Na cultura chinesa, o mesmo ideograma que representa a palavra crise significa também oportunidade. E foi esta a tese amplamente defendida por Paulo Alvim, gerente da Unidade de Acesso a Mercado e Serviços Financeiros do Sebrae, que protagonizou o painel “Crédito e consumo em época de crise” na 8ª edição do Congresso de Crédito e Cobrança, realizado pela CorpBusiness, no final de julho, em São Paulo. O consultor lembrou que a economia brasileira teve muitos avanços, especialmente no que se refere à concessão de crédito para pessoas que antes não tinham este benefício e, consequentemente, passaram a consumir mais.

No entanto, o aumento do endividamento e inadimplência dos brasileiros, somado a outros fatores macroeconômicos, como alta dos juros, do desemprego e inflação, e crise na indústria, fez com que o avanço pautado no consumo caísse consideravelmente nos últimos anos.

Mas o cenário, apesar de desafiador, não deve ser encarado apenas sob uma perspectiva negativa. ”Estamos entrando em um ciclo que não é de grande abundância, ao contrário do que vivemos na última década, mas acreditamos que a crise vai passar e que as empresas pequenas vão sair mais competitivas deste processo”, defende Alvim.

Para tanto, porém, as assessorias têm de rever alguns processos e também estarem atentas às oportunidades criadas neste período. “As empresas, especialmente as pequenas, precisam implementar melhorias no processo de gestão. Já no que se refere a passivos a receber ou a pagar, o momento é de renegociação. Não é o momento de restringir ou oferecer crédito, mas de renegociá-lo, especialmente o prazo”, continua o especialista.

Outra tendência neste momento será a maior procura de pequenos negócios por pagamentos mais seguros. “E o relacionamento entre pequenas empresas e instituições financeiras irá se intensificar, porque a primeira precisará de ajuda para gerenciar o fluxo de caixa. Acredito que a educação financeira será levada por instituições financeiras, o que em tempos de crise é fundamental”, argumenta.

Por fim, Alvim acredita que este momento será oportuno para a aproximação de assessorias de cobrança com empresas pequenas, que precisam recuperar crédito, mas em geral não têm expertise em fazê-lo.

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