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18 de janeiro de 2017 - 18:10

Por-vendedores-nao-cumprem-regras-parcela-de-culpa-lider-televendas-cobranca

Por: Marcelo Caetano

Na semana passada falei sobre os limites da tolerância. Até que ponto você, líder, deve aceitar desculpas, indisciplina, descumprimento de prazos, etc.?

Mas hoje quero conversar com sobre sua a sua parcela de culpa nessa história. Por que você tolerara que sua equipe não cumpra regras? Vamos analisar alguns pontos que fazem com que essa situação aconteça e se torne comum nas empresas. Ao final, farei alguns questionamentos sobre você.

1 – O próprio líder não cumpre regras. Esse é um problema sério. Por trás de uma equipe que não cumpre regras quase sempre tem um líder com o mesmo perfil. Aquele líder que combina uma reunião por semana com a equipe, mas nem sempre cumpre, ou que só faz a reunião quando ele está na empresa.

2 – Líder ruim de feedback. Outro perfil de líder é aquele que pede para que a equipe apresente uma ação e não cobra se ela foi adotada ou não. Que pede para que algo seja feito e se esquece de avaliar se foi bem feito ou, ao menos, realizado. Nesses casos, não cumprir o que foi solicitado passa a ser normal.

3 – Líder refém da equipe. Alguns líderes tornam-se reféns da equipe. Eles têm na ponta da língua o discurso de que se procurarem no mercado, vão achar pessoas iguais às da equipe – ou piores. Dessa forma, ficam com quem não cumpre regras e, muitas vezes, fingem que não veem. Isso rapidamente se torna uma epidemia, pois o desvio de comportamento passa a ser comum em um curto espaço de tempo.

Esse gestor investe seu tempo gerindo concessões para a equipe, pois os profissionais passam a testar seus limites a cada passo. Querem mais descontos, mais benefícios, premiações maiores, enfim, fazem de tudo para tirar proveito do líder vulnerável.

Vejo muitos líderes nessa situação quando o RH da empresa é deficitário e o líder é responsável pelo processo de contratação. Como ele é quem contrata e quem demite, acaba por adiar substituições necessárias – afinal, encontrar outro vendedor bom “dá muito trabalho”.

4 – Tudo pelo resultado. Para atingir o resultado, vale tudo, até estimular pessoas com mau comportamento dentro da equipe. Esse caso é muito sério e um comportamento muito comum até em líderes de alto desempenho. Eles toleram pessoas que não cumprem regras, mas atingem metas, e pensam que isso ficará circunscrito apenas àquele vendedor. Isso é um engano, comportamentos são repetidos pelas equipes, principalmente se os que não cumprem regras forem valorizados pelos resultados obtidos. Eles são referência do grupo e isso é um grande perigo.

Uma história que exemplifica quando o líder tem culpa

Veja este caso. Tínhamos uma pessoa de alto desempenho em um cliente de consultoria que não cumpria regras, era antiético e aliciava a equipe para seguir o mesmo caminho. Daqueles que derrubam o gerente se preciso for.

Em alguns episódios, o gerente vinha para falar com nossa equipe de consultores claramente agoniado pelos constantes desvios do subordinado. Algumas vezes, sugeri para o diretor que o funcionário fosse demitido, pelo bem do grupo e do gerente. Não tolero falta de ética.

Já tinha desistido dessa situação quando ele fez algo realmente complicado: entrou no sistema e alterou dados importantes. Foi sumariamente demitido – pelo diretor, pelo gerente e até pelo presidente.

Cinco ou seis meses depois, em uma conversa com o diretor, depois de um problema no departamento no qual essa pessoa trabalhava, ele me disse:

— Sabe que quando isso acontece, me arrependo de ter demitido o fulano.

Esse é um dos melhores diretores com os quais já trabalhei e, mesmo assim, veja que ao primeiro obstáculo após a saída do funcionário sem ética, ele diz que tê-lo mantido seria uma boa alternativa.

Não acreditei no que estava ouvindo, mas fiquei quieto. O ambiente havia melhorado, os resultados não pioraram com sua saída, o grupo passou a ter um comportamento virtuoso, mas a lembrança era apenas do bom desempenho. Dessa forma, repito que esse modelo é o mais comum, no qual o líder tolera e, de forma indireta, incentiva esse comportamento.

8 reflexões fundamentais para o líder

1-Você cumpre o que promete para sua equipe? Incluindo frequência nas reuniões e assiduidade nos horários?

2-Quando você solicita que alguém da sua equipe cumpra uma tarefa ou atividade, você cobra a execução? Você usa a tecnologia para auxiliar nessa gestão ou confia na sua cabeça?

3-Você tem sua tolerância claramente definida com sua equipe – por exemplo: eu dou três advertências para uma pessoa, se ela não se adequar, está fora.

4-Você tolera pessoas com desvio de conduta na sua equipe só porque atingem resultados?

5-Você é responsável por contratar pessoas para sua equipe ou tem suporte de um RH interno ou uma boa empresa de recrutamento?

6-De zero a dez, o quanto você considera sua equipe cumpridora de processos?

7-Qual seria a nota ideal para o cumprimento de processos?

8 – Que passos precisa dar para atingir esse objetivo?

Se você tolera indisciplinas e desvios de conduta, não vai gerenciar uma equipe ou uma empresa, você vai gerenciar exceções, e isso vai consumir seu tempo. Você não será estratégico, não conseguirá ter rotina e, provavelmente, com o tempo, também se tornará indisciplinado.

Gerenciar é olhar de perto!

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