Pesquisa realizada pela CareerBuilder mostra os principais comportamentos que atrapalham o crescimento na empresa
Por: Maria Amélia Vargas
Bom desempenho, resultados satisfatórios, qualificação mínima e especialidade em determinada atividade podem até garantir a sua permanência na empresa, mas não a ascensão.
Para crescer na carreira, é preciso ir além de simplesmente executar a sua função e se empenhar para superar as expectativas que a organização tem sobre você. Ou seja, a esperada promoção só ocorrerá quando houver equilíbrio entre as competências técnicas e comportamentais.
Atitudes positivas — ser proativo, responsável e disponível, por exemplo — contam muito na hora de decidir quem ocupará determinado cargo. Da mesma forma, condutas erradas — como mentir no trabalho, fazer fofoca ou chegar constantemente atrasado — podem lhe custar o cargo almejado.
Os principais empecilhos para o avanço profissional foram levantados por uma pesquisa realizada pela empresa norte-americana CareerBuilder, que ouviu mais de 2 mil recrutadores (veja mais no quadro ao lado).
Na avaliação de Lúcia Mendes, gerente de recursos humanos da Ceviu (site de recrutamento que representa a CareerBuilder no Brasil), os resultados da pesquisa feita nos EUA também se retratam a realidade dos brasileiros:
— De modo geral, essas questões se repetem em qualquer lugar. Pessoas que dizem “esse não é o meu trabalho”, primeiro item no ranking do estudo, demonstram pouca disponibilidade. Muitas vezes, o gestor propõe um desafio a mais justamente para avaliar quem tem condições de assumir um projeto maior no futuro.
Quem se nega a fazer um pouco além do seu job description (descrição das funções de um cargo), está fechando uma porta sem se dar conta. Pois a promoção não se define necessariamente por assumir um cargo de chefia, analista Rafael Souto, diretor-executivo da Produtive — Outplacement e Planejamento de Carreira. Fazer parte de um grupo designado a participar de um novo empreendimento da companhia, ser convidado para assumir um cargo no Exterior (mesmo que no mesmo nível hierárquico no qual se encontra), receber subsídios para um curso ou ampliar o seu rol de responsabilidades na organização podem ser uma forma de os líderes mostrarem que estão investindo em você.
— Há diversas formas de sinalizar que aquele profissional está sendo visto de forma diferenciada e que a empresa tem planos para ele. Além disso, há como crescer de forma horizontal, tornando-se especialista no que faz. O importante é a carreira não estar parada — afirma Souto.
Quando o profissional percebe que está há muito tempo na mesma atividade, o ideal é buscar feedback com seus gestores e pares. Segundo Érica Halty, coach e especialista em gestão de pessoas, o próprio profissional pode ter dificuldade de identificar sozinho suas falhas.
— Sempre dá para melhorar. A partir do momento em que souber o que está errando, o profissional pode descobrir formas de lidar com isso. Mas primeiro precisa querer e se esforçar para isso, depois mostrar e anunciar que irá mudar. Dessa forma, será percebido quando começar a colocar em prática ações que revertam essa imagem negativa — ensina Érica.
As questões apontadas no levantamento, entretanto, podem variar de acordo com a cultura da empresa, o tipo de trabalho e a circunstância atual.
— Para determinadas áreas de atuação, ser criativo vale muito mais do que chegar no horário. Em outras, a pontualidade na visita ao cliente se faz mais necessária do que no relógio-ponto. Há quesitos comportamentais, como o item “chorar no trabalho”, que costumam ser vistos de forma diferente no Brasil do que nos Estados Unidos, por sermos mais emocionais do que eles — destaca Lívia Falland, hedhunter da De Bernt Entschev Human Capital em Porto Alegre.
No caminho certo para a evolução
Formado em administração de empresas, Arildo Bennech Oliveira Junior, 33 anos, começou a vida profissional na empresa da família. Mas ele queria alçar voos mais altos. Para isso, decidiu buscar qualificação no Exterior e, quando voltou de Barcelona, conseguiu colocação na Souza Cruz. Com objetivo de crescer ainda mais, a partir de um trabalho de desenvolvimento de carreira, galgou novas oportunidades e conquistou promoções significativas.
— Comecei como gerente territorial de vendas em Chapecó, em Santa Catarina. Depois assumi o mesmo posto em Porto Alegre e hoje sou gerente de marketing, responsável pelos dois Estados. Sempre estive empenhado em entregar resultados e atento aos feedbacks para buscar o aperfeiçoamento — conta o profissional.
A pesquisa
A CareerBuilder ouviu, entre 14 de maio e 5 de junho deste ano, 2.076 empregadores e profissionais de recursos humanos. Foram questionados os fatores que podem fazer o candidato perder uma promoção.
A pesquisa também revelou que as promoções não são necessariamente acompanhadas por maior remuneração. Quase dois terços dos empregadores (63%) disseram que a promoção de suas empresas nem sempre envolvem aumento salarial.
Veja ao lado o que pode ameaçar uma oportunidade de crescimento
Dizer “esse não é o meu trabalho” (71%)
Chegar atrasado com frequência (69%)
Mentir no trabalho (68%)
Tomar para si o crédito de colegas (64%)
Sair mais cedo do expediente (55%)
Tomar ‘liberdade’ com despesas (55%)
Fazer fofocas (46%)
Não se vestir de acordo com o ambiente (35%)
Fazer juramentos (30%)
Não falar nada em reuniões (22%)
Chorar no trabalho(9%)
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