Uma fusão entre PT e a Oi tem sérias restrições econômicas e políticas e já foi descartada.
Por: Miriam Aquino
Uma possível fusão entre as operadoras Oi e Portugal Telecom, anunciada neste final de semana pela Folha de S.Paulo, já deixou de ser tema de apreciação pelos controladores das duas operadoras desde o início do ano. A vinda de Zeinal Bava para liderar a operadora brasileira é que voltou a despertar as especulações do mercado sobre esta movimento. Alguns bancos acreditam que o principal executivo da portuguesa só assumiria o novo desafio (que não é pequeno) se viesse com carta branca para promover a fusão entre as duas empresas. Mas esta avaliação carece de alguns ingredientes.
A ideia da fusão chegou mesmo a ser aventada pelos controladores das duas empresas e descartada no início deste ano, conforme fontes ouvidas pelo portal. Os controladores continuam com a determinação de capitalizar a Oi – via mercado de ações – e esta é a única decisão já comunicada ao ministro Paulo Bernardo. Em sua entrevsita ao Tele.Síntese, Bernardo é explícito em relação à fusão ou qualquer outro movimento: “capitalizar sim, desnacionalizar, não”.
Incovenientes
Os incoveniente de uma fusão entre as duas operadoras seriam muitos e, entre os mais simples e mundanos poderiam ser listados: onde ficaria a sede de empresa luso-brasileira? Em Portugal? no Brasil?; Qual governo iria abrir mão de sua nacionalidade? ; Como se daria a divisão dos ativos? E a divisão do controle? A PT, de muito menor tamanho e tão endividada quanto a Oi teria “bala na agulha” para comprá-la? Se não, a fusão somente de ativos, sem desembolso, se daria de que forma? E serviria para o quê? A operadora brasileira, todos concordam, precisa é de dinheiro vivo, cash, grana, de no mínimo R$ 10 bilhões para conseguir respirar. E a fusão não traria este dinheiro. Além disso, o enforcement brasileiro não daria trégua a este movimento.
E muitos problemas também no front econômico. O banco JP Morgan divulgou hoje relatórico considerando que a fusão entre as duas operadoras geraria sinergias limitadas. “A alavancagem (ou o endividamento) permaneceria elevada no pós-fusão”, avalia. Para o banco, “a PT foi bem sucedida em Portugal, sustentando a perda de clientes e de receitas, mas à custa de um Capex muito mais elevado, reduzindo o ‘free cash flow’.
Para alguns analistas, no entanto, a capitalização da Oi só será viável se for resolvido também o endividamento dos controladores – a Telemar Participações – que têm R$ 3,5 bilhões em dívida (dos quais R$ 2,5 bilhões com o BNDES), e por isto, a versão da fusão cresce no mercado. Mas sem muita consistência. O mais provável é que na engenharia a ser promovida, a operadora consiga pulverizar as ações e manter um núcleo de controle, no qual deverão permanecer os mesmos controladores (com dúvidas para o números de sócios privados), com menores participações. Com a notícia da fusão, as ações da PT hoje caíam na bolsa portuguesa 1,73% e as da Oi recuavam 3,6%. NO final do dia, as ações da Oi fecharam em alta de 5,15%.
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