O banco vai comprar a empresa Superbank, conhecida pelo Conta Super, que oferece cartão pré-pago
Por: Fernando Scheller
O banco espanhol Santander está dando um passo importante para conquistar o consumidor que hoje está fora do sistema bancário. Segundo o Instituto Data Popular, este contingente concentra 39% das pessoas com mais de 18 anos no País – o equivalente a 55 milhões de pessoas – e movimenta quase R$ 665 bilhões por ano.
Para atingir esse público, o banco vai comprar a empresa Superbank, conhecida pelo Conta Super, que oferece cartão pré-pago para compras e acesso a serviços bancários simplificados. A aquisição, apurou o Estado, deve ser anunciada nos próximos dias,
Esse tipo de serviço está em ascensão no País. O cartão pré-pago é visto por especialistas em finanças pessoais como uma forma de o consumidor evitar o endividamento no cartão de crédito, principal vilão do orçamento (a modalidade concentra cerca de 70% das dívidas das famílias). Segundo fontes, o Santander ainda não possui nenhuma oferta em pré-pagos.
Boa parte da concorrência já usa a modalidade para oferecer produtos como o cartão-mesada, em que os pais podem carregar um limite para filhos adolescentes. Esse produto já está disponível em instituições como Itaú e Bradesco.
Em parceria com a operadora de telefonia móvel Claro, o Bradesco oferece um cartão embutido no celular que pode ser usado para compras e saques. O Banco do Brasil também oferece a modalidade pré-paga dentro do portfólio de produtos da marca Ourocard.
O mercado vê os cartões pré-pagos como uma forma de empregadores domésticos e pequenas empresas adotarem o meio eletrônico de pagamento. Hoje, 55% dos trabalhadores brasileiros ainda recebem em espécie.
Conta simplificada
A conta simplificada, que permite transferências e saques, vem crescendo no País. Concorrente da Conta Super, da Superbank, a Zuum – parceria entre Mastercard e a operadora Vivo – tem hoje 320 mil clientes.
Esses serviços, baseados principalmente no uso do celular e em plataformas online, oferecem operações como saques, pagamento de contas e transferências. Algumas companhias cobram por transação, enquanto outras, como a Conta Super, estabelecem mensalidades.
Embora a quantidade de clientes das contas simplificadas da Superbank seja relativamente pequena – são cerca de 180 mil ativos -, o jornal O Estado de S. Paulo apurou que a lógica da aquisição está na construção de um relacionamento com um tipo de consumidor que o banco espanhol praticamente não atende no Brasil.
Quem trabalha com as classes C e D vê potencial nos serviços bancários simplificados. Muita gente não tem conta em banco por opção, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Data Popular. Mas há uma demanda reprimida por alguns tipos de serviço, que pode ser influenciada pela entrada de um grande player no segmento.
Procurada, a Superbank confirmou as negociações. O Santander não se manifestou sobre o assunto.
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