Por: Vicky Bloch
Na semana passada, tive o prazer de participar de um evento em São Paulo com o guru de coaching Marshall Goldsmith, um dos nomes mais respeitados mundialmente quando o assunto é liderança. Tenho acompanhado a evolução dos conceitos de Marshall há muitos anos e, sempre que o ouço, vejo como é fundamental termos em nossas atividades profundo autoconhecimento, humildade e prontidão para o que acontece no mundo e na sociedade.
Suas colocações no evento me trouxeram ainda mais clareza de que nosso atual momento requer um maior acolhimento ao semelhante. Isso fica evidente no conceito de “feedforward”, um contraponto ao conhecido feedback e que significa olhar para o futuro, e não para o passado, na hora de avaliar o desempenho de funcionários. O conceito, criado por Marshall há mais de uma década – mas infelizmente ainda pouco aplicado pelas empresas no Brasil-, aponta para a direção de se dar ideias e orientações para o aperfeiçoamento de suas competências. De fato, por aqui ainda contamos nos dedos as empresas que efetivamente conseguiram incorporar uma cultura de feedback constante e produtiva.
Marshall prega que, para saber se a performance de um profissional está em linha com as expectativas das lideranças e, ainda, identificar o que precisa ser melhorado, seria muito mais útil se a conversa de feedback fosse focada na infinita variedade de oportunidades que esse profissional pode ter no futuro em vez de se basear em críticas a atitudes passadas, de forma limitada e estática. Além disso, evitaria uma série de julgamentos inerentes à posição de quem dá o feedback.
Nos testes que aplicou a milhares de lideranças nas últimas décadas, ele concluiu que o “feedfoward” foi sempre avaliado como divertido e útil, enquanto o feedback tradicional visto como doloroso, embaraçoso ou desconfortável. Eu não poderia concordar mais com ele – quem me acompanha sabe que há muito tempo sou crítica aos modelos de avaliação de desempenho aplicados pelas empresas no Brasil.
É mais produtivo ajudar as pessoas a aprenderem a fazer “certo” do que mostrar-lhes o que estavam fazendo “errado”, aponta Marshall, que é autor de diversos best-sellers sobre o tema. Mesmo o que acreditamos ser um feedback construtivo é muitas vezes visto como negativo, uma vez que envolve necessariamente uma discussão de erros, falhas e problemas, enquanto o “feedforward” é percebido como positivo, porque se concentra em soluções e melhorias, não em problemas.
Acho esse exemplo que ele traz em um de seus artigos muito simples e ilustrativo: imagine que você acabou de fazer uma péssima apresentação na frente do seu comitê executivo. Seu gestor, ao invés de te fazer “reviver” a experiência humilhante, te traz sugestões positivas para apresentações futuras sem ficar apontando para todas as falhas da anterior. Desta forma, ele pode cobrir os mesmos pontos da crítica só que de forma muito mais construtiva.
Já está mais do que comprovado que as críticas recebidas em um feedback tradicional são levadas para o pessoal e trazem mais prejuízos à autoestima dos profissionais do que motivação para melhorar – independentemente da forma como ele foi apresentado pela liderança. É claro que não se pode ignorar desempenhos anteriores e metas não cumpridas, mas isso tem pouco efeito construtivo quando o objetivo é falar sobre desenvolvimento de pessoas.
Volto ao que disse no início deste artigo: estamos precisando de mais acolhimento. Ao entendermos o que realmente motiva o outro, estamos não apenas contribuindo para uma maior autoconfiança dos indivíduos, mas também colaborando para a melhoria de performance e, consequentemente, gerando melhores resultados para as organizações. Teremos equipes mais motivadas, dedicadas e menos defensivas.
Com todas as mudanças que estamos vivendo e que ainda virão pela frente, essa construção para o futuro acolhendo a experiência do passado é preciosa. A prática desse comportamento de liderança descrito por Marshall pode ajudar criar a ponte com esse futuro ainda desconhecido.
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