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O que mais afeta a saúde dos executivos

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Época Negócios
10 de janeiro de 2016 - 14:02

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As empresas já não veem com bons olhos quem não faz checkup, não segue as orientações médicas e está fora de forma

Mexa-se

Não há mais lugar para desculpas

Falta de tempo agora é inaceitável pelas empresas para justificar a vida sedentária, alimentação desbalanceada e deixar de seguir as recomendações médicas depois dos checkups. As empresas querem produtividade e custos menores com planos de saúde

Cuidar da saúde não pode mais ser algo condicionado apenas a exames, consultas e exercícios encaixados nas raríssimas sobras de tempo na agenda. Tem mais é que fazer parte da agenda. Caso contrário, vai complicar a carreira, e não só pelo efeito direto de doenças que virão, mais cedo ou mais tarde. Sinais de saúde ruim são vistos cada vez mais de forma enviesada pelas empresas. Significam produtividade menor e custos maiores, por vezes cobrados pelos planos de saúde ou seguradoras na renovação da apólice. Segundo o IBGE, desde o Plano Real, em julho de 1994, até o final de 2014, o custo dos planos de saúde subiu mais de 200 pontos acima da inflação. Placar: 558% a 345%. Isso na média geral. Planos de executivos costumam ter peso maior – são mais abrangentes e mais caros.

Se você é executivo e quiser ter uma vida boa e ao mesmo tempo ter sucesso profissional, trate de se cuidar. É preciso seguir as avaliações médicas, e isso o empregador vai lhe dizer, em algum momento. Veja o caso da mineira Algar Tech, que aplica um corte de 10% nos bônus para quem não cumpre metas individuais de melhoria da saúde. No primeiro ano, a maior parte dos executivos era sedentária e estava fora de forma. Dez anos depois, em 2014, 94% bateram as metas. “Vários dos nossos diretores, hoje, participam de corridas”, diz Maria Aparecida Garcia, diretora de talentos da empresa. Nas reuniões de trabalho, bolos de farinhas integrais, frutas e sucos são obrigatórios. Fora da ordem, só mesmo uma concessão especial à tradição mineira: o pão de queijo.

Há métodos e métricas para saber quem faz o quê. Na Telefônica Vivo, por exemplo, está em fase de implantação um sistema de acompanhamento da saúde. O primeiro passo será mapear o uso do plano. A partir daí, a AxisMed, empresa responsável pelo levantamento, definirá um plano de ação e incentivo a mudanças de hábito e cumprimento de recomendações médicas. No limite, diz Fábio Boihagian, diretor de AxisMed, são enviados profissionais de saúde até a casa do funcionário. “As pessoas possuem riscos diferentes”, afirma. “A mesma solução não funciona para todos.”

Quando o novo sistema começar a funcionar, a Telefônica Vivo vai poder acompanhar o comportamento dos gastos com saúde – uma redução é tida como certa. “Temos expectativa de retorno de 1,5 a 1,8 vez o investimento”, afirma Gustavo Quintão, gerente de promoção à saúde e segurança do trabalho da empresa. Não por menos, outras empresas estão no mesmo caminho – CSN, Santander, Siemens, Whirlpool e Votorantim, segundo Boihagian, estão entre os clientes da AxisMed.

As preocupações das empresas estão apoiadas em estatísticas. Pesquisas de instituições como o Hospital Albert Einstein e a operadora de saúde Omint apontam que, apesar de um desejo crescente de entrar na linha, o topo da pirâmide empresarial brasileira tem se alimentado mal e apresenta sinais de saúde que inspiram atenção. De acordo com números do Einstein, 60% dos submetidos a checkups no hospital não fazem atividades físicas e estão obesos; 50% apresentam altos índices de colesterol e triglicérides e 40% têm gordura no fígado. Sintomas de estresse foram encontrados em 15%. No estudo da Omint com executivos, 20,5% dos homens entre 40 e 60 anos e 48% dos homens acima de 60 anos apresentaram risco cardiovascular aumentado (RCA), o que significa que têm ao menos duas doenças crônicas importantes, como hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto. Para piorar, segundo a operadora de plano de saúde, tem crescido entre os avaliados o consumo de gorduras como manteiga e bacon.

