O que a geração Z, que está a um passo de estrear de vez no mundo corporativo, pode ensinar e aprender com profissionais da geração Y? Especialistas respondem
Por: Camila Pati
Eles sucedem a geração Y, começam a dar os primeiros passos em direção à vida profissional e já há quem especule sobre seus futuros rumos de carreira. É a geração Z se revelando ao mundo corporativo.
Nascidos a partir do fim da década de 1990, aprendizes e estagiários se preparam para mostrar ao mercado de trabalho a que vieram, enquanto especialistas começam a desvendar seu jeito de pensar, que, em última instância, é o que define uma geração.
“Muito do que se fala da geração Z ainda é especulativo e o próprio conceito de geração não é científico”, diz Sidnei Oliveira, especialista em conflitos de gerações.
Ele e Eline Kullock, presidente do Grupo Foco, defendem que é o modelo mental que permite distinguir uma geração de outra.
Embora haja controvérsias no que diz respeito à etapa exata de vida em que se encontram os primeiros expoentes Z (já que a maioria ainda está, sim, atarefada com as provas do Ensino Médio), é fato que, em um futuro próximo, a geração Y passará a conviver de perto com estes seus sucessores na hierarquia corporativa.
E o que a geração Z tem a ensinar e aprender com seus predecessores da Y? Veja algumas possibilidades levantadas pelos especialistas:
O que a geração Y pode ensinar para a Z
1. As “dores” do conflito geracional
Menos adaptada às mudanças, a geração X (nascidos do começo de 1960 ao fim dos anos 1970) foi, em um primeiro momento, a “pedra no sapato” dos jovens Y no mercado. E este conflito tem muito a acrescentar à estreia da geração Z no mundo corporativo.
“A geração Y teve um aprendizado dolorido no convívio com a geração X. A Z pode aproveitar isso, se tiver a habilidade de aprender”, diz Julio Amorim, sócio fundador do Great Group.
Para justificar esta lição, o especialista usa uma metáfora. Para ele, é como se a geração Y fosse o “filho mais velho” e a Z, o irmão menor.
“Geralmente, o filho mais velho teve que se adaptar a regimes mais rígidos, enquanto o filho mais novo já cresceu sabendo lidar com este aprendizado”, diz.
Na opinião dele, tudo leva a crer que a geração Z, observando o conflito geracional, saberá lidar melhor com as diferenças de idade no ambiente de trabalho. “Se esta geração entender isso logo, poderemos ter, em breve, mais líderes da geração Z do que da Y”, diz.
2. A referência do que não fazer
Exposta mais tarde às frustrações do mercado de trabalho, a geração Y enfrenta hoje uma infelicidade latente, segundo Sidnei Oliveira.
“A geração Y começa a sentir o peso de suas escolhas e sente-se frustrada por não ter, na casa dos 30 anos, alcançado o que seus pais, da geração X, já tinham nesta idade”, diz o especialista.
Assim, o jovem Z pode perceber os tropeços de seus colegas Y como exemplo do que não fazer e mudar de estratégia. “Ele (jovem Z) vê a geração Y pagar um preço alto por ter se colocado expectativas que não condiziam com a realidade e ter se acomodado ao excesso de proteção dos pais”, diz Oliveira.
A entrada tardia no mercado, mudanças de curso universitário, um sem-número de empregos até os 30 anos e os custos da maturidade profissional tardia são alguns dos aspectos que podem fazer a geração Z repensar estratégias de carreira, na opinião dele.
3 O valor a partir de entregas e resultados efetivos
“Os da geração Z mudam a toda hora, não pensam em longo prazo”, diz Felipe Cataldi, sócio fundador da Betalabs. Exemplo de sucesso na geração Y, Cataldi diz já sentir grande diferença de modelo mental entre os Y e os Z.
Para ele, uma grande lição dos mais velhos aos mais novos está relacionada à importância da execução das tarefas e do fechamento de ciclos.
e não são tão especiais assim e que vão mostrar o seu valor ao mercado a partir do trabalho”, diz Cataldi. Lição essa que a geração Y, segundo os especialistas, vem aprendendo a “duras penas”.
O que a geração Z pode ensinar para a Y
1. Agilidade em ambientes multidisciplinares
Se a geração Y é multitarefa, a Z é multidimensional, segundo Sidney Oliveira. “Esses jovens trabalham em diversas dimensões, ao mesmo tempo”, diz ele.
Essa agilidade para lidar com a avalanche de dados a que profissionais são submetidos hoje em dia é um legado que a geração Z pode deixar para o futuro. “A informação está na corrente sanguínea da geração Z”, afirma o especialista.
2. Os problemas como oportunidades para a criatividade
De acordo com Eline, a evolução em métodos educacionais permite à geração Z ser mais criativa. “A escola permite ao aluno elaborar o conteúdo, sem podá-lo”, diz.
Em outras palavras, a educação tem sido menos ancorada no “certo e errado” e mais voltada para a tentativa e erro, o que estimula a criatividade na solução de problemas.
Os games, acrescenta Eline, também desempenham papel importante na maneira de agir da geração Z, baseada na experimentação até chegar o resultado.
Em tempos de inovação como condição de sobrevivência, a criatividade das novas gerações é algo que já é e continuará sendo muito celebrado. Desde que alinhada à execução, é claro.
3. Autoconhecimento
As diferenças aqui são vistas como catalizadoras do autoconhecimento, segundo Oliveira. Ao perceber o novo jeito de trabalhar de seus pares da geração Z e ter que lidar com novas maneiras de pensar, os profissionais da Y vão se conhecer melhor também.
“A geração Y entrou no mercado confrontando a geração X e agora que vai conquistando seu espaço, começa a reclamar da geração Z de forma até pior do que seus pares da X o faziam deles”, diz Sidnei Oliveira.
Se mantiver o radar ligado, o profissional da geração Y vai – a partir da entrada da Z no mercado – entrar em um processo de autoconhecimento, revendo atitudes e ajustando comportamentos, na opinião dele.
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