Trabalhar num call center é, hoje, a opção de 1,4 milhão de brasileiros. Este número é maior do que os empregos gerados pela indústria têxtil no País. Jovens que buscam a primeira experiência no mercado de trabalho são maioria no segmento. E este número pode aumentar nos próximos anos. O setor cresceu, em 2013, 15%. As empresas, por sua vez, já faturam a fatia de R$ 26,3 bilhões por ano. A movimentação financeira é similar às multinacionais de bebidas, como a Ambev.
Segundo uma pesquisa da Abrarec e Strategy Research Center da E-Consulting Corpo, em cada dez atendentes, dois estão cursando uma faculdade. Destes, 45% estão no primeiro emprego e 69% são mulheres. Esses dados mostram o vigor do setor, mas não relatam todas as particularidades do mercado de trabalho dos atendentes. Em cidades como Caruaru, no agreste de Pernambuco, por exemplo, podemos notar as diferenças desse novo mapa do emprego com algumas detalhes que se destacam do restante do País.
É lá que está instalado um dos call centers do Grupo Provider - empresa pernambucana que está há 18 anos no mercado e possui cerca de 10 mil funcionários em todo o Brasil e América Latina. A unidade de Caruaru, cidade com 319 mil habitantes, é responsável por 65% dos atendimentos telefônicos feitos por contribuintes do INSS, que ligam gratuitamente, de qualquer lugar do Brasil, para o número 135. De acordo com o Instituto Nacional de Seguridade Social, o índice de satisfação dos contribuintes com o atendimento é de 90%.
A atividade já rendeu ao Grupo a posição de segunda maior empregadora do município, perdendo apenas para a prefeitura. São quase 2 mil funcionários. Número que revela detalhes interessantes:
1 – Os índices de rotatividade (turnover) são bem mais baixos do que o mercado de um modo geral. A média de funcionários que deixam a empresa em busca de outro emprego é 30% menor do que no restante do País. Em São Paulo, por exemplo, devido à grande oferta de empregos no setor, os colaboradores trocam de emprego até por um aumento de R$ 20,00.
2 – Quase um terço dos funcionários, cerca de 30%, está na faculdade, embora a exigência de escolaridade seja de nível médio. Número acima da média nacional (20%), segundo pesquisa citada acima.
3 – Mais da metade (51%) é de funcionários que trabalham pela primeira vez com carteira assinada, mostrando a vocação do setor em incentivar o primeiro emprego.
4 – Menores índices de absenteísmo (faltas) – 50% menor do que nos grandes centros
5 – Geração constante de emprego, já que cerca de 53 vagas são oferecidas todos os meses.
6 – Possibilidade de crescimento, já que, para cada uma das 53 novas vagas, há 8 funcionários disputando cada uma delas. Ou seja, não há escassez de mão de obra na região.
Outro dado interessante: a escolha pelo interior se deve à busca pela qualidade do atendimento, devido ao grande índice de mão de obra de nível superior. Ao contrário do que possa parecer, nessas áreas a mão de obra não é mais barata, já que a empresa adota o mesmo piso salarial para todo o Brasil (R$ 724,00). É uma forma de responsabilidade social que faz toda a diferença no dia a dia da região.
Todos estes números têm explicação. Primeiro, na cidade do interior pernambucano, o emprego no call center representa, para grande parte dos jovens, uma boa oportunidade para pagar as mensalidades da faculdade particular. Além disso, o call center é uma das rotas para sair do caminho “predominante” do mercado de trabalho na cidade: o setor comercial, cuja carga horária é exaustiva e compromete os estudos daqueles que ainda realizam um curso de graduação.