Por: Felipe Marques

O Itaú Unibanco continua a ter a ambição de se tornar um banco global e considera ir também além da América Latina, afirmou ontem Pedro Moreira Salles, presidente do conselho do banco, no evento “Brazil Summit”, em São Paulo. Segundo o executivo, o Itaú quadruplicou desde 2008 a participação das operações internacionais em sua carteira de crédito, de 5% para 20% no ano que vem, após a incorporação da operação do chileno CorpBanca.

“Nossa filosofia é entrar nos mercados internacionais de maneira relevante. O jogo da escala bancária é um jogo local, é um ativo que exige escala local”, disse o executivo. “Nos mercados em que estamos, tentamos nos posicionar sempre entre os principais bancos”, completou.

“Estamos vendo o recuo de muitas organizações que abriram estruturas mundo afora e não se preocuparam em ter capacidade de competir nos respectivos mercados locais”, disse.

Segundo o executivo, a economia brasileira também precisa passar por um processo de abertura, ser mais internacionalizada, e o país precisa de maior inserção em cadeias globais de produção.

O atual cenário de retração econômica tende a impactar os resultados do Itaú Unibanco, porém, como as carteiras de crédito da instituição estão hoje concentradas em linhas de menor risco e o desempenho do banco depende menos empréstimos e financiamentos, esse efeito tende a ser mitigado, segundo avaliação de Moreira Salles.

“O cenário econômico traz, sim, um impacto, mas nosso balanço e a capacidade de gerenciar riscos permite atravessar esse período”, disse. Salles lembrou que atualmente mais da metade do resultado do banco vem de tarifas e serviços, e não do crédito. “Num cenário como o de hoje, dá um razoável grau de conforto.”

Ele também chamou atenção para a migração do portfólio do banco para linhas de crédito de menor risco, com mais garantias. “Não imaginávamos que uma queda do PIB viria neste tamanho, mas em 2011 e 2012 já havia sinal do fim do boom de crédito no país”, disse o executivo.

“O cenário que vivemos exige muita prudência, com a queda de 3% do PIB e inflação na casa de 10%”, afirmou.

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