Apesar de as concessionárias terem perdido mercado nos últimos anos, serviço segue crescendo no país, impulsionado principalmente por Embratel e GVT
Por: Rodrigo Carro
Usado como símbolo do êxito da privatização do setor brasileiro de telecomunicações, o telefone fixo ganhou a pecha de ultrapassado a partir da popularização dos celulares no país, ainda na década passada. Mas, apesar da crescente penetração da telefonia móvel, o total de linhas fixas continua a crescer: o Brasil fechou 2013 com 44,8 milhões de acessos em funcionamento, volume 1% superior ao registrado no ano anterior, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da consultoria Teleco. A principal razão para esta expansão está no bom desempenho das chamadas empresas autorizadas, grupo que inclui Embratel e GVT.
Entre 2009 e 2013, a participação das autorizadas passou de 19,6% para 35% do mercado brasileiro de telefonia fixa, conforme atestam os números compilados pela Teleco. No mesmo período, as concessionárias — companhias originárias da privatização do sistema Telebras, mais CTBC e Sercomtel — viram seu market share total encolher 15 pontos percentuais. “O crescimento nos últimos anos esteve muito sustentado no empacotamento de serviços”, explica Renato Pasquini, gerente da área de Telecomunicações, da consultoria internacional Frost & Sullivan, referindo-se à venda de pacotes double play (fixo e banda larga) e triple play (fixo, banda larga e TV paga).
“No mercado residencial, GVT e NET (Embratel) foram as que mais cresceram. Mas, no segmento corporativo, todas avançaram”. O incremento se justifica, segundo Pasquini, pela contratação de linhas e ramais por pequenas e médias empresas. Nesses casos específicos, os telefones ainda são úteis para a obtenção de empréstimos bancários e para efeitos de cadastro.
Embora sua participação no mercado fixo tenha caído de 27,1% para 23% nos últimos quatro anos, a concessionária Telefônica Vivo conseguiu estancar a fuga de clientes deste serviço. Fechou o ano passado com 10,75 milhões de acessos de voz fixa, um crescimento de 1% em relação a 2012. Em termos percentuais, foi o mercado corporativo que impulsionou o resultado da Telefônica Vivo, com 3,7% de expansão da base de clientes no período, conforme atestam os resultados do quarto trimestre de 2013.
“A telefonia fixa ficou muito comoditizada”, resume Pasquini, da Frost & Sullivan. “A TV paga ainda não deslanchou entre as operadoras. E a tecnologia ADSL [que permite a transmissão de dados em alta velocidade pela linha telefônica] ficou defasada. Com isso, as autorizadas acabaram roubando mercado das concessionárias”.
Outra concessionária, a Oi, começa a ver resultados dos seus esforços para aumentar a penetração das ofertas de bundle (pacotes de serviços) em sua base. Nos últimos três meses do ano passado, o total de linhas fixas na base da companhia decresceu 2,8%, frente a igual período de 2012. Mas o percentual de residências com mais de um produto da Oi alcançou 58% no fim de 2013 — um aumento de 4,7 pontos percentuais no ano. O objetivo é fidelizar a base de clientes.
Desde o ano 2000 no mercado brasileiro de telefonia fixa, a GVT somava quatro milhões de linhas em serviço, espalhadas por 152 cidades, ao fim do ano passado. A empresa terminou 2013 com 9% do mercado nacional de telefonia fixa, dois pontos percentuais a mais que em 2012. “Comparada à participação de mercado em 2007, de 2%, o crescimento foi de quase cinco vezes em seis anos”, informou a GVT por meio de comunicado.
A Embratel também experimentou uma evolução acelerada da sua base de assinantes. De 2009 a 2013, a companhia passou de um market share de 14,6% para um patamar de 23,7%. Por meio de uma nota, a operadora atribuiu a ampliação da sua base de clientes em telefonia fixa aos investimentos em qualidade. “Em 2013, implementamos um trabalho estratégico com foco no relacionamento e na satisfação dos clientes”, disse a companhia.
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