Entenda como evitar saias justas ao conduzir uma mudança de área e aproveite os benefícios de encarar um novo desafio sem precisar trocar de empresa
Por: Cibele Reschke de Borba
Crescer numa mesma empresa conquistando aos poucos posições melhores ainda é o percurso mais comum de carreira.
No entanto, esse movimento profissional trivial ganhou complexidade nos últimos anos nas empresas que adotam regras para a transferência de funcionários.
Ao criar políticas para o recrutamento de empregados, as companhias passam a medir quem é mais adequado ao posto, aumentando a possibilidade de obter bons resultados e criando um ambiente de trabalho mais justo.
Entre as participantes do guia VOCÊ S/A As Melhores Empresas para Você Trabalhar 2013, lançado em setembro, 80% preferem promover empregados para as vagas existentes a contratar gente de fora. As regras produzem dúvidas sobre a melhor estratégia para conquistar uma vaga.
Há receio de negociar mal a posição, de abordar chefes inadequadamente e de parecer carreirista, por exemplo. “Em cada movimentação, existe esse cenário que dá um frio na barriga”, diz Rogério Martins, de 52 anos, que acaba de assumir a vice-presidência global de desenvolvimento de produtos da fabricante de refrigeradores Whirlpool.
Conheça as maneiras de conseguir uma transferência sem traumas.
Descubra o motivo
De acordo com Telma Souza, diretora de recursos humanos da recrutadora Catho, de São Paulo, existem dois tipos de mobilidade interna. O primeiro é pacífico, motivado pela vontade de crescer do funcionário. O segundo é conflituoso, causado por má adaptação do profssional ao time ou ao gestor.
Para evitar esse segundo tipo, é preciso buscar as razões do desejo de mudar. Você gosta do que faz? Seu objetivo é um salário melhor? Odeia seu trabalho? Ao ingressar num programa de transferência, a área de recursos humanos vai querer entender seu momento na carreira, e por isso é melhor pensar nessas perguntas. Se você quiser mudar por problemas de relacionamento com o chefe, o RH pode ser procurado.
Conheça as regras
As regras de um recrutamento interno variam de lugar para lugar. Antes de tomar alguma decisão, é preciso se informar: quais são os pré-requisitos, qual é o prazo, quem deve ser informado primeiro e de quem é a decisão final. A empresa deve dizer quem avisa o chefe e em que etapa do processo isso ocorre.
O ideal é que seja o RH ou o gestor da área para onde a pessoa deseja se transferir. Em empresas que têm recrutamento interno, o chefe costuma ajudar. “Meu próprio chefe indicou a vaga para mim”, diz Cassiano Mecchi, de 30 anos, especialista em recrutamento do Google, que conquistou uma vaga na unidade da empresa na Irlanda.
Mostre o que sabe
Quando o profissional trabalha por muito tempo numa mesma área, pode sentir insegurança em mudar de função. Nesse caso, a transferência deve ser encarada como uma busca por novo emprego. “O profissional deve olhar as habilidades que já tem e as que faltam para a nova função”, diz Lucas Peschke, diretor da consultoria Hays, de São Paulo.
Quando uma vaga é aberta para pessoas de fora da empresa, a vantagem de quem já é funcionário está no conhecimento do ambiente e da cultura — vale a pena vender isso. De qualquer maneira, é importante manter-se atualizado. Nesses casos, participar dos treinamentos que a própria empresa oferece é uma forma de demonstrar essa atualização.
Siga suas metas
A transferência deve estar alinhada com seu objetivo de carreira. O profissional deve reavaliar suas aspirações antes de se candidatar
e ter certeza de que a vaga contribuirá para seu crescimento. Caso contrário, a mudança não trará benefício. Procure conversar com profissionais mais experientes antes de ir em frente. “
“A pessoa que atira para todas as direções perde credibilidade”, diz Telma, da Catho. Essa análise deve ser feita também porque você terá de convencer a empresa de que pode contribuir se assumir o posto.
Enfrente o chefe
E se o chefe tentar barrar a mudança? Embora não seja a regra, esse tipo de situação ocorre. Perder uma peça da equipe atrapalha qualquer chefe. Gilvan Alencar, de 30 anos, técnico de operações da PSG Telecom em Teresina, no Piauí, sofreu para escapar de um líder que adiou por três meses sua mudança.
“Ele tentava me intimidar ao dizer que eu não me adaptaria à nova área”, afrma Gilvan. “Eu tentei convencê-lo, mas precisei levar o caso ao superior dele.”
Para Silvia Tyrola, diretora de capital humano e sustentabilidade da consultoria Accenture, a melhor solução em situações como essa é reportar o assédio a alguma instância da empresa, como ouvidoria ou RH, para que defendam os interesses do funcionário.
Aumente suas chances
Parte do sucesso de uma movimentação interna é atribuída à qualidade do trabalho realizado na área anterior e à reputação que você cria entre chefes e colegas. Um profissional com bom desempenho terá, portanto, maiores chances de obter uma transferência.
A mudança de Fernando Godoy, diretor de operações no ambiente de trabalho da Accenture, foi planejada. Ele liderava há três anos um projeto que já estava estabilizado e, antes de procurar uma nova área, treinou integrantes de sua equipe para substituí-lo. “Se você tem credibilidade no seu trabalho e mostra que a mudança é um passo natural para seu crescimento, a empresa até incentiva”, diz Fernando.
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