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Ensinar executivos requer mais que conteúdo acadêmico

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
17 de outubro de 2017 - 18:00

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Por: Stela Campos

Dar aulas para executivos experientes não é fácil. Como eles sabem conduzir seus negócios, para conquistá-los é preciso muito mais que um conteúdo puramente acadêmico. Dominique Turpin, presidente do IMD, uma das mais importantes escolas de negócio do mundo, sentiu isso na pele. Ele se tornou professor da instituição quando tinha apenas 29 anos, logo após terminar o doutorado no Japão. “Um professor só é bem-sucedido se sabe algo que ninguém sabe”, diz. “Esse era o meu caso porque poucos compreendiam a cultura japonesa ou falavam a língua. Hoje a expectativa é ainda maior.”

Aos 59 anos de idade e seis no comando da escola, que ficou com o primeiro lugar este ano no prestigiado ranking de programas abertos de educação executiva no jornal britânico “Financial Times”, ele ainda leciona e diz que os desafios cresceram no ensino de presidentes. Para ele, cada vez mais é preciso diversificar a abordagem pedagógica com trabalhos em equipe, simulações na internet e novas ferramentas. “Estamos na era do ‘edutainment’, educação com entretenimento”, diz.

Para Turpin, os estudos de caso, que se popularizaram a partir de Harvard, precisam ser usados com parcimônia, pois podem ser muito cansativos. “Os chineses, por exemplo, não gostam porque acreditam que os casos analisam o passado e eles querem saber do futuro.” Ele diz que muitas escolas ganham dinheiro vendendo esses estudos, por isso não têm interesse em diminuir seu volume de produção.

Um dos maiores desafios hoje, para ele, é lidar com classes multiculturais, com até 100 nacionalidades diferentes, como acontece em escolas de negócios do porte do IMD. Os professores precisam ter um ‘mindset’ global e adaptar a forma de ensinar ao perfil dos alunos. Descobrir quem tem uma boa bagagem acadêmica e flexibilidade para trazer o ensino para a realidade do mercado é como encontrar uma agulha no palheiro.

“Passo 60% do meu tempo buscando talentos”, diz Turpin. No caso do IMD, que atua fortemente com cursos customizados, quem ensina precisa estar aberto para não só entender o negócio da empresa cliente como para propor um programa com resultados práticos. “Os executivos não querem saber de papers acadêmicos”, diz.

Segurar um professor, na faixa dos 50 anos, que reúna as competências necessárias para atuar em educação executiva de alto nível, segundo ele, “é como querer domesticar gatos”. Embora no IMD eles recebam um salário acima da média, de quase US$ 500 mil ao ano, por serem raros, eles são bastante disputados pelo mercado. O assédio vem de outras escolas, mas também das grandes consultorias que nos últimos anos começaram a atuar na área de ensino executivo e que podem pagar ainda mais pelos docentes. A escola tem apenas 45 professores em tempo integral – só entra alguém quando outro sai.

Como um bom professor pode estar em qualquer lugar, Turpin investe em seu networking. Em sua última visita ao país, quando falou ao Valor, ele estava com a agenda recheada de encontros com executivos e ex-alunos. Mesmo com uma queda significativa na procura por cursos customizados este ano no Brasil, ele acha importante se manter atualizado com a comunidade local.

Embora o país tenha caído mais um posto no ranking de competitividade global feito pelo IMD este ano, ocupando a 57ª posição em uma classificação que envolve 61 países, ele acredita em uma recuperação brasileira nos próximos dez anos. “Os fundos de privateequity acreditam no Brasil no longo prazo”, afirma Turpin.

Os casos de corrupção envolvendo até ex-alunos como o executivo Marcelo Odebrecht, que foi preso no dia em que iria fazer uma palestra no curso para CEOs do IMD, são vistos como um grave problema de liderança global, seja política ou empresarial. “Eles não estão mais protegidos pelo silêncio”, afirma.

Segundo ele, casos semelhantes vieram à tona em vários países. “A pressão vem da sociedade e das mídias sociais.” Ele diz que na Índia os executivos brincam que o país só funciona à noite, quando os políticos dormem. Sobre o papel das escolas de negócios na educação das novas lideranças, ele diz que faz sua parte ensinando o que é certo, mas que a decisão é sempre de cada um.

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