Por: Caio Zinet

O balanço dos grandes bancos mostrou que a procura por ganhos nas áreas de seguros e cartões está se intensificando, com os resultados dessas áreas crescendo acima do lucro líquido. No Santander, por exemplo, o faturamento com cartões subiu 14,5% na comparação do resultado acumulado até setembro deste ano com o mesmo período de 2012.

Na área de seguros a alta foi de 16,4% em igual base de comparação. No mesmo período, o lucro líquido do banco espanhol foi de R$ 4,335 bilhões, queda de 8,9%. No Bradesco, o faturamento com a área de cartões cresceu 16% e a de seguros 9,6%, enquanto o lucro líquido foi de R$ 9,003 bilhões até setembro desse ano, variação de 4,6% na comparação com o mesmo período de 2012.

No Itaú Unibanco a tendência se manteve com alta de 24% no faturamento com seguros até setembro e de 40,5% em cartões, enquanto o lucro líquido fechou em R$ 11,156 bilhões nos primeiros noves meses do ano, alta de 5,8% em comparação ao mesmo período do ano passado.

No Banco do Brasil o faturamento com cartões e seguros cresceu, 23,7% e 24%, respectivamente, na comparação dos resultados de setembro do ano passado com o mesmo período desse ano. O lucro líquido no período foi de R$ 12,7 bilhões, alta de 54,7%, no entanto, o resultado foi inflado pela Oferta Pública Inicial de Ações (IPO) do BB Seguridade. Sem esse efeito sazonal, o banco lucrou 3,6% a menos.

Parte da justificativa se encontra no temor, principalmente dos privados, do crescimento da inadimplência. Com isso as instituições financeiras ficaram mais seletivas na concessão do crédito e buscaram fortalecer posições em produtos com baixo risco de calote, como consignado, para grandes empresas e imobiliário.

Se por um lado os riscos de calote são menores, por outro, os spreads (diferença entre taxa de captação do banco e a de repassa para o cliente) também acabam sendo comprimidos, o que pode afetar a rentabilidade do banco.

“Nossa estratégia está sendo reforçar linhas com menor risco de calote, como consignado, imobiliário e para grandes empresas. Com isso a inadimplência caiu, mas as nossas margens de ganhos com juros também caíram, uma vez que nessas linhas praticamos juros menores. Compensamos essa redução com aumento de receitas em outras áreas como seguros e cartões e com um controle rigoroso de despesas administrativas”, afirmou o diretor de relação com investidores do Itaú, Rogério Calderon.

“A mudança no mix da carteira de crédito, com mais peso em linhas seguras, pressionou os spread de crédito do banco que caiu de 12,4% nos primeiros nove meses de 2012 para 10,7% nesse ano”, afirmou o presidente do banco espanhol, Jesus Zabalsa.

O vice-presidente financeiro do Banco do Brasil, Ivan Monteiro, faz a mesma avaliação. “Com a mudança de mix da carteira de crédito estamos buscando entrar com mais força no mercado de cartões e em seguros que já estão apresentando resultados excepcionais”, afirmou.

Para o economista da Anefac, Miguel de Oliveira, para além da mudança de mix houve também um aumento da competitividade a partir da decisão do governo federal de usar os bancos públicos para baixar as taxas de juros do sistema financeiro. Dessa forma, mesmo com o recente aumento da taxa básica de juros (Selic), as instituições financeiras não conseguem repassar esse aumento.

“Antigamente os bancos repassaram um aumento de juros acima do reajuste da Selic. Dentro do cenário competitivo que vivemos agora isso não é mais possível”, afirmou. “Essa cenário deve se manter para 2014″, concluiu.

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