Por: Tainara Machado
O aumento da confiança dos consumidores e dos empresários do comércio nos últimos meses parece indicar que as vendas no varejo estão perto de se estabilizar, depois das quedas observadas a partir de 2015, avaliam economistas. Embora a alta do desemprego e a redução do crédito ainda sejam entraves à uma recuperação mais forte, as vendas devem ter subido pelo segundo mês consecutivo em maio. A média das projeções de 20 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data para maio é de aumento de 0,4% do volume de vendas no varejo restrito, que não inclui automóveis e material de construção, feitos os ajustes sazonais. Em abril, a alta foi de 0,5%, também em relação ao mês anterior.
As projeções para a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), a ser divulgada hoje pelo IBGE, vão de queda de 0,2% até alta de 0,8%. Já o varejo ampliado – que considera, além dos oito segmentos analisados no restrito, os de veículos e materiais de construção – deve ter desempenho melhor. A média das projeções de 16 analistas é de alta de 1,1% no mês.
Para João Morais, economista da Tendências Consultoria, a melhora do varejo ainda está bastante apoiada nas vendas dos supermercados, que tiveram dois meses seguidos de alta, de 1,7% em abril e 0,2% em maio, de acordo com dados da Associação Paulista de Supermercados (Apas) deflacionados e dessazonalizados pela consultoria.
Morais, que projeta avanço de 0,2% do varejo em maio, afirma que o comércio parece estar próximo a um período de inflexão, mas a avaliação ainda exige bastante cautela. Em abril, por exemplo, dos dez setores pesquisados pelo IBGE, apenas três tiveram aumento da venda.
Para o mês seguinte, o economista espera que a melhora esteja mais espalhada, até por causa do aumento da confiança, mas pondera que esse movimento será bastante gradual, sujeito a altos e baixos. “O fundo do poço parece próximo, mas não dá para afirmar que o pior já passou, a confiança é muito sensível a eventos políticos e qualquer surpresa pode interromper a atual tendência”.
Para Leopoldo Gutierre, economista da 4E Consultoria, por enquanto a reação do varejo está concentrada principalmente no segmento de bens não-duráveis, o que pode estar relacionado com a alta da confiança nos últimos meses. “A evolução positiva das expectativas tem efeito direto sobre esses ramos, como supermercados”, diz o economista.
Em maio, a Sondagem do Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) teve alta de 3,5%. O índice continuou a mostrar tendência de avanço ao longo do mês passado, com crescimento de 3,4%, sempre com ajuste.
Gutierre também pondera, contudo, que a melhora da confiança não tem efeitos iguais em todos os setores. O segmento de duráveis, que também depende de crédito, por exemplo, ainda mostra desempenho fraco. De acordo com dados do índice de atividade da Serasa, que caiu 0,5% em maio, as vendas de móveis e eletrodomésticos recuaram 1,6% na passagem mensal.
Para Gutierre, o mercado de trabalho ainda em deterioração e a situação financeira complicada das famílias brasileiras devem impedir uma retomada mais intensa das vendas no varejo, especialmente no segmento de bens duráveis. “O varejo deve andar meio de lado até o fim do ano, com alguma melhora por causa da confiança, mas nada profundo”, diz.
A recuperação do setor de bens duráveis, que inclui também automóveis, só deve acontecer em 2017, afirma ele. Para maio, ele estima alta de 0,1% do varejo ampliado. A média das estimativas, porém, é mais positiva, com alta de 1,1%, segundo as projeções de 16 economistas. Para Morais, da Tendências, o varejo ampliado teve alta de 0,8% das vendas, ajudado pelo aumento de 0,7% do comércio de veículos leves, segundo a Fenabrave.
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