Por: João Luiz Rosa
Há dois anos, a Tivit, uma das maiores empresas de serviços de centros de dados e call center do país, começou a procurar no mercado uma tecnologia que fosse capaz de ajudar os clientes a administrar seus documentos, à medida que essa tarefa ficava mais complexa e sensível à saúde dos negócios. Agora, a busca chegou ao fim: a companhia anunciou a aquisição do grupo Work Image, de São Paulo, especializado na gestão eletrônica de documentos.
A aquisição envolve 100% do negócio, mas os detalhes financeiros do acordo não são revelados. As duas empresas do grupo adquirido – a Work Image e a Work File – darão origem a uma nova unidade de negócios, a Tivit Work Image, que será dirigida pelos quatro sócios que fundaram o negócio original, 12 anos atrás. “A expectativa é que o negócio alcance uma receita bruta de R$ 30 milhões neste ano”, disse ao Valor André Frederico, diretor de desenvolvimento corporativo da Tivit.
Com a nova unidade, a Tivit planeja estimular o chamado “cross selling” – a venda de novos produtos para quem já é cliente. De mão dupla, o plano da Tivit prevê tanto oferecer o serviço de gestão de documentos aos cerca de 3 mil clientes atuais, como vender os produtos de que já dispunha aos 600 novos clientes, que vêm com a Work Image.
Há dois pontos estratégicos nessa abordagem, disse Frederico. O primeiro é o tamanho dos clientes. A Tivit concentra-se nas 500 maiores empresas do país, enquanto a Work Image tem uma ação mais variada, o que abre uma porta de entrada para clientes menores. O segundo ponto tem caráter geográfico. Embora tenha sede em São Paulo, a Work Image estabeleceu uma forte base de atuação no Sul do país, afirma o executivo, onde a Tivit tem interesse em fortalecer os negócios.
O rápido crescimento da internet despertou uma série de profecias sobre o fim iminente do papel nos escritórios, mas não foi isso o que aconteceu. A despeito do processo crescente de digitalização, o papel não só resistiu como se tornou parte indissociável de serviços que visam tanto preservar os formatos tradicionais – até por força de legislações que exigem guardar registros em papel – como transformar as pilhas de documentos existentes em arquivos digitais, mais fáceis de ser consultados e dotados de recursos automatizados.
No caso do prontuário médico de um funcionário, por exemplo, o sistema é capaz de detectar se um exame médico está perto de vencer – o documento passaria a perder o valor – e avisar os gestores sobre a necessidade de renovar os testes médicos. No jargão do setor, é o que se chama de “enterprise content management”, a gestão de conteúdo empresarial.
Para a Work Image, que gerencia mais de 50 milhões de documentos, incluindo 500 mil prontuários de RH, a aquisição pela Tivit abre caminho para uma nova fase de crescimento, que não seria possível com os recursos disponíveis até então. “Chega uma hora em que você precisa ter uma musculatura maior para crescer, mais capacidade de investimento”, afirmou Marcelo Escorel, um dos sócios-fundadores da Work Image.
O mercado de gestão de documentos cresce cerca de 25% ao ano no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Gerenciamento de Documentos (ABGD). A maior parte da informações consultadas (95%) tem até três anos de idade e, segundo a organização, dois terços dos documentos poderiam ser arquivados em instalações fora da empresa, mais baratas.
No Brasil, cerca de dez empresas disputam o mercado de gerenciamento de documentos, afirmou Escorel. Entre os concorrentes estão grupos internacionais como a americana Iron Mountain e a australiana Recall.
O modelo de atuação, no entanto, varia de uma empresa para outra e parte das companhias concentra-se quase exclusivamente na guarda física dos papéis, disse Frederico, o que levou ajudou a Tivit a se definir pela Work Image, cujo escopo de atuação é mais amplo.
A Tivit chegou a negociar ações na BMF&Bovespa, mas fechou o capital no fim de 2010, quando passou a ser controlada pela Apax Partners. O fundo de investimento, com atuação global, reúne um portfólio de companhias com receita combinada superior a € 30 bilhões, de acordo com o site da empresa. Os resultados da Tivit em 2013 ainda não foram fechados, mas a previsão inicial era de um faturamento de R$ 1,7 bilhão.
Os documentos físicos gerenciados pela Work Image continuarão armazenados nas sete instalações que a companhia gerencia no país, a maior parte delas em São Paulo. Os sistemas eletrônicos vão passar a ser hospedados nos três centros de dados da Tivit – dois deles localizados em São Paulo e um no Rio.
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