Por: Daniela Machado e Fabiana Lopes
Com o impulso das receitas com margem financeira e prestação de serviços, o lucro líquido contábil do Itaú Unibanco ficou em R$ 4,419 bilhões, com elevação de 27,3% em relação ao primeiro trimestre de 2013.
Já o lucro líquido ajustado do banco cresceu 29% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, para R$ 4,529 bilhões. A cifra ficou levemente acima do previsto por analistas, mas apontou queda na comparação com o último trimestre de 2013 por conta de receitas menores com recuperação de créditos, queda da margem financeira e aumento nas despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD).
A margem financeira gerencial do grupo mostrou um resultado favorável ante o mesmo trimestre de 2013, de R$ 12,488 bilhões, com avanço de 8,3%, mas caiu 1,6% na comparação com o último trimestre.
Já as despesas com provisão para devedores duvidosos somaram R$ 4,252 bilhões, uma queda de 13,9% sobre o mesmo período do ano passado, mas alta de 1,45% em relação ao último trimestre.
No crédito, o desempenho do Itaú não mostrou muito vigor. A carteira expandida, com avais e fianças, cresceu 10,2% em 12 meses mas encolheu 0,7% sobre o fim de dezembro, para R$ 480,12 bilhões. A exemplo do que já vinha ocorrendo, o banco privilegiou modalidades de crédito de menor risco, como o crédito imobiliário e o consignado. “A qualidade dos ativos melhorou mais que a de seus pares, e o banco ainda lidera no que se refere a melhora de eficiência”, destaca o relatório assinado pelo analista do Goldman Sachs.
O crédito imobiliário avançou 31,7% em um ano e 4,2% no trimestre, enquanto as operações com desconto em folha de pagamento tiveram expansão anual de 51,6% e trimestral de 9,2%. Por outro lado, o crédito para aquisição de veículos ainda enfrenta dificuldades, tendo recuado 23,6% em 12 meses e 8% sobre dezembro.
Diante desse quadro, o Itaú Unibanco conseguiu reduzir a taxa de inadimplência. O índice, considerando atrasos superiores a 90 dias, caiu para 3,5%, ante 3,7% no quarto trimestre e 4,5% em igual período de 2013. De acordo com o diretor de relações com investidores do banco, Marcelo Kopel, os indicadores de atraso devem continuar a cair, mas em ritmo menor nos próximos trimestres.
Em relatório os analistas do BB Investimentos destacaram que este trimestre foi sazonalmente mais fraco. Mas a expectativa é que os próximos períodos tragam um cenário mais favorável, especialmente porque o banco deve continuar se beneficiando “dos movimentos recentes, como a aquisição da Credicard e associação com o CorpBanca no Chile, que ainda não estão integrados totalmente à estrutura do banco, além da alteração na composição da joint venture com o BMG, que continuará impulsionando o crédito consignado”.
Já no que se refere à operação de fusão com o banco chileno, CorpBanca, o diretor de relações com investidores do Itaú se mostrou otimista com a transação, mesmo com a atual discussão com o minoritário do CorpBanca, a gestora de recursos Cartica. A gestora entrou com uma ação contra a operação na corte de Nova York e pediu a intervenção da Superintendência de Valores e Seguros do Chile (SVS) no processo.
Segundo Kopel, no entanto, esse é um “fato isolado”, uma vez que banco tem conversado com outros investidores do CorpBanca, que têm mostrado interesse no sucesso da operação. “Vamos nos empenhar para que seja aprovada (a transação) e possamos concretizá-la”, disse.
O processo de concorrência para venda da operação de seguros de grandes riscos do Itaú, por sua vez, deve ser finalizado nos próximos três meses, informou Kopel. “O processo está avançando. Da lista original já há companhias que estão mais interessadas”, disse.
O Valor antecipou, em fevereiro, que cerca de dez seguradoras participavam das negociações. Muitas das interessadas são estrangeiras que atuam com riscos complexos lá fora. O que está na mesa é a divisão de seguros corporativos, que tem grandes empresas como clientes. Essa carteira fatura cerca de R$ 1,7 bilhão em prêmios de seguros por ano e tem um lucro anual próximo de R$ 120 milhões, segundo um executivo do mercado.
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