Por: Aline Bronzati
Estratégia das duas instituições, que já são parceiras em vários negócios, como a financeira Ibi, é atingir cerca de 160 milhões de brasileiros que recebem até três salários mínimos mensais e que, em muitos casos, não têm conta em bancos
O Bradesco e o Banco do Brasil receberam aval do Banco Central para operar um novo banco com foco na população de menor renda, segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. A instituição deve começar a funcionar no próximo ano e terá na largada R$ 1 bilhão em empréstimos e operações com cartões que virão da financeira Ibi Promotora, controlada pelos dois bancos.
A criação de um banco para a baixa renda é mais um passo na parceria do Bradesco e do Banco do Brasil. Nos últimos anos, as duas instituições estreitaram suas relações e lançaram várias empresas em sociedade. Já são sócias na Alelo, de cartões de benefícios e de cartões pré-pagos; na Movera, de microcrédito; na Stelo, de meios eletrônicos de pagamentos; na Livelo, de programa de fidelidade; e na financeira Ibi.
O lançamento dessas companhias faz parte da estratégia definida pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil na época de criação da Elo Participações, em 2011, holding estruturada para deter fatias em várias empresas das duas instituições. O Bradesco detém 50,01% da Elo Participações e o BB, os outros 49,99%.
Banco Popular. Ao lançar o banco para a baixa renda, Bradesco e BB miram cerca de 160 milhões de brasileiros que recebem até três salários mínimos mensais (R$ 2.364) e que, em muitos casos, não têm conta em bancos. Números do Banco Central confirmam o potencial desse mercado: das 56 milhões de pessoas que tomaram crédito no ano passado, 34 milhões são de baixa renda.
Além de crédito ao consumidor, o novo banco, que ainda não foi batizado, mas pode se chamar Elo, vai distribuir cartões de crédito e cartões pré-pagos. Também vai conceder empréstimos por meio dos cartões. O banco ajudará a desenvolver a bandeira de cartão de crédito Elo, uma sociedade do Bradesco, com Banco do Brasil e com Caixa Econômica Federal. No futuro, o novo banco poderá oferecer outros produtos financeiros para as classes C, D e E, de acordo com fontes ligadas às empresas.
Apesar do potencial, o público de baixa renda é o que registra maior índice de inadimplência. Os tomadores de crédito com ganho mensal de até três salários mínimos, além de serem os mais endividados, segundo o BC, têm mais da metade da renda comprometida com o pagamento de juros de dívidas. Por isso, o novo banco terá um modelo de concessão de crédito diferente da estrutura de outras instituições financeiras. O banco concederá empréstimos de valores baixos. À medida que o cliente demonstre maior fôlego financeiro, ele poderá tomar empréstimos maiores.
Aval do Banco Central. O novo banco aguardava a chancela do BC para atuar há cerca de três anos. Nesse período, BB e Bradesco colocaram a operação de pé. Agora, segundo fontes, está na fase final de estruturação. Como vai apoiar a financeira Ibi, o banco utilizará sua rede de correspondentes bancários, com 145 unidades, uma vez que boa parte da população de baixa renda não usa agências bancárias tradicionais.
Comandando a operação, ficará, conforme uma fonte, Carlos Giovane Neves. Recentemente, o executivo deixou a diretoria da Bradesco Cartões para chefiar a Ibi Promotora.
Procurados, Bradesco e BB confirmaram a autorização do BC para a constituição do novo banco com foco na baixa renda e os planos quando do anúncio do acordo. A Alelo informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que somente Bradesco e BB se pronunciam sobre o assunto.
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