Índice que mede a capacidade de emprestar do Pan piorou em 2013 e coloca em xeque o crescimento de sua carteira
Além de ter sido o único com prejuízo entre dez bancos médios em 2013 – perda de R$ 151,7 milhões –, o banco Pan teve um dos piores desempenhos quanto à segurança de suas operações de crédito. Na prática, as reservas que minimizam o risco dos empréstimos ficaram menores. E bem abaixo das instituições financeiras de seu porte.
Adquirido pelo BTG Pactual e pela Caixa Econômica Federal – que assumiram um rombo de R$ 4,3 bilhões resultante de fraudes contábeis dos dirigentes do PanAmericano –, o banco perdeu quase um ponto percentual do índice de Basileia no ano passado (de 14,2% para 13,4%).
Este índice mede a relação entre os ativos do banco e o tamanho de sua carteira de crédito. Na visão de Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos da Leandro Stormer, o patamar de 13,4% é preocupante. O mínimo exigido pelo Banco Central (BC) é de 11%.
A cada R$ 100 que o Pan empresta, portanto, ele possui R$ 13,4 de patrimônio – ao passo que a média do sistema bancário está próxima de R$ 16. Entre os bancos médios, o Pan só ficou atrás do BRB, que fechou o ano com índice de Basileia em 12,69%, apesar de ter lucrado R$ 169 milhões em 2013.
O limite estabelecido pelo BC garante aos bancos reservas mínimas para suportar perdas da atividade bancária, como as resultantes da inadimplência ou de uma fuga repentina de capital.
Apesar de o Pan ter ampliado sua carteira de crédito em 14% no último ano, alcançando R$ 15,68 bilhões, seu patrimônio ficou longe de acompanhar essa evolução, arriscando aproximar-se limite de segurança de crédito.
Segurança do crédito
Pesquisa
Nem o aporte de R$ 1,8 bilhão que o banco recebeu em 2012 e que elevou seu patrimônio para R$ 3 bilhões deu fôlego para que o banco mantivesse um índice de Basileia em patamar menos preocupante.
Até 2019, o mínimo exigido pelo índice passará de 11% para 13% – desafio ainda maior para o Pan que, até agora, não conseguiu equilibrar as contas e gerar resultados satisfatórios, ao contrário de outros bancos médios, que lucraram com o aumento de suas carteiras de crédito.
A disparidade do prejuízo do Pan é tão gritante em relação ao lucro de outros bancos médios que, em uma amostra de 11 instituições do segmento, o crescimento de 9% do grupo em 2013 ficaria 10% menor sem o banco na amostra, como mostrou recente matéria do jornal Brasil Econômico.
Margem financeira caiu 5,4 pontos percentuais
Apesar de o prejuízo do Pan em 2013 ter sido menor que no ano anterior – de R$ 496 milhões –, sua margem financeira caiu de 17% para 11,6%. “Essa margem é que garante tranqüilidade para uma possível fase de crescimento da inadimplência”, explica Wolwacz, da Leandro Stormer.
Em seu último balanço, o banco afirmou que essa diminuição foi reflexo da elevação das taxas de juros, que aumentam os custos de captação. A instituição informou também que a pressão negativa é temporária pelo fato de o “repasse desta alta às taxas praticadas nas operações de crédito” não ser imediato.
Com o Copom e as projeções de mercado sinalizando que a taxa básica de juros, a Selic, deve continuar em trajetória de alta ao longo de 2014, a pressão sobre a margem do banco tende a persistir.
“A inadimplência ainda está em patamar alto”, diz Carlos Daltozo, analista do BB Investimentos. Este é outro ônus do qual o Pan tenta se livrar, ainda sem sucesso.
Com boa parte de sua carteira destinada ao financiamento de veículos, o banco tenta, a exemplo dos grandes do setor, reduzir o risco de suas operações apostando em crédito consignado.
Com risco muito mais reduzido de calote, a linha de empréstimo com desconto em folha, no entanto, reduz a margem de lucro dos bancos.
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