Muita gente ainda evita botar contas em débito automático com medo que erros na fatura gerem prejuízo em suas contas correntes e que o estorno demore a acontecer. Uma alternativa para esse público pode ser o “débito autorizado”, uma solução criada pela Vivo de pagamento de contas via celular. Em vez de um pagamento automático, o consumidor recebe uma mensagem na tela do seu telefone, alguns dias antes do vencimento, informando o valor da fatura. Pelo próprio celular, com um clique, ele aprova ou recusa o pagamento. O serviço será gratuito para os consumidores, sendo bancado pelas concessionárias de serviços públicos, que economizarão na impressão e envio de faturas. A Vivo vai apresentar o débito autorizado a diversas concessionárias e bancos. O primeiro teste será feito com a própria conta da Vivo, no começo de 2014.
Depois de fechados acordos com concessionárias e bancos, caberá ao consumidor a decisão de botar sua conta em débito autorizado. Será preciso cadastrar-se no site da Vivo, informando CPF, agência bancária, conta corrente e o código de débito automático. Para evitar fraudes, será necessário que a linha telefônica esteja no mesmo CPF da conta a ser paga.
“O cliente terá a comodidade de pagar por telefone e com controle. Para o banco é interessante porque estaremos levando a cobrança para ele. Não haverá qualquer mudança no processo bancário”, explica Maurício Romão, diretor de serviços digitais B2C da Telefônica/Vivo.
O serviço utiliza a tecnologia USSD (Unstructured Supplementary Service Data), que permite a transmissão de dados por um canal de voz nas redes GSM. Trata-se de um espaço ocioso nas redes das operadoras brasileiras e que pode ser usado por qualquer telefone móvel, mesmo aqueles mais simples. As mensagens via USSD aparecem como “pop-ups” na tela e são uma via de mão dupla, ou seja, o usuário final pode responder através desse canal, usando o teclado do celular. O custo de cada sessão de USSD equivale a aproximadamente quatro mensagens de texto corporativas, o que é muito mais barato do que a impressão e o envio pelo correio de uma conta. Bancos estão testando o USSD como meio de autoatendimento, conforme adiantado por MOBILE TIME na semana passada. A Vivo estuda a adoção do USSD também para serviços de cobrança de terceiros, no futuro.
USSD, SMS e apps
Para o diretor da Telefônica/Vivo, o USSD não compete com o SMS: cada canal tem utilidades diferentes. O SMS é mais adequado para alertas ou comunicação com troca de poucas mensagens. O USSD, por sua vez, serve melhor quando há muitas mensagens trocadas entre cliente e servidor em pouco tempo ou quando há maior preocupação com segurança, como é o caso de serviços de pagamento que requeiram a digitação de alguma senha, pois nada fica gravado na memória do celular e o tráfego é criptografado. Os serviços de cartão de débito pré-pago no celular da Vivo e da Claro, chamados de Zuum e Meu Dinheiro Claro, respectivamente, usam USSD para as transações, por exemplo. “No USSD não fica nenhum resquício da transação no aparelho. Os bancos perceberam que poderiam usar esse canal para o mobile banking de quem não tem smartphone, o que representa 80% do mercado brasileiro. Esse público ainda não tem uma solução confortável de mobile banking. O USSD vem para ocupar essa lacuna, não para competir com os apps, que têm interface mais bonita e trabalhada”, comenta Romão.
Segundo o executivo, três bancos estão testando mobile banking com a plataforma USSD da Vivo no momento. Conforme revelou MOBILE TIME na semana passada, um deles é o Banco do Brasil. O canal está sendo usado principalmente para operações de consulta a saldo e extratos. A Vivo tem hoje dois integradores homologados para vender soluções com sua plataforma de USSD: a Via Consulting e a Spring Wireless.
Sobre a capacidade de rede para tráfego USSD, Romão garante que não há risco de sobrecarga tão cedo. “Nas conversas que tivemos com a área técnica, ninguém demonstrou preocupação em relação à capacidade. Não temos nenhum problema à vista”, garante.
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