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Varejo tem maior queda em volume desde a era Collor

por: Afonso Bazolli
em: Notícias
fonte: Valor Econômico
30 de março de 2016 - 18:06 - atualizado às 20:39

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Por: Adriana Mattos

Negócios do varejo, como supermercados, padarias, bares e farmácias, registraram em 2015 o pior desempenho desde a era Collor. No ano passado foi apurada queda de 1,2% na quantidade de mercadorias vendidas, maior retração no indicador desde 1992, segundo série histórica da consultoria Nielsen, com dados de 1990 a 2015. Entre os segmentos que mais sentiram a recessão econômica atual estão bares, padarias, mercearias e empórios, por exemplo.

A deterioração no índice pode ter se acelerado recentemente, pois consultorias já haviam identificado, no primeiro semestre do ano passado, que a queda atingia os piores patamares desde 2010. Com esse processo de corte de produtos da lista de compras (movimento iniciado no ano passado e que deve ainda ser verificado neste ano) não há previsão de recuperação no volume vendido em 2016.

No fim de 2015, as consultorias Nielsen e Kantar Worldpanel mencionaram reduções no volume vendido em itens como escova de dente, colônia, antisséptico bucal, iogurtes funcionais, sucos à base de soja e comida para animais. “Atingimos o último degrau no processo de racionalização do consumo. Em fases difíceis, há ajustes que envolvem troca de marcas e de canais de compras, por exemplo. Já passamos por tudo isso. O último estágio é o atual, identificado em 2015, quando o brasileiro abandonou a compra de certas categorias”, disse ontem a gerente de atendimento da Nielsen, Lenita Mattar.

“Isso mostra que o brasileiro já tomou todas as medidas que poderia e só restou cortar produtos”, disse Sussumu Honda, presidente do conselho consultivo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). Os seis passos do processo de racionalização dos gastos são redução do consumo fora do lar, busca de outros canais no varejo, redução de compras “picadas”, busca de embalagens econômicas, troca por marcas mais baratas e, por último, corte dos produtos.

Em 2015, o volume de vendas nas chamadas lojas com balcão (padarias, mercearias, empórios) caiu 4,5%; em farmácias, subiu 0,7%; e em bares, caiu 4,8%, segundo a Nielsen. Nos supermercados de vizinhança, subiu 1,2% e nos hipermercados (de 20 a 49 caixas), diminuiu 1%. Na pesquisa da Nielsen, que mostra a queda de 1,2%, não estão incluídos dados do “atacarejo”, que cresce no país.

Ontem, a Abras informou que as vendas reais dos supermercados tiveram alta de 2,92% em fevereiro, em relação ao mesmo mês de 2015. Um dia útil a mais no mês teve peso do aumento. Em relação a janeiro, houve queda de 1,61%. No acumulado do bimestre, as vendas reais caíram 0,36%. Os índices foram deflacionados pelo IPCA. Em 2015, setor registrou faturamento de R$ 315,8 bilhões, expansão nominal de 7,1%, abaixo da inflação de 2015, de 10,7% pelo IPCA.

Para este ano, a estimativa é uma retração de 1,8% nas vendas reais do setor em relação a 2015, quando houve queda de 1,9%, segundo a associação. Portanto, é queda em cima de queda. Não foi identificado, porém, aumento no ritmo de fechamento de lojas (supermercados e hipermercados) e de demissões de funcionários, que cresceram 1,2% e 0,6%, respectivamente, em 2015. “Havia falta de mão de obra no mercado e com a crise esse déficit diminuiu”, diz Honda.

Como antecipado pelo Valor em março, a maior rede alimentar do país hoje é o Carrefour, com vendas brutas de R$ 42,7 bilhões no ano passado, informou a Abras. O Grupo Pão de Açúcar é a maior empresa do setor incluindo as vendas da Via Varejo (Casas Bahia e Ponto Frio), mas fica na vice-liderança no segmento alimentar, com vendas de R$ 40,2 bilhões em 2015. Há peso dos negócios do Atacadão no Carrefour, com vendas estimadas entre R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões em 2015, segundo apurou o Valor.

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