Saiba o que, de fato, é permitido e quais os direitos dos noivos
Por: Patrícia Gattone
Pode ser que muitos casais ainda não saibam, mas a prática da chamada ‘venda casada’ é ilegal. Para quem ainda não se deparou com esse termo, é simples entender. Quando você vai em busca de um espaço para fazer a cerimônia ou festa de casamento é muito comum que os responsáveis por esses locais ofereçam sugestões de fornecedores. Até aí, tudo certo. O problema é quando essa opção se torna obrigatória e os pombinhos ficam numa verdadeira saia justa.
Foi o que aconteceu essa semana com duas noivas que estão prestes a se casar e entraram em contato com nossa redação para solicitar ajuda. Elas preferem não ser identificadas, mas nos informaram que no momento de anunciar à igreja Santa Teresinha, na zona norte de São Paulo, que o fotógrafo utilizado para cobrir a cerimônia religiosa seria uma pessoa que não constava na lista de parceiros da instituição, veio a surpresa. Cada casal teria de pagar uma taxa extra de 300 reais por fornecedor escolhido, caso estes não constassem no chamado guia dos noivos.
Ao entrarmos em contato com a secretaria da igreja, ouvimos da atendente, “Se os noivos trouxerem uma empresa que não é nossa parceira esses profissionais devem pagar 300 reais por utilizar nosso espaço”. Logo em seguida, ao nos identificarmos como jornalistas e informarmos a existência da ilegalidade, veio um novo posicionamento da igreja. De acordo com eles, a instituição não tinha conhecimento da lei até o momento. Afirmaram que essa taxa deixaria, então, de ser cobrada a partir de hoje.
Segundo a advogada Gislaine Barbosa de Toledo, do escritório Fernando Quércia Advogados Associados, o Código de Defesa do Consumidor é muito claro sobre isso. “O artigo 39, inciso I, diz que é proibido aos fornecedores de produtos e serviços condicionar o fornecimento dos mesmos, seja vincular a venda de bem ou serviço à compra de outros itens ou impor a quantidade mínima de produto a ser adquirido. As duas formas são consideradas práticas abusivas, pois interferem na vontade do consumidor, que fica enfraquecido em sua liberdade de opção”, explica.
Para observar a prática da ‘venda casada’ na cidade de São Paulo, entramos em contato com outras duas igrejas, sendo elas Nossa Senhora do Brasil e a Paróquia Santa Joana D’Arc, do Jardim França. A primeira é uma das mais disputadas na capital e só tem agenda para novos casamentos em 2015. Ao ligarmos na secretaria da Nossa Senhora informaram, num primeiro momento, que não era possível fazer um casamento lá se os noivos quiserem trazer outros fornecedores que não constam no guia dos noivos deles.
A reposta foi explicada depois pelo padre Michelino Roberto, da Nossa Senhora do Brasil. “O que a gente exige na verdade é que os profissionais de fora façam um cadastro com a igreja. Eles precisam nos enviar toda a documentação para checarmos se é uma empresa idônea. Depois, eles fazem um curso para entender a dinâmica da liturgia e da cerimônia. Isso porque alguns fornecedores querem inventar muita coisa e a cerimônia religiosa acaba perdendo o sentido. Para se cadastrar não há custo algum, muito menos para fazer as aulas”, justifica. Além disso, ele diz que os profissionais que não têm empresa aberta, não são aprovados para o guia dos noivos.
“Mas se a noiva quiser um fornecedor mesmo sem ele ser aprovado por nós, nesse caso, é ela quem se responsabiliza por qualquer dano que esses profissionais venham causar na nossa estrutura e, consequentemente, na cerimônia”, afirma. E para os interessados, o guia dos noivos da Nossa Senhora do Brasil abre as oportunidades para os fornecedores serem incluídos na lista todo ano. Segundo o pároco, esse período, normalmente acontece durante todo o segundo semestre de cada ano.
