Inadimplência registra leve queda de -0,34% e vendas têm o melhor resultado do segundo semestre, diz SPC
Juros mais caros e inflação alta deixaram o brasileiro receoso de atrasar parcelamentos em setembro. Já recuo da taxa cambial e mudança de estação impulsionaram as vendas
A inadimplência do consumidor brasileiro no mês de setembro apresentou uma leve retração de -0,34%, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Já o volume de vendas no comércio – seguindo a mesma base de comparação – saiu do patamar de -0,62% em agosto e fechou o mês de setembro em +1,83%, a maior alta registrada no segundo semestre de 2013. Os dados são do indicador mensal calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e divulgado pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). O indicador leva em consideração mais de 150 milhões de consumidores cadastrados em 1,2 milhão de pontos de vendas espalhados por todo o Brasil.
De acordo com os economistas da CNDL e do SPC Brasil, ainda que a inadimplência sofra moderadas variações, o índice de calotes no comércio brasileiro vem desacelerando desde março de 2013 e apresenta sinais de estabilidade. Na avaliação da economista do SPC Brasil, Ana Paula Bastos, a retração de -0,34% reflete maior cautela e disciplina do consumidor em relação aos compromissos adquiridos no passado. “Os juros no Brasil estão ficando mais caros em função dos recentes aumentos da taxa Selic. Além disso, a inflação persiste em ficar acima do centro da meta estipulada pelo governo, diminuindo o poder de compra do consumidor. Tudo isso faz com que o brasileiro dê mais valor ao dinheiro e tenha mais disciplina ao pagar as prestações que assumiu”, explica Bastos.
Quando comparada com agosto deste ano, a inadimplência, que mede o atraso de pagamentos superiores a 90 dias, avançou +0,72%. A projeção dos economistas das entidades é de que a inadimplência comece a recuar com a proximidade das festas de final de ano, período em que tradicionalmente há uma maior recuperação de crédito por conta da entrada do décimo terceiro salário na economia brasileira. No acumulado dos nove primeiros meses de 2013, comparado com igual período do ano passado – de janeiro a setembro de 2012 – a inclusão de novos consumidores no cadastro de inadimplentes do SPC Brasil cresceu +4,09%.
Vendas a prazo
Em relação às consultas ao banco de dados do SPC Brasil, que refletem o nível de atividade no varejo para as compras parceladas, o mês de setembro registrou alta de +1,83% frente ao mesmo período de 2012. Este é o melhor resultado desde maio deste ano, quando o nível de atividade no comércio apresentou alta de +2,24%.
Segundo o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, o recuo da taxa cambial em setembro – depois das fortes altas registradas entre junho e agosto – somado à recuperação dos níveis de confiança do consumidor, resultaram na retomada do bom movimento nas lojas brasileiras. “Além disso, os índices recordes de empregabilidade e os impactos positivos causados pelo programa Minha Casa Melhor, que já distribuiu mais de R$ 1 bilhão em financiamentos de móveis e eletrodomésticos, também contribuíram com esse desempenho”, avalia Pellizzaro Junior.
Já na comparação com agosto, o volume de vendas para compras a prazo e pagamentos em cheque apresentou uma variação positiva de +1,32% e, no acumulado do ano, alta de +4,42%. Para o presidente da CNDL, o aumento no número de consultas na base de comparação mensal foi influenciado, principalmente, pelo incremento nas vendas por conta das liquidações dos segmentos de vestuário e calçados, em função da mudança de estação.
A pesquisa
O indicador SPC Brasil mede o atraso de pagamentos no comércio superiores a 90 dias. A base de dados é formada por mais de 150 milhões de consumidores cadastrados em 800 mil pontos de vendas espalhados por todo Brasil.
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