Toca o telefone.
Estou pronto para entrar em uma reunião importante, mas vejo aquele número desconhecido, de outra cidade, e decido atender:
- Bom dia, com quem eu falo?
É a primeira pergunta que já define a tragédia que está por chegar. Se a pessoas que ligou meu número não sabe com quem está falando, é porque essa ligação não precisava ser atendida.
- Você está falando comigo. Se você sabe meu número, deve saber a quem pertence esse celular. Ou me engano? – respondo, para provocar.
- Ah, sim – diz desconcertada a moça, lendo o Manual de Atendimento na tela do seu computador. Essa resposta fugiu à regra – Eu sou consultora de vendas da XXXX, falo com o senhor Eduardo?
- Sim e não – digo logo – SIm para o meu nome. Aliás, eu falei que você sabia com quem estava falando, não? Mas não entendi a sua profissão. Você é consultora? Que tipo de consultoria você faz?
Outra vez uma resposta que foge ao Manual.
- Senhor, eu trabalho na XXXX e estou telefonando para estar lhe oferecendo um plano de fidelidade que vai lhe custar apenas R$ ZZZZ por muito mais do que o senhor tem hoje.
Parem as máquinas, não entendi.
Flashback: A banda larga de minha casa está com problemas de instabilidade. Depois de chamar quatro vezes os técnicos, trocar o modem e gastar horas tentando reconfigurar tudo o que o operador solicitou, perdi a batalha contra meus filhos. Melhor trocar de operadora. Escolhemos uma concorrente que, para atrair um novo cliente, ofereceu um pacote com mais vantagens por um valor menor. Aceitei. Só que a tal portabilidade faz com que uma operadora comunique a outra sobre a troca. Aí entrei na lista dos “clientes que querem trocar de operadora”. E para estes é tática de guerrilha.
A oferta da operadora era exatamente a metade do que eu sempre paguei. E com maior velocidade.
Por que nunca me ofereceram isso antes, quando eu era um cliente fiel, que nunca atrasou um pagamento sequer?
A proposta tentadora tem uma pegadinha: um ano de fidelidade. Mas isso não resolve o problema-chave da história: a instabilidade do sinal.
- Não se preocupe, mandaremos os técnicos – garante a vended…, digo, consultora.
Opa, tem gato na tuba. Esses mesmos técnicos já vieram quatro vezes pelo mesmo problema – que continua. Não, não quero mais brigas com os filhos. Quero trocar.
A ligação ainda demorou um pouco, eu tentando desligar, a moça oferecendo mais e mais “vantagens”.
- Mas senhor, entanda que… – chega. Desligo.
Ufa, consegui me livrar dela! Chega! Não quero mais essa gente me incomodando.
Estou curtindo o silêncio do telefone e, de repente, TRIM, TRIM!!!! (do tempo em que o celular fazia trim-trim)
- Bom dia, com quem eu falo?
Não, não é possível. Tudo de novo?
Era outra operadora, digo, consultora. De outra empresa. Oferecendo ainda mais vantagens, basta eu aceitar ficar por dois anos. E ainda vou ganhar cinco aparelhos de celular – que não preciso, afinal o que faço com os que eu já tenho?
A secretária me chama, a reunião vai começar. Preciso desligar.
- Senhor, não desligue, não vou tomar seu tempo. Deixe eu lhe oferecer mais uma vant…. – pi, pi, pi. Cortei a ligação. E imediatamente desliguei o aparelho (santa vantagem dos celulares).
Não quero mais ouvir propostas. Está bom assim. Meu tempo é para mim, não para as vendedoras-consultoras.
Liberdade! Liberdade!
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Excelente!
Texto muito bem humorado tratando a realidade.
Gostaria de dizer que isso nunca aconteceu comigo e digo ainda mais, certa vez vi uma vaga para consultor de uma destas operadoras. Depois recebi a chamada para fazer a entrevista onde dizia: “Voce está sendo convocado para a entrevista de consultor ou seja, vendedor de frente de loja”.
Lamentável.