Por: Gilberto Guimarães
Depois de trabalhar por 14 anos em uma grande companhia do setor de autopeças, fui demitido há três semanas junto com outros gerentes e funcionários. A desculpa, claro, é a crise. Entendo que a indústria onde atuo passa por um momento complicado, assim como todo o país. No entanto, fiquei muito abatido com a forma com que o desligamento foi feito. A impressão é que a companhia não se importa realmente com os funcionários, pois bastou uma queda nos lucros para que uma grande quantidade de trabalhadores fosse dispensada. Estou desmotivado e não acho que vou encontrar trabalho nesse setor, onde tenho experiência. O que devo fazer?
Gerente, 43 anos
Resposta:
A crise e as reestruturações romperam os compromissos sociais anteriores. O contrato implícito de trabalho entre a empresa e empregados era estabelecido sobre o conceito de lealdade mútua. Neste momento, as empresas buscam sobreviver e demitem os empregados, sobretudo os com remunerações mais elevadas.
A perda do trabalho é seguramente uma das piores sensações vividas pelo ser humano. O importante é tentar manter o equilíbrio, controlando o ressentimento, a ansiedade e a angústia.
Evite “dar um tempo” ou sair de férias. Sair de férias, mesmo que você esteja merecendo um descanso, só vai fazer você gastar seu dinheiro e atrasar a sua volta ao mercado.
A primeira coisa a fazer é estabelecer um novo orçamento familiar. Analise suas despesas e contas mensais, separe as que são fundamentais e as que podem ser reduzidas ou mesmo cortadas. Estabeleça um novo padrão de vida de acordo com a nova disponibilidade financeira. Tenha muito cuidado com propostas “maravilhosas”, de gente que quer tê-lo como sócio em um negócio ou que sabem de um investimento infalível, altamente rentável. Muita gente já perdeu todo o seu dinheiro por ter acreditado em pessoas inescrupulosas.
O segundo passo é tentar descobrir o que aconteceu, mas não com o ressentimento da demissão. É preciso buscar as respostas com pessoas que conhecem bem você e a situação. No caso de uma demissão, é fácil culpar a crise, o mercado, as tensões políticas ou imaginar uma divergência com a chefia. Mas talvez seja útil reconhecer sua parte de responsabilidade no contexto.
Existem, contudo, duas armadilhas a serem evitadas: autoflagelar-se, afundando-se em culpas e expondo-as a um entrevistador, ou jogar toda a responsabilidade nos ombros da chefia anterior. O importante é que você saiba a causa e consiga comunicá-la a um entrevistador sem passar mágoas e ressentimentos.
O passo seguinte é buscar autoconhecimento. Descobrir no que você é bom, o que faz bem, o que gosta de fazer e quais as suas competências. Para isso, procure apoio, evite fazer sozinho. Busque conselheiros que possam ajudar a fazer esse balanço. Descubra suas motivações, desenvolva sua capacidade de resolver problemas e de superar as dificuldades comportamentais como a baixa autoestima, os medos e o sentimentos de fracasso.
A partir daí, monte sua oferta para o mercado. Defina que problemas você sabe resolver, reescreva seu projeto de vida e de carreira. A grande maioria dos que tem sucesso profissional sabe com certeza o que querem e aonde querem chegar. Por outro lado, aqueles que se encontram em situação difícil, normalmente, não têm planos, mas estão disponíveis para o que der e vier. Mas isso não basta. Em qualquer entrevista de recrutamento a assertividade sobre o que se espera do futuro tem peso considerável na escolha.
Finalmente, é hora de encontrar no mercado quem precisa das suas soluções. Utilize todos os meios e recursos nessa busca. O apoio de familiares e amigos será importante nessa fase. Assim, deixe que as pessoas saibam que você está em busca de uma nova oportunidade de trabalho.
Use o tempo disponível para se atualizar e frequentar palestras, eventos, feiras e congressos. Mantenha-se exposto, informado e visível em várias frentes, usando todas as mídias. Seguindo esses passos, mais cedo ou mais tarde você vai conseguir encontrar uma nova oportunidade e ficará melhor do que antes.
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