Por: Paula Furlan
Uber, AirBnB e modelos de economia compartilhada mudaram a forma de consumir, mas será que empresas e consumidores estão prontos para romper com valores tradicionais e aderir à era da confiança?
Ao acompanhar toda a movimentação das startups e dos empreendedores independentes fica cada vez mais claro que o Brasil, por mais relutante que seja, foi espremido pela tendência de economia colaborativa. Enquanto a população do país inteiro é dizimada pelas mazelas da administração (todas elas, já que governo bom é aquele que não existe) e da arraigada mentalidade de casa grande e senzala, parece inevitável escapar da buRRocracia e da formalidade, ah, a formalidade, essa coisa tão século XX.
E não são apenas os novos modelos de negócio que nos levam a isso, são as novas necessidades das pessoas. Somos a evolução da era industrial, somos os seres humanos on demand e a próxima consequência óbvia, ainda que não em um curto prazo de tempo, é tomarmos o poder em sua totalidade. Nossos tentáculos já dominaram o mercado de consumo, no Brasil, por incrível que pareça, a defesa do consumidor é uma das nossas ‘cartas na manga’, embora pareça algo desconectado da ideia central desse apanhado de palavras. Bem, não é. Um exemplo disso são os tipos de negócio totalmente apartados da economia formal, como AirBnB, Uber e a explosão das startups.
Esses modelos são sustentáveis por natureza, que criam um ecossistema marginal, mas que fará com que toda a cadeia precise ser repensada.
É por isso que em junho de 2014 o trânsito de cidades europeias como Londres, Berlim, Paris e Madri teve um dia de caos, com o protesto dos taxistas não contra o governo, contra impostos ou a estrutura urbana. O motivo que fez com que esses profissionais parassem foi um aplicativo de smartphone, o Uber, que faz com que qualquer motorista comum possa cobrar por uma carona. Sua ira foi causada pela possibilidade de esse tipo de aplicativo acabar com sua forma de subsistência. Parece exagerado? Pode não ser.
No Rio de Janeiro o Airbnb, segunda startup mais valiosa do mundo, teria 40 mil leitos, o equivalente a cerca de 50% da capacidade hoteleira.
E a mudança da concentração de muito poder na mão de poucos para o impressionante modelo de concentração do poder na mão de todos faz com que tudo mude – inclusive eu ou vocês. Com isso a competitividade entre as empresas cresce e quem ganha é o consumidor, que, por sua vez, passa a romper com valores tradicionais de posse e individualidade para apegar-se à conveniência e à confiança, fatores indispensáveis ao aderir à carona de um estranho ou hospedar-se em sua casa.
Resta saber se nosso upgrade já está carregado para sermos os Homo sapiens on demand ou se ainda estamos presos na versão não atualizada e que logo, como todos os dispositivos que precisam de atualização, pararão de funcionar. E é exatamente nesses tempos difíceis de falta de recursos básicos que os nossos softwares serão testados.
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