Por: Carolina Mandl
Brent Lewin/Bloomberg
O ano de 2014 terminou com um gosto amargo para duas das principais subsidiárias de bancos estrangeiros no Brasil: HSBC e Citi. Nos próximos dias, ambos devem publicar seus resultados no país com números nada reluzentes.
Pelos dados do Banco Central, até o terceiro trimestre, os dois tinham prejuízo no Brasil em 2014. Ontem, em cifras parciais, o grupo HSBC mostrou que suas operações no país fecharam 2014 com prejuízo antes de impostos de US$ 247 milhões.
O foco de perdas para ambos está principalmente no varejo, operação que tentam há tempos rentabilizar. A bancarrota de grandes empresas, como a Eneva, que tem Eike Batista e o grupo alemão E.on como sócios, também arranhou os balanços.
Com um prejuízo acumulado no Brasil de R$ 404,5 milhões até o terceiro trimestre, o HSBC anunciou ontem o fechamento de 21 agências. O número é pequeno em relação aos 853 pontos que o banco tem no país, mas mostra que o HSBC faz uma readequação em sua estrutura local, principalmente nos custos.
Em nota, a instituição diz que fechou unidades em áreas com menor potencial de crescimento, ao mesmo tempo em que criou 60 agências digitais, número que deve chegar a 70 em 2015. Questionado se pretende eliminar mais agências de ruas, o HSBC respondeu que não.
Por aqui, a mensagem que André Brandão, presidente do HSBC Brasil, tem passado aos funcionários é de expansão, segundo o Valor apurou. Em encontro no fim de 2014, ele afirmou a um auditório cheio que o objetivo é fazer da subsidiária brasileira “a terceira maior operação do HSBC com lucro de R$ 3 bilhões em três anos a partir de 2015″.
Internamente, o HSBC admite ter se deparado com a falta de escala. Talvez, se retraído demais em algumas operações, como o consignado.
É justamente a falta de escala no varejo, que exige uma estrutura cara, o que afeta o resultado desses bancos, principalmente num mercado concentrado como o brasileiro.
Apesar dos percalços, HSBC e Citi dizem que não vão fechar suas operações de varejo no Brasil. Enquanto isso, concorrentes fazem os cálculos para vislumbrar para quem seriam mais valiosos. Uma leitura é que o HSBC seria uma oportunidade para o Santander se firmar no país.
O presidente-executivo, Stuart Gulliver, deu aos seus quatro negócios com problemas no Brasil, México, Turquia e EUA de um a dois anos para provarem seu valor antes que soluções “mais extremas” sejam propostas, disse em teleconferência.
A faxina da rede de ruas é algo que o Citi já fez, concentrando-se em áreas metropolitanas. O banco vendeu a Credicard em 2013 numa opção por reduzir sua presença voltada à pessoas física. Ainda em meio a mudanças no varejo, o Citi acumulava um prejuízo de R$ 50,6 milhões até o terceiro trimestre de 2014.
Pedro Lorenzini, vice-presidente de mercados do Citi Brasil, disse que o país é importante para o grupo, principalmente pelo atendimento às empresas. “Pelo tamanho da economia, preciso atender meu cliente global”, disse. “Para as multinacionais, faz sentido você estar em vários países.”
Questionado sobre a rentabilidade da subsidiária brasileira, Lorenzini afirmou que o banco sempre teve um retorno “muito bom para o mundo corporativo”.
O executivo preferiu não comentar o desempenho do varejo, que deve concluir neste ano uma reestruturação com o objetivo de se voltar exclusivamente ao atendimento da clientela de alta renda.
Depois do Santander, maior banco estrangeiro por ativos com presença no Brasil, HSBC e Citi aparecem na sequência no ranking de maiores de controle externo, na 7ª e 11ª colocações, respectivamente. Desde 2009, o HSBC se mantém, enquanto o Citi perdeu um posto.
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