Só o checkup, hoje oferecido por 85% das empresas aos seus executivos, segundo a consultoria Hay Group, não basta, se as recomendações depois dele não forem seguidas. Mudanças de hábito são essenciais para combater sedentarismo e sobrepeso, principais fatores de risco de doenças cardiovasculares, as que mais matam no Brasil, especialmente os homens. As mulheres cuidam-se mais, mas enfrentam outros problemas, como os desequilíbrios hormonais. Esses assuntos são tratados nas reportagens seguintes.

Mudança de hábitos

Dê um passo de cada vez

Não tenha pressa. Comece com uma fruta por dia, tire a manteiga. Vá a pé quando possível, depois passe a caminhar meia hora quatro dias por semana. Acrescente umas sessões de pilates e você será um ex-sedentário.

Abandonar repentinamente uma rotina de sedentarismo e alimentação negligente costuma trazer resultados indesejados, mesmo para quem tem índices fora da curva nos exames de laboratório e mau desempenho na esteira. Há que mudar, sim, mas vamos com calma. “O que recomendo é começar com pouca ambição. Um passo de cada vez”, diz Caio Soares, diretor médico da Omint, operadora de planos de saúde voltada ao alto escalão das empresas.

Uma medida eficaz, diz o médico, é comer uma fruta por dia. As frutas não têm conservantes, nem acidulantes. E têm uma quantia de açúcar que ajuda a saciar a fome durante o dia. “Já é uma grande mudança”, afirma. “Em 15 dias o corpo já é outro. O metabolismo melhora.” Outra providência é cortar gorduras de efeito cumulativo, como a manteiga.

A mesma lógica vale para exercícios físicos. No esforço para incorporá-los à rotina vale, se possível, ir a pé para o trabalho, ou mesmo instalar uma esteira em locais menos austeros do que uma academia, como a sala da própria casa, diz Nelson Carvalhaes, médico responsável pelo checkup do Fleury. “Caminhar meia hora, quatro vezes por semana, já é um bom começo. Se somar a isso algo como duas sessões de pilates, a pessoa sai logo da condição de sedentário”, afirma Carvalhaes.

Para conseguir resultados, a recomendação de Raquel Conceição, gerente médica do Hospital Albert Einstein, é estabelecer prioridades e metas em parceria com um médico e com base nos resultados de checkups. Para quem está mal, segundo ela, não adianta atacar tudo ao mesmo tempo. O ideal é começar pelo que for mais fácil, o que ofereça menos barreiras e, a partir daí, seguir um plano de ação maior, com a ajuda de parceiros. “A ideia é repetir com a saúde, na vida pessoal, o que o executivo costuma fazer no dia a dia do trabalho”, afirma.

Para colocar essas ideias em prática, segundo Raquel, costuma ser muito importante encontrar um médico de confiança acessível e com quem seja possível manter uma relação mais próxima. “Alguns estudos mostram que o tratamento de pacientes que têm empatia com o médico apresentam resultados muito mais efetivos”, diz a médica.

Mulher

Saiba usar bem os hormônios

Para marcar compromissos, a executiva pode tirar proveito das fases do ciclo mensal, de acordo com seu interesse – se é para ser mais competitiva ou se é para ser mais cooperativa

Elas são mais saudáveis por natureza. Por causa dos hormônios, as mulheres estão menos sujeitas a doenças cardiovasculares até os 55 anos e, na média, têm expectativa de vida mais longa. De acordo com a última estatística do IBGE, a expectativa de vida das mulheres é de 78,3 anos, em comparação aos 71 dos homens. Mas existem contrapartidas na vida profissional, como a necessidade de interromper a carreira para ter filhos e os salários muitas vezes mais baixos. Fora isso, têm de saber lidar com os hormônios – os altos e baixos do ciclo menstrual, que afetam o humor e podem atrapalhar a rotina.

Essa diferença, porém, pode, se não ser totalmente contornada, ter os efeitos minimizados. Há quem defenda que as mulheres devem saber tirar proveito das oscilações hormonais consideradas, a princípio, desvantagens. Basta conhecer cada fase do ciclo, segundo Eliezer Berenstein, ginecologista e obstetra, autor de A Inteligência Hormonal da Mulher.

Um bom exemplo de aplicação prática dessa ideia está nas possibilidades de agendamento de reuniões de trabalho.

