A fusão entre a Contax, leia-se Oi, e a Dedic, da Portugal Telecom, causou um rebuliço no mercado de callcenter. Há um personagem disposto a responder a esta negociação com juros e correção monetária, com a criação de uma companhia capaz de desbancar a concorrente e se tornar logo na partida a maior operadora do setor no país.

Trata-se do fundo norte-americano Apax Partners, controlador da Tivit – ex-Votorantim e família Mattar. O projeto do private equity passa pela Espanha, mais precisamente pela Telefônica.

O Apax está empenhado em costurar uma associação entre a Tivit e a Atento, controlada pelos espanhóis. Os norte-americanos, que administram mais de US$ 40 bilhões em ativos, prometem munição de grosso calibre para comprar uma participação na empresa de callcenter da Telefônica e, uma vez no capital de ambas, conduzir a fusão entre a Atento e a Tivit.

Apesar do investimento, o Apax aceitaria, inclusive, uma posição minoritária na nova operadora, deixando o controle na mão dos espanhóis. Pouco mais de um ano após desembarcar na Tivit, abdicaria da posição de controlador da terceira maior empresa de callcenter do Brasil para ser sócio de um negócio muito maior, responsável por mais de um quarto da receita total do setor.

O principal óbice à operação é o modelo societário global adotado pela Atento. Em todos os países onde atua, a empresa é uma subsidiária integral da Telefônica. Os espanhóis anunciaram recentemente a disposição de abrir o capital da matriz. No entanto, a Atento não tem tradição de sócios locais. O Brasil seria, portanto, uma situação suigeneris na estrutura mundial do grupo. Talvez o preço da liderança valha esta jabuticaba.

Nas últimas semanas, a diretoria da Telefônica/Atento vem discutindo possibilidades para reagir ao negócio encabeçado pela Oi e pela Portugal Telecom. Os espanhóis consideram que uma operação desta magnitude não pode ficar sem resposta. O grupo tem discutido, inclusive, a hipótese de aquisição de empresas de médio porte do setor. No entanto, nada teria o peso e a reverberação da operação engendrada pela Apax.

A associação entre norte-americanos e espanhóis alçaria a Tivit e a Atento a um novo patamar. A nova empresa assumiria a liderança do mercado brasileiro sob os dois principais indicadores. Juntas, as duas empresas passariam a ter um faturamento da ordem de R$ 3,2 bilhões, contra pouco mais de R$ 2,6 bilhões da principal concorrente.

Em número de posições de atendimento, a diferença ficaria no photochart, ainda assim favorável a norte-americanos e espanhóis. Eles somariam cerca de 48 mil unidades, contra 45 mil de Contax/Dedic. Cada uma das empresas teria aproximadamente 100 mil empregados. Significa dizer que, juntas, dominariam cerca de 73% dos postos de trabalho somados das dez maiores empresas de call center do Brasil.

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