Por: Assis Moreira
A indústria de bens de consumo no Brasil e na América Latina terá pela frente cada vez consumidores mais sofisticados e com menos lealdade por marcas, numa mudança no padrão de consumo e de negócios.
A conclusão é do Credit Suisse em nova a pesquisa sobre tendências de consumo na América Latina, segunda região que mais vai contribuir para a expansão global da classe média, depois da China.
A pesquisa mostra que a mobilidade social não só está resultando em mudança no consumo, como gradualmente em mais sofisticação nos padrões desse consumo.
E o resultado é que as despesas de marketing e comercialização das companhias deverão continuar a aumentar, e varejistas precisarão se adaptar a novos formatos de demandas.
Para Credit Suisse, o Brasil é um bom exemplo. Famílias com até US$ 3 mil de renda anual limitam suas compras a um pouco mais de suas necessidades básicas.
Mas entre quem ganha entre pouco mais de US$ 3 mil e US$ 15 mil, ou 59% da população, a busca por produtos com valor agregado vem aumentando.
Ou seja, o consumidor brasileiro compra não apenas mais aparelhos de TV ou refrigeradores, e sim produtos mais caros como televisores de telas grandes e com mais opções.
A pesquisa do banco suíço mostra só uma pequena porção dos consumidores que preferem uma única marca de produto.
Entre 33 categorias de produtos pesquisados no Brasil, a parte de consumidores leais a uma marca ficou acima de 50% apenas em oito categorias.
Entre os que mostram mais propensão a mudanças, o preço foi a principal razão em apenas cinco categorias de produtos.
Os analistas do Credit Suisse avaliam que a “falta de lealdade pode intensificar-se”. O novo consumidor parece inclinado a testar mais opções antes de fazer sua preferência. E consumidores jovens tipicamente são mais abertos a novidades.
Outra consequência de maior sofisticação do consumidor no Brasil e na América Latina é a crescente dificuldade de se atender as demandas com um único formato de negócios. Mais consumidores vão escolher diferentes lojas em diferentes shoppings.
Conforme a pesquisa, 50% dos consumidores consultados no Brasil fazem suas compras em suas lojas favoritas. Esse percentual era de 70% anos atrás e o banco estima que pode cair para 30% dentro de alguns anos.
Mais consumidores na América Latina estão migrando para conexões de internet mais rápidas, e isso significa mais oportunidades para as companhias que operam no mercado de comércio eletrônico.
Até agora, a penetração do comércio pela internet representa uma pequena parte das vendas de varejo na região.
É de apenas 3% do total de varejo no Brasil e 1% no México comparado a 6% nos EUA, 13% na Coreia do Sul e 4% na China.
O banco acredita que o comércio eletrônico manterá crescimento de duplo digito e ganhará fatias de negócio do varejo tradicional, cada vez mais.
Os efeitos da idade, urbanização, alavancagem financeiro das famílias também mudam o comportamento do consumidor. Para o banco, isso explica também um desafio importante para companhias de bens de consumo na América Latina nos próximos anos, envolvendo a crescente complexidade de seu portfólio de produtos.
Assim, as tendências demográficas oferecem enorme potencial para expansão do consumo. Mas ao mesmo tempo empresas enfrentarão mais dificuldades para converter potencial de mercado em resultados baseados em velhas estratégias.
O estudo lembra que, na medida em que a população envelhece, os gastos com cuidado de saúde vão aumentar significativamente e o consumo de alguns produtos vai diminuir.
Certo mesmo, conforme o banco suíço, é que os Estados Unidos, a França e o Japão eram mercados emergentes (em termos de renda per capita e perspectivas demográficas) no fim dos anos 1940, 1950 e 1960, respectivamente.
Nesses três países o aumento da classe média e a expansão do consumo durou por 40, 50 anos. Na América Latina, essa expansão do consumo continuará pelo menos nos próximos 15 a 20 anos, avaliam os analistas do banco suíço.
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