresas em geral costumam se dispor a oferecer treinamentos rápidos, sobre temas específicos, de forma gratuita, para os funcionários do parceiro. “O altruísmo tem uma razão de ser”, diz Entschev, da consultoria De Bernt. “O objetivo é que todos cresçam juntos.”
Ele mesmo costuma fazer palestras sobre temas ligados a recursos humanos em pequenas e médias empresas que utilizam o serviço de recrutamento de mão de obra da De Bernt.
Segundo o consultor, fornecedores geralmente também têm interesse em mostrar aos funcionários dos clientes medidas que podem ser adotadas para ganhar escala e produtividade, fazendo o negócio crescer de forma mais acelerada. “Assim, o fornecedor vende mais.”
6. Visitas a empresas
Empresas que mantêm algum tipo de parceria também podem promover visitas às outras, para discutir temas como processos, questões ligadas à carreira e novos recursos de tecnologia disponíveis no mercado. O escritório de advocacia Souza, Schneider, Pugliese e Sztokfsz costuma organizar encontros mensais de pequenos grupos de funcionários com profissionais de outras empresas do setor.
Geralmente, boa parte do pessoal enviado para esses encontros é da equipe de recursos humanos do escritório. “É uma iniciativa fundamental para acompanharmos a evolução do mercado de trabalho no que diz respeito a assuntos como benefícios oferecidos, plano de carreira e estratégias de motivação”, afirma Cristiane Regina Carlos, gerente de RH da empresa.
7. Supervisão dos novatos
Designar um funcionário experiente para mostrar a quem acabou de chegar à empresa o modo correto de executar atividades importantes da função é outra forma eficiente de treinar gratuitamente os funcionários. No GetNinjas, site que conecta prestadores de serviços a clientes em potencial, os engenheiros e os programadores trabalham em duplas formadas por novatos e profissionais com mais tempo de casa.
O objetivo é que os mais novos aprendam rapidamente procedimentos de rotina e possam se desenvolver em pouco tempo. “Empresas que almejam crescer de forma acelerada, como é o nosso caso, utilizam essa estratégia para aprimorar o desempenho dos jovens que são constantemente contratados”, afrma o empreendedor Eduardo L’ Hotellier, de 28 anos, sócio do GetNinjas.
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