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Comprar serviços pelo celular é novo foco de investidores

por: Afonso Bazolli
em: Vendas
fonte: Valor Econômico
13 de janeiro de 2015 - 18:03

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Por: Gustavo Brigatto

Depois de uma certa ressaca por conta dos baixos retornos com os aportes feitos em empresas de comércio eletrônico nos últimos quatro anos, investidores em empresas iniciantes parecem já ter escolhido um novo segmento para aplicar recursos: serviços on-line contratados a partir de um smartphone.

Chamar um táxi, agendar um serviço de limpeza, pedir comida ou um motoboy estão entre as opções já disponíveis no país. Mas, segundo executivos, ainda há muito a explorar. “Tudo que já existe, mas cujo modelo de serviços é ruim, dá para fazer”, disse Anderson Thees, do fundo de investimento Redpoint e.ventures. Como exemplo, ele cita serviços de reforma e consertos e agendamento de babás.

Conhecido como “on-line to off-line” (O2O ou on-line para o mundo físico), esse segmento começa a chamar atenção no Brasil por conta do aumento no uso de smartphones e acesso à internet móvel. Em outubro, o número de linhas funcionando sob as tecnologias 3G e 4G – que permitem acesso rápido à internet – passaram os de 2G, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

As duas tecnologias, 3G e 4G, somaram 47,65% dos 279,35 milhões de acessos registrados no mês – a 2G ficou com 46,63%. Para efeito de comparação, em janeiro, 2G era a tecnologia mais usada no país com folga, com 57% do mercado.

O que atrai os investidores para companhias com esse perfil são duas palavras que soam como música aos ouvidos dos investidores: escala e recorrência. Ter um negócio “escalável” significa que as operações podem crescer em um ritmo acelerado sem que os custos e a necessidade de investimento avancem na mesmo proporção. Já a recorrência é a capacidade de ter clientes que usam o serviço com frequência, gerando uma certa previsibilidade de receitas na medida em que o negócio evolui.

Mas, nem tudo são flores. Como é razoavelmente fácil criar um aplicativo e lançar uma nova empresa, a competição costuma ser feroz nos primeiros momentos, o que pode levar a custos extras com promoções e marketing. Foi assim com os aplicativos de agendamento de médicos, que fizeram sucesso no ano passado e também com os de táxi. “A barreira de entrada costuma ser baixa, mas desenvolver um segmento não é uma tarefa fácil”, diz Tallis Gomes, cofundador do Easy Taxi, o aplicativo de táxi que, em três anos chegou a 33 países e levantou US$ 77 milhões em cinco rodadas de investimento.

Há cerca de um mês, Gomes deixou o cargo de presidente da companhia para fundar uma empresa de investimento em empresas iniciantes. Entre as áreas de interesse estão a internet das coisas (a conexão de diferentes dispositivos à internet) e os serviços on-line. De acordo com ele, quando o negócio for lançado oficialmente em janeiro, serão quatro companhias operando no modelo O2O (do on-line para o mundo físico). Ele prevê um marketplace (supermercado virtual) de serviços, um negócio já existente (empresa que ele prefere manter em segredo, por enquanto) e três criados do zero (que já estão sendo desenhados, mas ainda não prontos para ir ao mercado).

Em sua avaliação, o crescimento dessa oferta de serviços pode ajudar o Brasil no processo de formalização de empresas. Como a maior parte dos serviços é paga por meio de cartão de crédito, os prestadores terão que ter suas atividades registradas para poder receber. “Estivemos com o BNDES há algumas semanas e eles adoraram isso”, disse Gomes.

Para Frederico Lacerda, cofundador da 21212, companhia que ajuda empresas iniciantes a crescer mais rápido e captar recursos, as incertezas com relação aos rumos da economia e o crescimento mais fraco do país não devem ser empecilhos para novos investimentos. “O mercado digital é menos impactado pelo cenário geral. O crescimento no número de usuários de banda larga e de brasileiros comprando na internet são fatores de expansão”, disse. Um outro investidor, que não quis ter seu nome revelado, corrobora a tese de que não deve haver restrições aos investimentos em empresas iniciantes em 2015. “Os aportes feitos em anos de crise costumam ser os que garantem melhor rentabilidade no futuro porque acontecem com valores de mercado mais baixos”, afirmou.

Os investimentos mais pesados na área de serviços móveis começaram a ser feitos neste ano pela Movile. A empresa de internet controlada pela sul-africana Naspers pretende gastar R$ 100 milhões até o fim do ano na compra de empresas com esse perfil e tem planos de levantar mais recursos ao longo de 2015 para continuar crescendo nessa área. “Nos próximos cinco anos, 30 categorias de serviços O2O serão muito fortes, contra apenas duas hoje [chamar táxis e pedir comida]. Queremos sair na frente nisso na América Latina”, disse Fabrício Bloisi, cofundador da companhia, em recente entrevista ao Valor.

A chinesa Baidu, que comprou o brasileiro Peixe Urbano em outubro, também está de olho no potencial do segmento. “É um mercado que movimenta US$ 1 trilhão na China e tem potencial para crescer muito no Brasil”, disse Yan Di, diretor geral da Baidu no país na época do anúncio do negócio.

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