Confira como os recrutadores podem encarar os deslizes no currículo na hora de elaborar um perfil dos candidatos a oportunidades profissionais
Por: Camila Pati
O primeiro contato do recrutador com um candidato para uma oportunidade profissional geralmente é feito a partir do currículo. O documento é o “passaporte” necessário para chegar à entrevista de emprego, e por isso deve receber atenção especial.
Deslizes na etapa de elaboração podem ser fatais. “Em processos seletivos muito concorridos, os recrutadores têm pouco tempo para ler os currículos. Se ele bate o olho e vê erros, nem vai dar chances de uma entrevista ao candidato”, diz Renato Grinberg, autor do livro “Instinto do Sucesso” (Editora Gente) e CEO da empresa Currículo Autêntico, especializada em auditoria de currículos.
Ele se refere aos erros que podem ser percebidos logo de cara, como ortografia incorreta, layout ou objetivo profissional inadequados. Mas há também os deslizes no conteúdo das informações. Inconsistências dessa ordem aparecem na entrevista ou durante a etapa de checagem das informações.
Isso acontece porque a partir das informações do currículo e da entrevista, o recrutador constrói um perfil do candidato. E os erros, tanto na forma quanto no conteúdo das informações, podem dizer mais sobre o profissional do que muitas vezes ele mesmo imagina. Confira como podem ser encarados 7 deslizes pelos recrutadores, de acordo com especialistas.
1 – Erros de português
Escorregar na ortografia, ou na concordância e/ou coesão são equívocos mais cruéis para os candidatos. Isso porque ou o recrutador vai concluir que o profissional não tem bom domínio da língua ou vai desconfiar com comprometimento dele com a oportunidade e com a carreira, de acordo com Grinberg.
“Tem duas maneiras de encarar, ou o candidato não sabe escrever ou não se interessa pela carreira a ponto de pedir para alguém revisar o texto”, diz o especialista.
O consultor e coach Homero Reis, que também é psicanalista, concorda. “Revela descompromisso e baixo padrão de qualidade, e isso se reflete no trabalho”, diz.
2 – Layout confuso
Uma das premissas de um bom currículo é que ele seja de fácil leitura. Se a maneira de apresentar as informações é confusa, o recrutador pode concluir que faltam habilidades de comunicação, como clareza e objetividade. “O recrutador pode entender que se trata de profissional confuso também”, diz Grinberg.
Portanto, é preciso ter muito cuidado na hora de inovar no formato do currículo. Diagramações estranhas podem dificultar o acesso ao mais importante: as informações a respeito da sua trajetória profissional.
3 – Objetivo profissional deslocado
“Quando não há aderência entre o objetivo e o cargo, o candidato demonstra que não tem interesse naquela vaga”, explica Grinberg.
Ou seja, o recrutador vai concluir que se trata de uma pessoa que se candidata para diferentes tipos de oportunidades , o chamado “paraquedista”. E sem o perfil esperado para a posição, as chances de ser chamado para a entrevista são mínimas.
4 – Nível de fluência no idioma
Errar na hora de classificar o nível de domínio de um idioma pode ser encarado de diferentes maneiras, de acordo com os especialistas. Para Reis pode demonstrar falta de atenção a respeito de suas competências e habilidades. “Pode significar que a pessoa não é cuidadosa no seu autoconhecimento. As pessoas não podem colocar o que acham, precisam ter uma referência”, diz ele.
“Há graus de problemas, se é uma pessoa que tem nível intermediário e coloca avançado, é uma coisa, mas uma pessoa que diz ser fluente, mas mal sabe se comunicar já é má-fé”, diz Grinberg.
5 – Descrever atribuições dos cargos em vez de citar resultados atingidos
Uma pessoa que incorra no clássico erro de descrever sua trajetória profissional a partir das atribuições dos cargos que ocupou não demonstra foco em resultados. “É um erro tão comum que quem o comete fica na média, destaca-se quem não cai neste deslize”, explica Grinberg.
Assim, para se diferenciar da grande maioria dos profissionais, a dica é detalhar as entregas e resultados atingidos no currículo em vez de limitar-se à descrição das atribuições dos cargos.
6 – Supervalorizar aspectos da trajetória
Se no currículo a participação em um projeto se transforma em liderança, é preciso saber explicar ao recrutador porque você optou por relatar a experiência dessa forma.
“É preciso dar detalhes que comprovem a ação de liderança, mesmo que ela tenha sido informal”, diz Grinberg.
Segundo ele existe uma diferença tênue entre supervalorizar uma ação e saber se posicionar bem. Se você não souber comprovar que foi líder do projeto, vai passar por mentiroso.
Para Homero Reis, aumentar deliberadamente a importância de atuações profissionais manifesta uma visão de mundo e de si mesmo equivocada. “Supervalorização revela prepotência e autossuficiência”, diz ele. Na opinião dele, quem faz isso mostra que considera a sua atuação profissional mais relevante que a dos outros e não dá importância ao trabalho em equipe. “É como dizer: eu sou o competente da história, os outros não”, diz.
7 – Mentir
Faltar com verdade é, sem dúvida, a maneira mais fácil de se queimar com o recrutador e nunca mais ser chamado por ele para um processo seletivo . Para os dois especialistas, não há escapatória: quem faz isso vai ser encarado como alguém com desvio de caráter.
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