Por: Ralphe Manzoni Jr
A Sercomtel, que pertence à cidade de Londrina e à Copel, vai em busca de R$ 75 milhões no mercado de capitais, na primeira captação privada de sua história
A paranaense Sercomtel pode ser considerada a última das moicanas do setor de telecomunicações brasileiro. Não se trata de um exagero de linguagem. A companhia com sede em Londrina, no Norte do Paraná, é a única empresa que permanece estatal em um mercado dominado por grupos da iniciativa privada, como o espanhol Telefônica, o mexicano América Móvil e o italiano Telecom Italia.
A cidade de Londrina, com 55% do capital, e a Copel, companhia estatal de energia elétrica do Paraná, com 45%, são as donas da Sercomtel. Em meados dos anos 2000, o prefeito da cidade tentou privatizar a empresa. Mas a população decidiu que essa não era a melhor estratégia e votou contra a ideia, em um plebiscito sobre o assunto.
Com atuação restrita a 80 municípios do Paraná, a Sercomtel é um grão de areia no mercado de telecomunicações do Brasil, como define o próprio presidente da empresa, Guilherme Casado.
A operadora conta com 85 mil clientes de telefonia móvel, 220 mil de acessos fixos e 120 mil de banda larga fixa. Sua receita bruta operacional somou R$ 240 milhões em 2015, com um minguado lucro de R$ 1 milhão. A Telefônica Vivo, a maior do setor, por exemplo, faturou R$ 40,2 bilhões e lucrou R$ 3,4 bilhões, no ano passado.
O que esperar, então, da Sercomtel? A companhia está se preparando para fazer a primeira captação privada de sua história. Com o dinheiro, o plano é dar início a uma estratégia de expansão que pode levá-la para fora do Estado do Paraná, revelou Casado, ao blog BASTIDORES DAS EMPRESAS.
Casado espera captar R$ 75 milhões no mercado. O executivo informa que já recebeu propostas do Bradesco BBI, Tercon, RB Capital e Planner.
O executivo, que assumiu a presidência da Sercomtel em maio deste ano, afirma ainda que estuda se fará essa captação por meio de debêntures ou FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios).
A Sercomtel espera também arrecadar R$ 50 milhões com a venda de ativos e outros R$ 15 milhões com o aluguel das torres de telefonia celular.
Por fim, a operadora de telefonia negocia com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) um Termo de Ajustamento de Conduta para converter R$ 20 milhões de multas em investimento.
Se tudo der certo, a Sercomtel terá R$ 160 milhões que serão investidos em um plano de expansão e na implantação de uma rede de telefonia 4G em Londrina e em outros 14 municípios.
O principal plano de Casado, no entanto, é ganhar mercado com a banda larga fixa, avançando para municípios de médio porte no Sul de São Paulo, próximos a Londrina.
Casado acredita que não tem condições de competir com as grandes operadoras de telefonia em telefonia fixa e celular, mas avalia que há espaço em banda larga fixa.
Uma pesquisa da consultoria Teleco, especializada em telecomunicações, mostra que o Brasil conta com 26,3 milhões de acessos de banda larga fixa em julho de 2016.
O estudo indica que as pequenas operadoras detêm 36,6% de participação de mercado em conexão com velocidades menores do que 2 Mbps (megabits por segundo), à frente de Claro, Vivo e Oi.
Mesmo em conexões com velocidades acima de 2 Mbps, as pequenas operadoras são relevantes. Elas contam com uma fatia de 11,4%, inferior a das gigantes do setor, mas em franca ascensão. Em 2013, por exemplo, as pequenas operadoras detinham uma participação de 4,6%.
“As operadoras menores têm construído redes de fibra nos municípios e contribuído para aumentar a quantidade de acessos de alta velocidade”, avalia a Teleco, em um trecho do estudo.
A Sercomtel negocia também a infraestrutura de telefonia celular para se tornar uma operadora virtual. O plano de Casado é ofertar, nessa expansão, planos que incluem telefonia fixa, banda larga e celular.
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