Por: Marcos de Moura e Souza

Depois de um período crescendo a uma taxa de 35% ao ano, a empresa de call center AeC, diminuiu o ritmo no ano passado. Ainda assim, viu seu faturamento aumentar num padrão que destoa totalmente do desempenho da economia brasileira. A empresa fechou o ano com R$ 757 milhões em faturamento, 20% a mais do que em 2013. O plano este ano é retomar os investimentos, contratar mais de 5 mil funcionários e fazer sua estreia no mercado de São Paulo, onde seus concorrentes já atuam há anos.

Cássio Azevedo, fundador e sócio da AeC, disse que o plano é investir R$ 160 milhões em 2015. Os recursos, como tem sido praxe na empresa desde sua fundação em 1992, virão em sua maior parte do caixa próprio, afirmou. Uma fatia será de financiamentos públicos.

O investimento será usado na expansão da unidade de Mossoró (RN), de Campina Grande (PB), na construção de uma terceira unidade em Montes Claros (MG), na unidade inaugurada neste início de ano em Arapiraca (AL) – que funciona ainda parcialmente – e na de São Paulo.

A empresa mantém unidades também em Governador Valadares (MG), Juazeiro do Norte (CE), João Pessoa (PB) e Belo Horizonte, onde o negócio começou. Ao todo, são 15 unidades, que empregam 30 mil pessoas. A expectativa é contratar mais 5.600 funcionários neste ano. Somente em Arapiraca serão 3 mil vagas a mais, informa a companhia.

A AeC resistiu até agora a operar em São Paulo. Seus sócios alegavam que para um call center de grande volume como o seu, a cidade tinha vários pontos desfavoráveis: custo do transporte e da alimentação são dois deles. A inauguração da primeira unidade paulistana – prevista para março, no bairro da Vila Mariana – não é o fim da estratégia da interiorização, diz Azevedo. Mas é uma forma que a empresa encontrou de não jogar mais negócios pela janela. “A gente já recusou muito contrato”, disse ele ao se referir a clientes que insistiam em ter uma unidade da AeC em São Paulo e se deparavam com a negativa dos mineiros.

A unidade paulistana terá mão de obra mais preparada. “No setor financeiro, vai ser talvez um economista ou alguém com outra formação que dará informações a clientes de alto nível”, disse. Azevedo afirmou que está em fase de assinatura de contrato com duas empresas que usarão os serviços.

“Poderemos abrir outras unidades em São Paulo. Se esse der certo, e acredito que vai dar, pode ser que a gente abra uma segunda unidade ainda este ano”, acrescentou.

A AeC atende hoje empresas de telefonia, TV por assinatura, energia elétrica, saneamento, educação e governos. Sua participação no setor financeiro ainda é pequena e é justamente onde a empresa espera avançar neste ano.

Mesmo com as projeções de mercado de que o PIB crescerá 0,40%, Azevedo fala da expectativa de fazer a empresa voltar a crescer ao ritmo de 35%, o mesmo que registrou por cinco anos seguidos até 2013. “Eu espero chegar ao fim de 2015 chegando a R$ 1 bilhão.”

Segundo ele, 2014 foi um ano de arrumação da casa. Não houve investimento, mas a empresa fez caixa, saldou boa parte de sua dívida – de cerca de R$ 80 milhões alongada em cinco anos — e melhorou operações internas.

“Olho concorrentes e alguns estão com resultado apertado, outros com caixa apertado. É uma oportunidade boa para a AeC crescer”, afirmou. O empresário disse que a empresa continua em voo solo, sem negociações de fusão ou aquisição à vista. “A gente já estudou várias coisas, mas por enquanto não teve nada que a gente achou que valesse a pena.”

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