Já na Paróquia Santa Joana D’Arc, do Jardim França, a informação inicial era de que os noivos não teriam de pagar a taxa, mas sim o fornecedor. A justificativa foi a mesma dada pela Santa Teresinha, de que como esse profissional iria utilizar o espaço para realizar o seu trabalho, deveria pagar uma taxa por isso. No entanto, ao localizarmos o padre responsável pela arquidiocese de São Paulo responsável por essa instituição, ele alegou que é solicitada apenas uma contribuição para a paróquia e que ela não é obrigatória.
“Nós temos gastos para fazer um casamento, como a energia. E o valor disso não está incluso na taxa que é cobrada para fazer a cerimônia. Então, o padre de cada unidade conversa com esses fornecedores e é sugerido que eles, se quiserem, podem nos dar uma ajudar pagando um valor simbólico por fazer o serviço em nossa estrutura. Mas quanto a essa taxa extra obrigatória, eu desconheço um padre nosso que faça isso”, diz o cônego Laerte Vieira da Cunha, da Santa Joana D’Arc.
Para Fátima Lemos, assessora técnica do Procon de São Paulo, tanto a igreja quanto qualquer outro espaço que faça casamento, pode oferecer um pacote de serviços que inclua decoração, músicos etc , mas em hipótese alguma pode impor essa contratação dos fornecedores. “Isso é uma imposição e cerceia o direito de escolha dos noivos. Quem estiver contratando, tem o direito de verificar o que é mais vantajoso. Caso contrário é prática abusiva. Os gastos da igreja ou da empresa devem estar embutidos no valor da taxa para a realização da cerimônia religiosa, não dessa forma”, orienta.
Além disso, ela explica que, embora haja esse direito dos noivos levarem os fornecedores que desejam para fazer a cerimônia, é importante que esses profissionais respeitem o ritual e as regras do espaço. E se em algum momento houver imposição, os noivos podem tentar, primeiro, conversar para evitar problemas. “Mas se não houver acordo, é possível fazer uma reclamação no Procon e ter essa exigência por escrito. E se houver algum dano ou prejuízo durante a cerimônia, os noivos podem pedir indenização por danos morais depois”, conclui. .
Para auxiliar os pombinhos que estão prestes a casar, é possível conferir na íntegra o Manual dos Noivos, elaborado pelo Procon.
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Olá.
Foi muito bom ler esse artigo, irei me casar no próximo ano, e o Santuário que fechei a data está me cobrando 1/3 do salario minimo vigente para cada fornecedor que eu contratar que não estiver na lista deles.
Olha aí que malandragem!
Olá, acabei de ler este artigo, e realmente passei por isto quando pesquisava as igrejas para casar, tinha um sonho de casar na Igreja São José do Ipiranga – SP, porém a taxa cobrada por cada fornecedor que não fosse cadastrado com a Igreja é de um Salário Minimo, lembrando que a cada ano há um reajuste neste “valor simbólico” no qual a Igreja informa. A maioria das Igrejas que cobram esta taxa informam que ela serve exatamente para manter a igreja em perfeito estado, com conforto para os convidados e quem á frequenta, porém um salario minimo por cada fornecedor diferente é um abuso, vamos lá se de repente eu contrato um Fotografo, Coral e Decoração que não seja cadastrada com a Igreja lá se vai R$ 2.184,00 fora a taxa que você tem que pagar só pelo fato de querer realizar o casamento lá, e também o cheque calção que precisa deixar caso infrinja as regras estipuladas pela igreja de atraso da noiva, jogar petalas ou arroz e etc etc… Casar hoje realmente se tornou um dos maiores comércios, é fornecedor que surge do espaço te oferecendo serviços sonhadores e promessas tentadoras, porém é preciso pesquisar pois o mercado é grande! Porém acredito que as igrejas hoje deveriam lembrar que a “contribuição” deve ser simbólica e não estipulada. A Igreja que escolhi hoje também tem esta taxa porém o valor de R$ 300,00 de cada. Mas já coube dentro do meu orçamento, porém se não há tivesse seria melhor pois estaria investindo este valor em outra coisa.