Com o avanço da inteligência artificial, cresce a demanda pelo profissional especializado em ensinar computadores a pensar como humanos
Por: Tamires Vitorio
Em vez de giz, lousa e cadernos, o professor de robôs usa algoritmos. Mesmo que você nunca tenha ouvido falar em machine learning (“aprendizado de máquina”), com certeza já passou por uma situação que envolva essa tecnologia de inteligência artificial (AI).
Serviços famosos de streaming, como Netflix e Spotify, por exemplo, preparam listas de sugestões para os usuários com base em seu gosto pessoal — e o robô responsável por essa façanha não aprende isso sozinho. Quem o ensina é o cientista (ou engenheiro) de dados. Esse profissional cria cálculos que simulam o processo de decisão do cérebro de quem assiste aos filmes ou escuta as músicas. Para isso, coleta dados, enxerga padrões e insere informações no sistema.
Luiz Braz, de 33 anos, formado em tecnologia da informação pela Fatec, em São Paulo, é um desses especialistas empenhados em educar os robôs. Ele ensina as máquinas do Vagas.com. Hoje, sua principal função é melhorar a correspondência entre os candidatos e as vagas oferecidas no portal. “Estamos ensinando a inteligência artificial a entender padrões no currículo que identifiquem com maior precisão se ele é adequado ou não a um cargo”, diz.
De acordo com Luiz, uma das coisas mais importantes é tomar cuidado para não transformar as máquinas tendenciosas. “Como ela aprende com os padrões de dados, se eles são carregados de preconceitos humanos, ela pode, por exemplo, julgar que deve oferecer certas vagas só para quem fez uma faculdade renomada”, diz Luiz. “Nosso papel também é identificar quais são os vieses a ser evitados.”
Não existe no país uma graduação de machine learning, mas cursos como TI, matemática e engenharia da computação são indicados para quem deseja atuar como professor de AI numa empresa. Atualmente, a dificuldade está no plano de carreira. “Como é uma ocupação nova, é difícil dizer até onde se pode chegar. Tudo vai depender de como evoluir a tecnologia”, diz Diego Mariz, gerente sênior da Michael Page, empresa de recrutamento. Mas uma coisa é certa: a demanda por esse tipo de especialista não esgotará tão cedo.
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