Rose Souza, sócia e CEO da Verbify e da Companhia de idiomas, dá dicas de como deixar a vergonha de lado e desbloquear o idioma com outras pessoas
Muitas pessoas podem achar que a hora de se expor é quando a gente já fala bem. Afinal, ninguém gosta de passar vergonha na frente dos outros, né? Mas pensar assim só atrapalha.
Mostrar para pessoas desconhecidas a nossa jornada de aprendizagem deveria ser um motivo de orgulho e alegria, e não de medo, de vergonha. O problema é que vivemos com a régua da perfeição sobre as nossas cabeças, e, infelizmente, não somos aprendizes satisfeitos. Parece que a satisfação só chegará quando dominarmos, o que quer que seja.
Qual é o primeiro passo?
O primeiro passo é acolher você, como aprendiz. Sentir orgulho de estar aprendendo algo, enquanto tanta gente não está – por falta de oportunidade, falta de tempo, falta de gestão do tempo, falta de coragem e tantas outras razões reais (e também desculpas) pra não evoluir.
Já escrevi aqui sobre buscar ambientes e pessoas que causem em você a sensação de conforto. Eu chamo isso de simulador, falei sobre isso nesse artigo aqui na Exame. Você se joga, mas tem rede, sabe que não vai morrer se cair. O simulador ajuda muito a desenvolver a segurança, é MUITO melhor do que viciar em aprender cada vez mais a teoria, e nunca se expor.
Em qualquer aprendizado, é muito ruim não lidar com o nosso eu aprendiz (aquela pessoa que erra na frente dos outros). Encarar algumas pessoas amigas ou alguns ambientes (casa? escola? trabalho? amigas?) como simuladores, como porto seguro para você se mostrar, é um passo importante na evolução de seu aprendizado.
Como você pode explorar mais?
Você pode fingir costume…sim, fingir que está acostumado em fazer aquilo em público, quem nem tem medo nem nada, ajuda muito. É o tal “fake it, then make it”.
Na minha vida profissional, lembro que quando fui dar aula pela primeira vez na pós da FGV, eu juro que fui torcendo para acontecer um terremoto em São Paulo ou um blackout geral, algo que justificasse que não ter de fazer aquilo que iria fazer. Imagina o medo. Tentei fingir, acho que minhas primeiras aulas foram muito bem preparadas, mas bem rígidas, então, fui aos poucos fazendo melhor, até ficar confortável, e depois amar (e ser amada…hahaha).
E o medo do julgamento, das críticas?
Quanto antes você incluir pessoas diferentes nos seus processos de aprendizagem, antes você aprende. Porque vai encarar com bom humor os tropeços, entender que 99.9% das pessoas não são inimigas, nem estão julgando a sua performance. E se estiverem, elas estão, naquele momento, travando a aprendizagem delas, porque, ao invés de ouvir o que você tem a dizer, e aprender um pouco mais, elas estão julgando a forma como você diz (ou qualquer outro aspecto). Enquanto você se torna melhor, elas estão lá apontando o dedo e sendo o que elas sempre foram, sem evoluir.
Então, tá com medo?
Vai lá e faz, com medo mesmo. E faça tantas vezes, até o medo cansar e ir embora. Essa fórmula é infalível na aprendizagem.
Vai descobrindo a teoria enquanto faz
Claro que cada aprendiz é de um jeito, mas tenho certeza de que se você fez experiências na aula de Ciências, e também estudou teorias, você se lembra mais das experiências do que das teorias.
Onde você pode explorar mais?
Se você nem ninguém corre riscos, descobrir a teoria ao fazer ou construir a teoria junto com a prática, ou depois da prática, é a estratégia mais vencedora em qualquer jornada de aprendizagem
Em idiomas, se você falar errado e for percebendo seus erros aos poucos, com ou sem ajuda de um professor, você está construindo seu conhecimento. Se você só estudar teoria, e não tiver coragem de falar com as pessoas, você nunca vai falar um idioma.
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