Por: Juliana Doretto
Se a crise parece bater à porta e dificultar as contratações, é preciso recorrer a todas as boas ferramentas para se “vender” no mercado de trabalho. A carta de apresentação bem escrita pode ser um desses instrumentos. Ela tem de ser uma “isca” para que seu currículo seja “pescado”.
“A carta serve principalmente para o currículo enviado para uma determinada pessoa, por e-mail ou por correio, à qual você chegou por seu ‘networking’ [rede de contatos]. Isso também vale quando você não sabe o nome da pessoa, mas manda para o departamento de recrutamento”, explica Celina Beatriz Gazeti, especialista em gestão de pessoas da Vox Solutions.
Se o texto tem de despertar o interesse do leitor para o seu currículo, ele não pode trazer tudo o que há no seu resumo profissional, mas, sim, destacar o que há nele de mais “apetitoso” para aquela empresa. “A carta envolve uma redação bastante objetiva e muito clara. Tem que dizer o que busca e quais são seus diferenciais para o que está buscando”, diz Telma Guido, consultora de transição de carreira da Right Management.
“O importante é se colocar no lugar do leitor, que, no caso, é o profissional de RH. O que o faria se interessar por você? E, como ele recebe inúmeros currículos por dia, isso será feito isso numa análise de 30 segundos. Ele precisa bater o olho e entender quem é você”, completa.
Personalize
Por isso, não pense em seguir modelos — muito menos fazer uma única carta para todas as empresas em que tiver interesse. Carta bem feita é aquela escrita especificamente para a vaga que você disputa, ainda que certos trechos possam se repetir em várias cartas. De todo modo, tente fazer um texto sucinto, com cerca de três parágrafos curtos.
No texto, não escreva sobre aspectos negativos — por exemplo: “nunca trabalhei em banco, mas quero começar” — nem use adjetivos ou faça julgamentos de valor sobre si mesmo — como “dinamismo, bom humor, bom nível cultural”, porque isso quem vai avaliar é o recrutador, e não você. Expressões como “estou em transição de carreira”, “estou em busca de novos desafios” não são erradas, mas são muito comuns.
Não se esqueça também de despedir-se — utilize, por exemplo, o conhecido “Atenciosamente” — e de escrever seu nome e formas de entrar em contato com você, como celular e e-mail. Se tiver o nome da pessoa que vai ler sua carta, escreva-o, mas com tratamento formal, como “Prezado senhor…” (Nesse ponto, vale ligar para a empresa e descobrir, mas sem insistência, o nome e o contato de quem vai analisar o seu currículo.)
Por fim, um detalhe que pode agradar ao selecionador: “Não diga ‘gostaria de agendar entrevista’ ou ‘aguardo contato com o horário de sua conveniência’. E se eu não tenho a vaga que ele quer? É o RH quem decide se e quando haverá entrevista”, explica Celina Beatriz Gazeti.
Destinatários
Se você for enviar seu currículo a uma agência de empregos ou a um headhunter (“caçador” de profissionais talentosos), destaque sua área de atuação, as empresas importantes pelas quais passou e um ponto importante da sua formação, além do tipo de trabalho que procura, explica Telma Guido.
Se o currículo for direto para uma empresa, fale sobre uma experiência que teve naquele segmento ou com o tipo de produto com o qual a organização trabalha. E, se você mandar seu currículo por indicação de alguém, deixe claro quem o recomendou.
Se usar siglas de sua área numa carta endereçada a um profissional de recursos humanos, explique brevemente do que se trata. E não inove na apresentação gráfica: os RHs gostam de fontes tradicionais, como Arial, sem muito negrito ou sublinhado. Cartas feitas de próprio punho — com boa caligrafia — continuam sendo aceitas, apesar de não serem mais tão comuns. E só leve a carta pessoalmente até a empresa se isso lhe for pedido.
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