Nolan Bushnell, criador da Atari, conta como motivar uma equipe a criar mais
Por: Rafael Farias Teixeira
Nolan Bushnell é conhecido por duas razões. Por ser criador do Atari, console de video game que surgiu em 1972, marcou a infância de várias gerações e virou ícone pop atemporal. E por ter sido chefe de um cara gente boa, trabalhador, mas que tinha um cheiro estranho porque não tomava banho depois de três dias seguidos no escritório. Esse cara, um desconhecido na época, chamava-se Steve Jobs. Durante palestra na Campus Party 2013, Bushnell também revelou – ou relembrou, para quem sabia – que deveria ser conhecido também por outro motivo: ter rejeitado um terço da iniciante Apple por uma soma de R$ 50 mil na época de sua criação. “Você não pode acertar todas”, disse, rindo.
Em seu bate-papo com os campuseiros, Bushnell falou da sua trajetória e da sua visão para o futuro da tecnologia e dos games. Mas a conversa sempre voltava para sua relação com Jobs e o que ele fez para alimentar a inquietação do então funcionário. “A criatividade é algo muito importante em uma empresa, e virar adulto é uma das coisas que a mata. Nunca cresça”, disse. Por isso, um empreendedor precisa acreditar até nas ideias mais malucas que aparecem. “É bom ser louco de vez em quando. Funciona!”, afirmou. “Uma vez eu disse para Steve que, se 99% das pessoas acharem que uma ideia é louca e apenas 1% achar que ela é boa, é essa ideia que você deverá seguir. Quanto mais revolucionária uma ideia, menos pessoas vão compreendê-la.”
Bushnell descreve Jobs como um trabalhador árduo, muito criativo e que dava importância à diversão. Atualmente, o criador da Atari está desenvolvendo um livro em que conta justamente quais foram as estratégias que ele utilizou para criar um ambiente propício à criatividade de Jobs e como aplicá-las para outros ambientes de trabalho. A obra se chama “Finding the Next Steve Jobs” (Encontrando o próximo Steve Jobs).
O livro ainda não tem data de publicação, mas Bushnell adiantou algumas dicas de como estimular sua equipe a ser mais criativa:
- A cada dia, a cada momento, pense em como você pode fazer algo diferente ou repense os seus processos e atividades rotineiras;
- Busque intensidade em tudo o que você fizer e propuser para sua equipe. Não espere apenas reações e resultados medíocres;
- Contrate aquele candidato chato. “Eu sei que é difícil trabalhar com eles, Steve era um”, diz, rindo. “Mas eles acabam ajudando bastante, e toda empresa pode cuidar de alguns deles dentro da equipe.” Muitas vezes esses membros mais irritantes ajudam a dar certa coesão e ficar de olho no trabalho do grupo;
- Mova-se! Nunca deixe seus funcionários fazendo seu trabalho na mesma posição o tempo todo. Para Bushnell, ficar em pé e trabalhar caminhando pode equivaler o mesmo que dois maços de cigarro para uma equipe que quer se manter criativa;
- Algumas vezes é importante ignorar o background de um candidato. Ele lembra que o próprio Jobs e Bill Gates largaram a faculdade para seguirem carreiras empreendedoras. “Muitas vezes o mais importante é analisar o que a pessoa pode fazer”, diz;
- Redefina o fracasso! “Um terço dos jogos que um dia eu programei eram péssimos na prática”, afirma. Deixe que os erros ensinem sua equipe os melhores caminhos a seguir. Bushnell diz que é importante não ficar muito na teoria e enveredar-se pelo prático. “Deixe que o mercado decida seu sucesso ou não”, diz.
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