Por: Vanessa Adachi – Colaboração: Carolina Mandl
Avançaram nos últimos dias as conversas em torno de uma associação entre os bancos Bradesco e BMG, especializado em crédito consignado. O Bradesco passou à frente do BTG Pactual, que até meados da semana passada negociava com exclusividade com os controladores do BMG, a família Pentagna Guimarães, de Belo Horizonte. Entre os bancos de menor porte, o BMG é o mais importante do segmento de crédito consignado, aquele com desconto em folha de pagamento.
A negociação com o Bradesco envolve a compra de uma participação acionária grande do BMG, porém minoritária, com um acordo que daria ao banco da Cidade de Deus a preferência para assumir o controle do BMG dentro de alguns anos, apurou o Valor. Alguns negociadores esperam concluir um acordo já nos próximos dias. Procurada, a assessoria de imprensa do Bradesco informou que o banco “afirma categoricamente que não procede a informação de que a instituição está perto de concluir negociação”. Sobre a existência de conversas, o Bradesco disse não comentar rumores de mercado. O BMG não se manifestou.
O Bradesco entrou em campo desde metade da semana passada para conversar com o BMG. Já havia procurado o banco mineiro antes, porém o BMG havia assinado acordo de exclusividade para negociar com o BTG Pactual, de André Esteves. Conforme noticiou o Valor em 29 de junho, Esteves tem grande interesse em fechar negócio com o BMG e unir a operação com o PanAmericano. O acordo de exclusividade expirou em meados da semana passada e as conversas não foram conclusivas. Pessoas a par do tema disseram que o valor final oferecido por Esteves aos controladores do BMG, Flávio Pentagna Guimarães e seu filho Ricardo Annes Guimarães, não foi satisfatório. A partir daí, o próprio BMG tomou a iniciativa de procurar o Bradesco. O BTG, entretanto, ainda não teria desistido e pode fazer nova oferta esta semana.
Com qualquer um dos dois interessados, não há recursos do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) envolvidos. O Bradesco ofereceu fazer o pagamento parte em ações do banco e parte em dinheiro.
A venda do controle está afastada porque Flávio Pentagna Guimarães, fundador do banco mineiro, resiste à ideia de desfazer-se do negócio que criou. Doutor Flávio, como é chamado, ocupa a presidência do conselho de administração e detém 55,9% das ações ONs. Ricardo é presidente executivo do banco. Ao fim do primeiro trimestre, o BMG registrou patrimônio líquido de R$ 3,6 bilhões.
Uma associação com o Bradesco, ou mesmo com o BTG, daria ao BMG acesso a recursos mais baratos para financiar sua operação. O modelo de negócio de bancos menores especializados em consignado está em xeque, em grande parte pelo alto custo de funding. O BMG é um dos poucos que tem conseguido ceder parte de sua carteira de crédito a bancos maiores. O Bradesco sempre foi um dos mais ativos compradores de carteira do BMG. Há pouco mais de um ano o BMG assumiu as operações do banco Schahin, que enfrentava problemas, com auxílio de recursos do FGC.
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