Empresas startups estão trazendo inovações para o setor financeiro
Responsável por movimentar trilhões de reais anualmente, o setor financeiro também enfrenta a revolução digital que popularizou modelos disruptivos de negócios como Airbnb, WhatsApp e Netflix. Esses modelos criam dilemas para os órgãos reguladores, atraem rapidamente milhões de consumidores, e, na mesma velocidade, despertam a ira das empresas tradicionais de seus respectivos mercados _ como se vê, no caso do Uber, o aplicativo norte-americano com motoristas autônomos que vêm sendo atacados nas ruas pelos concorrentes taxistas em diversos países.
No mundo das finanças, novas empresas, também conhecidas como fintechs, começam a chamar atenção. Com estruturas enxutas e forte apoio de novas tecnologias, essas companhias reduzem custos operacionais. E conseguem oferecer produtos e serviços financeiros personalizados, com taxas e preços mais acessíveis. O leque de atuação é amplo e vai desde pagamentos e empréstimos até vertentes como gestão de investimentos. “Todas querem comer o nosso almoço”, afirmou Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, em documento enviado a acionistas em abril de 2014 e que se tornou público.
Mas na contramão das reações agressivas de outros setores de serviços, boa parte dos bancos e instituições financeiras escolheu o diálogo para lidar com esse fenômeno. O saldo desse movimento é positivo. Muitas dessas startups precisam, legalmente, estar vinculadas a uma instituição financeira para prestarem seus serviços e, ao mesmo tempo, as fintechs associam-se a empresas com reputação no mercado, além de uma base expressiva de clientes.
No lado dos bancos, os ganhos incluem fatores como o acesso mais rápido às inovações que se dirigem aos novos perfis dos consumidores. “As fintechs são mais velozes e livres para inovar, pois não têm tantas amarras regulatórias e questionamentos de acionistas”, afirma Alexandre Lara, sócio da Clay Innovation, consultoria de inovação com foco em serviços financeiros.
O próprio JP Morgan é um exemplo dessa corrente. Entre outras iniciativas, o banco, ao lado de nomes como Credit Suisse, é um dos investidores da americana Prosper, plataforma online de empréstimos, que já recebeu US$ 354 milhões em 11 rodadas de investimento. O espanhol BBVA, por sua vez, lançou um fundo de venture capital de US$ 100 milhões, em 2013, que tem foco em startups financeiras. Desde então, fez oito investimentos em sete fintechs. Com o mesmo propósito e volume financeiro, o conterrâneo Santander criou o Santander InnoVentures, em julho de 2014.
As iniciativas não estão restritas aos investimentos em participação. O americano Citigroup vem promovendo uma série de eventos com fintechs e criou, em outubro, a Citi FinTech, unidade de inovação e colaboração com essas novatas. “Muitos bancos estão fazendo a lição de casa, inclusive no Brasil”, diz Lara. Um levantamento da consultoria estima que cerca de 400 startups financeiras atuam no mercado brasileiro.
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