Por: Gustavo Brigatto
Em um recente encontro com o presidente mundial da aérea Singapore Airlines – Goh Choon Phong – o executivo italiano Gianfranco Casati, da consultoria americana Accenture, fez um pedido ao seu amigo pessoal e grande cliente: que a companhia mantenha em operação por muito tempo os voos de Cingapura para São Paulo com escala em Barcelona.
A demanda inusitada está ligada às novas responsabilidade assumidas por Casati e à estratégia adotada pela Accenture a partir de 1º de janeiro. Casati, que está há mais de 30 anos na companhia e morava na Europa, acaba de se mudar para Cingapura, de onde vai comandar a recém-criada área de ‘mercados de crescimento’ da companhia. A nova divisão é responsável pelos negócios da companhia em praticamente todo o mundo. As exceções são os Estados Unidos e os países da Europa Ocidental. “Pretendo vir [ao Brasil] pelo menos uma vez por trimestre”, disse o executivo ao Valor.
Segundo Casati, o país tem elementos que casam com a estratégia de investir na área digital e em uma atividade conhecida como terceirização de processos de negócios (BPO, na sigla em inglês). Neste tipo de contrato, uma empresa transfere para um provedor de serviços a operação de um departamento inteiro, como o RH ou o financeiro.
“As companhias não precisam assumir o risco de fazer um projeto de redução de custos de 10% em uma área. Elas podem passar isso para a Accenture sob um contrato de terceirização”, disse. No Brasil, a consultoria tem contratos de BPO com companhias como a Petrobras e a operadora Oi.
As operações de terceirização têm sido o principal vetor de crescimento da Accenture. Em 2013, esses negócios responderam por 46% da receita da companhia. Com prazos de três a cinco anos e margens mais altas, tem atraído também companhias como IBM, HP, TCS, Mahindra Satyam e Infosys. As brasileiras BRQ e Stefanini também concorrem nessa área.
A estratégia de focar em terceirização tem funcionado para a Accenture. Nos últimos cinco anos, a receita da companhia passou de US$ 21,57 bilhões para US$ 28,56 bilhões, em 2013. O lucro líquido passou de US$ 1,93 bilhões para US$ 3,55. No período, as ações da companhia passaram de um patamar de US$ 30 para US$ 79.
A Accenture não revela receita por país. A estimativa de especialistas é que seus negócios no Brasil sejam da ordem de R$ 2 bilhões. Segundo Roger Ingold, presidente da empresa no país, as receitas vinham avançando na faixa de dois dígitos ao ano. A exceção foi 2013, quando a economia mais fraca fez com que o crescimento ficasse mais lento. Para este ano, a previsão é crescer até 10%. “Temos muitos contratos com grandes empresas, que têm adiado um pouco seus projetos. Mas já enxergamos alguma recuperação”, disse Ingold.
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