De acordo com Berenstein, nos 15 dias da primeira etapa do ciclo menstrual a mulher tende a ser mais psicoativa, extrovertida e competitiva. Na segunda fase, passiva, protetora e cooperativa. “Se ela sabe que uma reunião será marcada por conflitos, pode agendá-la para a primeira fase do ciclo”, diz Berenstein. “Se sabe que precisará ser mais conciliadora, o ideal é deixar para a segunda fase.”

Muita atenção deve ser dada também à variação hormonal ao longo da vida. Em levantamentos feitos ao longo de cerca de 30 anos de vida profissional, no consultório e em empresas, Berenstein diz que encontrou 21% das mulheres próximas da menopausa descompensadas hormonalmente. Outras 29% enfrentavam a síndrome ou tensão pré-menstrual. “Mulher com TPM precisa se tratar”, diz o médico, que classifica o mal em quatro tipos:  A, caracterizado por ansiedade; C, pela compulsão por doces, limpeza e horários; D, pela depressão e pela culpa; e H, por inchaço e ganho de peso (o “h” vem de retenção hídrica).

Conhecer as conse­quências da maternidade para a carreira, de acordo com a fase da vida, também ajuda. Berenstein afirma que ser mãe dos 22 aos 30 anos, antes da realização profissional, pode exigir a terceirização na criação dos filhos. “É uma decisão que, do ponto de vista hormonal, é muito difícil. Se um filho fica doente, a mulher se volta totalmente para ele. E isso leva a uma TPM muito forte”, diz.

Por outro lado, mulheres mais velhas, entre os 35 e os 40 anos, com a carreira já estabilizada, podem ter mais dificuldade para ter filhos, afirma Berenstein. Isso porque o estresse provocado por posições hierárquicas mais altas dificulta e/ou complica a gravidez.  Segundo o médico Eduardo Finger, coordenador de pesquisa e desenvolvimento do SalomãoZoppi Diagnósticos, laboratório especializado no público feminino, a pressão do trabalho, por período prolongado, muda a composição hormonal. “Hoje existe a opção de retirar, congelar e depois reimplantar óvulos”, afirma Finger. “Há mulheres que engravidaram aos 60 anos, mas é preciso ter em mente que uma gravidez após os 35 anos tem, sim, maior risco”, diz o médico.

Viagens

Para antes do checkin

Especialistas em medicina do viajante mapeiam riscos nas cidades e países de destino e dão dicas para minimizar o desconforto em viagens longas

Viajar pode ser um problema de saúde – e as preocupações vão além das dificuldades de fazer exercício ou seguir uma dieta mais restritiva em meio a almoços e jantares de trabalho. A viagem em si é um risco, muitas vezes grande, para o executivo, principalmente os expatriados, com longa permanência fora do país. A simples saída para países africanos já demanda vacinação contra a malária. No subcontinente indiano, na Ásia e na América Latina, a febre tifoide corre solta.

Enquanto isso, a China é um dos grandes focos de epidemias de gripe aviária no mundo. E mesmo países desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos, dependendo da região, têm surtos de doenças para as quais a maior parte dos brasileiros não está imunizada. “Uma dessas doenças, por exemplo, é o vírus do Oeste do Nilo”, diz Jessé Reis, médico do laboratório Fleury. A Hepatite A, na Europa, outra.

Checkups pré-viagem, feitos em grandes laboratórios como o Fleury, cobrem desde a análise do itinerário internacional e do calendário de vacinas até os hábitos, o estilo de vida e o estado de saúde do viajante. São identificados riscos possíveis de evitar não só com vacinas, mas com medicamentos e com medidas até banais, como o uso de repelente. Já há uma especialidade nova para tratar desses assuntos, a medicina do viajante.

Doentes crônicos podem precisar levar medicações de emergência ou receber orientação sobre efeitos adversos de medicamentos e locais de atendimento no exterior. Para viajantes frequentes, valem também dicas simples, como minimizar o jet lag. “Nesse caso, quem chega pela manhã tem de evitar dormir. O ideal é sair para caminhar, pegar um sol, fazer algo para entrar no fuso horário do destino o mais rápido possível”, afirma Reis.

No caso de orientações sobre epidemias e vacinas, um dos principais centros de referência na área é o Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo. Mas, de olho no tempo curto do executivo, serviços especializados como os do Fleury atendem aqueles que não podem dar uma passada de última hora no médico antes do embarque. Estão disponíveis, até mesmo, videoconferências.

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