No ano passado, o número de casos inadimplentes foi superior ao de 2010 em quase todos os setores. Porém, a perspectiva para 2012 é relativamente otimista diante dos aspectos positivos que estão se configurando no cenário econômico nacional, como a tendência de queda dos juros e impostos (porém ainda superior às demais economias); a inflação sob controle; o aumento de 14% do salário mínimo e o registro de índices menores de desemprego -em novembro de 2011 registrou-se o menor índice dos últimos nove anos-, conforme o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Além disso, o Brasil é um dos centros de atração de investimentos do mundo, o que corrobora com a expectativa positiva para este ano. Os economistas da Serasa Experian, substanciando os aspectos mencionados acima, também apontam queda da inadimplência em 2012. Entretanto, apesar do cenário otimista, é prudente ficar atento ao menor sinal de desequilíbrio econômico.
No mercado varejista, a expectativa concentra-se no maior poder de compra das classes C e D, devido à sua ascensão aquisitiva e também ao aumento do salário mínimo. Entretanto, é prudente ter cautela, pois o perfil deste público é fazer uso do crédito a longo prazo, e o aumento de crédito está estatisticamente correlacionado com o aumento da inadimplência.
Em 2011, o indicador de casos inadimplentes de financiamento de veículos foi dobrado em relação ao observado no final de 2010. Como consequência, o segmento bancário apresenta-se bastante cauteloso ao realizar concessões de crédito, o que produzirá uma desaceleração do descumprimento contratual deste setor em 2012. A desaceleração do consignado, da maior expansão do cheque especial e do cartão de crédito, contribuiram para o aumento das taxas de spreads bancários (diferença entre os juros cobrados pelos bancos nos empréstimos e as taxas pagas pelos bancos aos investidores) em 2011. Caso este cenário se mantenha em 2012, o indicador de adimplência sofrerá impacto no setor bancário.
No setor de prestação de serviços, o índice de inadimplência durante o ano de 2011 apresentou maior taxa em relação às praticadas em 2010, embora em patamares inferiores. Para 2012, o investimento em tecnologia e modernização tende a crescer, auxiliando a redução da inadimplência (investimento em detecção de fraude, gerenciamento de informações (MIS), etc), além de estimular outros benefícios como os aumentos de receita e portfólio. Eventos mundiais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, os quais ocorrerão, respectivamente, em 2014 e 2016, também contribuirão ao incentivo de investimentos neste setor.
A crise externa pode oferecer riscos às metas do setor de cobrança, apesar da aposta dos economistas americanos em uma ligeira melhora na economia dos EUA para 2012; e da injeção do BCE (Banco Central Europeu), em 21 de dezembro de 2011, de quase meio trilhão de euros nos bancos europeus, com vencimento em 2014 e com juros de 1% ao ano. Contudo, o fortalecimento da economia brasileira quando aliado à estratégias de cobrança eficientes, poderá apontar à condições favoráveis para a redução dos índices de inadimplência para este ano.
Em geral, o setor de cobrança é prejudicado no primeiro trimestre do ano, devido ao fato de ser um período de pós-festas (Natal e Ano-Novo), das férias e do carnaval. Por esta razão, a cobrança deve atuar de forma enérgica nesta época, focando nas primeiras faixas de atraso até 30 dias, para reter ao máximo a rolagem destas dívidas. A utilização de modelos estatísticos (Collection Score e Self-Cure – Pagamento espontâneo), combinados com estratégias bem definidas para cada nicho específico, sempre apresenta bons resultados nesta primeira etapa do ano. À medida que a dívida apresenta faixas de atraso mais elevadas -geralmente acima de 90 dias-, o desconto progressivo é uma ótima opção para incentivar os consumidores a saldar suas dívidas.
No segmento varejista, a estratégia é atrair o consumidor à loja, utilizando promoções de desconto nas dívidas. É uma excelente oportunidade para estimular novas compras, mas este estímulo deve ser feito se a dívida for completamente quitada.
Uma outra opção, considerando os demais setores, é a compra de variáveis externas (bureau de mercado), tais como: informações de clientes com apenas uma dívida no mercado; pagamento de dívidas nos últimos três meses; pagamento de aposentados; renda presumida etc. Quando bem utilizadas, estas variáveis apresentam resultados positivos na redução da inadimplência.
Contudo, é muito prudente avaliar todo o ciclo de crédito, uma vez que o índice de inadimplência está seguradamente correlacionado com a política de concessão e com o gerenciamento do risco da carteira. Se a empresa investe em uma política de crédito bem ajustada e precavida, e administra mensalmente o risco do seu portfólio, provavelmente o índice de casos de inadimplência apresentará menores patamares.
Érica Missão
Fontes: Serasa Experian e Brasil 2012/13: Desaceleração da atividade e inflação acima da meta em cenário global incerto” – Credit Suisse
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Boa tarde,
Érika, parabéns pelo trabalho realizado. De alta qualidade.
E, passado alguns meses, gostaria de saber a vossa opinião e dos leitores a respeito das expectativas do inicio do ano e os números e resultados que estamos colhendo agora.
Muito Obrigado.
De fato, historicamente a recuperação de crédito desacelera no primeiro trimestre do ano, e existe uma tendência de rolagem de divida no inicio do ano. Além das tradicionais dividas de começo de ano (material escolar e IPVA por exemplo), historicamente a captação de poupança é negativa nos primeiros meses do ano (conforme o BACEN). Isso mostra um perfil de maior endividamento da sociedade nesse período, o que, no contexto geral, acaba contribuindo para o aumento da inadimplência. Gostei muito do artigo Erica. Parabéns pelo trabalho.
Boa noite Thiago!
Muito bem lembrado! IPVA e material escolar no início do ano, ambos colaboram com a inadimplência no primeiro trimestre. Obrigada por interagir com o artigo, é isso que esperamos dos leitores, discussão que gera conhecimento e agrega muito no nosso dia a dia. Conto com a sua colaboração sempre que puder! Grande abraço!
Érica Missão.
Muito bom, Erica! Faz tempo que a Recuperação de Crédito depende somente de práticas ‘caseiras’, calcando-se em estratégias e decisões baseadas em pura ‘experiência” e passou a depender cada vez mais das áreas de Inteligência e controle, tendo assim muito mais assertividade e gestão das ações.
Agora, num mundo em que as redes sociais estão determinando os passos da sociedade em todos os níveis (até no Atendimento a Clientes), será fundamental possuir profissionais que possam proporcionar tal condição as Financeiras, pois as oportunidades serão muitas e sairá ‘na frente’ quem tiver este diferencial.
Boa noite Alex! Bem vindo ao Blog e obrigada por interagir, o objetivo é realmente esse, debater os assuntos e trazer informações pertinentes à esse mercado (Televendas e Cobrança), o qual está em total evolução e necessita de novas idéias para ganhar mais espaço. Realmente a sua colocação em relação as redes sociais faz todo sentido, é onde também vejo as maiores oportunidades, um assunto que muito se fala, mas ainda é algo que necessita “tomar corpo”, para aproveitar todo o potencial que este canal oferece. Com certeza teremos novidades este ano. Um abraço!
Érica Missão.