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Recrutamento ideal seria mistura entre LinkedIn e Tinder

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
13 de janeiro de 2016 - 18:02

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Por: Lucy Kellaway

Somos um caso perdido quando o assunto é contratação. Lá no fundo, sabemos que isso é verdade, mas precisamos fingir que não é porque gastamos muito tempo e dinheiro fazendo isso – e é importante fazer da maneira certa. Mas o fato é que nunca sabemos se as pessoas que escolhemos serão boas. Às vezes elas se mostram fantásticas, às vezes terríveis, e na maioria das vezes ficam em algum lugar entre essas duas pontas.

Laszlo Bock, um dos executivos do Google, lembrou-nos na semana passada de como é estúpida a maneira como contratamos. Ele postou um texto no LinkedIn afirmando que o currículo é uma perda de tempo. O que as pessoas escrevem sobre si mesmas geralmente são coisas sem sentido e esterilizadas – e, mesmo quando verdadeiras, os empregadores não sabem o que fazer com elas.

E a inutilidade não se restringe apenas aos currículos. Ela também se aplica às entrevistas de emprego (conforme eu sempre escrevi) e às referências profissionais, que são as coisas mais sem propósito desse lote. Mas se o empregador faz sua seleção no escuro, o candidato também. Todas as descrições de emprego são escritas de maneira padronizada, não fornecendo nenhuma pista do que realmente significam.

É preciso haver uma maneira melhor de fazer isso e, segundo Laszlo Bock, há. Ela está nos dados. Se pudermos reunir dados detalhados em quantidade suficiente sobre a pessoa e o emprego, combinações perfeitas poderão ser feitas sempre. Várias companhias, incluindo o Google, estão trabalhando nisso e, portanto, um admirável futuro novo possivelmente nos espera, em que os currículos poderão ser jogados no lixo e todo o recrutamento passará a ser facílimo.

Enquanto isso não acontece, tenho uma alternativa mais simples, que não envolve recolher um monte de dados ruins sobre as pessoas. A ideia me veio na semana passada, quando eu conversava com uma jovem que conheço. Ou melhor, eu conversava com ela, mas ela não respondia, uma vez que estava no Tinder.

Caso algum leitor nunca tenha ouvido falar desse aplicativo, ele é a maneira preferida daqueles que são mais jovens e solteiros de conhecer possíveis parceiros. Ele é simples e viciante: você coloca sua fotografia, idade e nome, recebe fotografias de possíveis candidatos(as) e marca os que interessaram. Se esses também gostarem de você, então podem começar a enviar mensagens um para o outro. Vocês podem se encontrar. Vocês podem fazer sexo uma só vez, ou vez nenhuma – ou tudo pode acabar em casamento.

Aconteça o que acontecer, é uma coisa imediata. É divertido. E minhas amigas jovens me contam que os homens que elas acabam encontrando não são mais esquisitos que os homens que conheceram por canais mais tradicionais. Se funciona tão bem para um encontro sentimental, por que não na contratação de funcionários?

Certamente há um mercado para um aplicativo – vamos chamá-lo de TinderIn – rápido e eficiente de combinar uma pessoa a um emprego pretendido. Em vez de colocar um CV no LinkedIn, as pessoas colocariam uma fotografia (possivelmente diante de um computador, fazendo algo trabalhoso ou mesmo rindo estrondosamente) e uma descrição muito breve, de 140 caracteres ou menos. Poderia ser “colunista do Financial Times, diretor de empresa, palestrante”. Do mesmo modo, o empregador teria 140 caracteres para dizer algo sobre o cargo. Então, se os dois lados se “conectaram”, podem começar a trocar mensagens.

O fluxo de perguntas e respostas seria acelerado, simples e mais natural que uma entrevista, e se tudo corresse bem, o próximo passo poderia ser um encontro rápido no escritório. Assumindo que os dois lados gostaram do que viram, a pessoa poderia então ser contratada. Posteriomente, um contrato de trabalho permanente poderia ser assinado. Ou não. Se alguma das partes perdesse o interesse em algum momento, poderia voltar para o TinderIn, sem ressentimentos.

Por meio desse aplicativo, todas as formalidades chatas seriam eliminadas. Não haveria mais pedidos de emprego não solicitados. Nada de esperar por cartas de rejeição. E, o melhor, tudo seria feito de uma maneira honesta.

A maioria das contratações ainda é feita para um mundo antigo em que os empregos eram para a vida toda, ou pelo menos por um longo período. No TinderIn, a descrença dos funcionários seria explícita. Ninguém mais precisaria afirmar que sempre sonhou em entrar para a Procter & Gamble. As pessoas simplesmente iriam “pagar para ver”.

Outra vantagem do TinderIn é que a localização receberia a atenção que merece. O aplicativo iria favorecer os empregadores que estivessem nas proximidades, fator que a maioria dos profissionais imprudentemente ignora. Ninguém sabe se vai gostar de um emprego, mas trabalhar perto de casa sempre será uma grande vantagem.

Você poderia fazer uma ressalva de que as fotografias não seriam necessárias para o TinderIn, uma vez que a aparência é irrelevante para a maioria dos empregos. Não concordo. A escolha da imagem fornece uma (pequena) pista a seu respeito. É um bom lugar para começar como qualquer outro.

É possível que o TinderIn não funcionasse, mas não poderia ser pior que o sistema vigente. E ele teria a vantagem de fazer com que o ato de procurar um emprego ou alguém para contratar – duas das atividades mais chatas que existem – fosse algo bem divertido.

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1 Comentário
  1. Gostei do Tinderln, acho que vai trazer mais fluidez nas contratações, além de permitir acesso rápido de garantido nos dados do participante a vaga.

    DAMELUZ em 15 de janeiro de 2016 - 08:47

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