Por: Gilberto Guimarães

Sou diretor há três anos de uma empresa que me deu total liberdade para montar minha equipe e reorganizar o departamento. Recentemente, aceitei uma proposta de trabalho de outra companhia, sob essa mesma premissa. Estou pensando em levar comigo toda a atual equipe, pois são pessoas que já conheço e nas quais confio – e tenho certeza de que aceitariam essa mudança. Porém, tenho dúvidas de como isso vai ser percebido tanto na organização que estou deixando, que vai ter um grande desfalque, quanto na que vou assumir, pois vou precisar demitir pessoas que estão lá. Essa atitude pode me prejudicar em relação a futuras oportunidades de emprego? Existe algum princípio ético que devo seguir em uma situação como essa?

Diretor, 53 anos

Resposta:

Você não deveria trazer sua “velha” equipe para o seu novo emprego. Não só por princípios éticos, mas, sobretudo, porque isso será avaliado como uma incapacidade sua de formar e liderar uma nova equipe.

Líderes precisam desenvolver pessoas e formar equipes para garantir que a empresa tenha sempre um novo grupo de profissionais com as competências necessárias para o sucesso estratégico de longo prazo. Líderes também precisam formar os futuros novos líderes para garantir que a empresa sobreviverá à saída ou troca de um profissional no comando, qualquer que seja ele.

Para fazer as coisas acontecerem e para conseguir transformar ideias e estratégias em ações e realizações, o líder precisa das pessoas. Deve decidir e escolher caminhos, selecionar pessoas, montar um time. Os líderes eficazes sabem identificar pessoas com habilidades necessárias, engajá-las e motivá-las para que deem o melhor de si.

O que você precisa para montar sua equipe é criar a sinergia do grupo atual, ou seja, somar os talentos e competências individuais para que o resultado da ação conjunta seja superior à atuação de cada um dos indivíduos. Para isso não basta trazer e juntar os melhores talentos individuais.

Na maioria das vezes, equipes de “estrelas” têm problemas de funcionamento e gastam muito mais tempo para tomar decisões e fazer escolhas, com cada um tentando persuadir os outros a adotar seus pontos de vista e apontando a fragilidade dos argumentos alheios. Normalmente, as “estrelas” se mantêm fiéis às suas formas de atuação, ideias e convicções, sem levar em conta os parceiros, tornando impossível a sinergia e uma liderança adequada.

A escolha correta deve se basear nas habilidades complementares e na capacidade de cada indivíduo de contribuir para alcançar as metas e os objetivos do projeto. As equipes devem ser estruturadas levando em consideração os perfis ou tendências pessoais e a personalidade dos indivíduos. Isso exige uma seleção minuciosa contínua e permanente.

Equipes de alta performance precisam se sentir como um grupo coeso e ter liberdade para atuar e estabelecer seus métodos de trabalho. Devem ser compostas por pessoas comprometidas, com responsabilidade e disponibilidade para reconhecer problemas e desenvolver soluções. Isso depende sempre do estilo de liderança.

Liderança é confiança mútua. Quando você traz seus velhos parceiros, mostra que não confia nos atuais, perde a confiança dos que ficam e cria neles um sentimento de medo e insegurança. Os líderes que formam as melhores equipes são flexíveis, resilientes, acreditam nas pessoas e são tolerantes a erros, pois o medo de errar atrofia a criatividade, o espírito inovador e até mesmo a honestidade do grupo.

As características e as competências pessoais são determinantes para as realizações e a obtenção dos resultados positivos, em conjunto com outras pessoas e por meio delas. Os líderes são otimistas, inspiram lealdade e boa vontade porque agem com integridade e confiança.

Confiantes, podem suportar a incerteza e o risco. Líderes competentes buscam desenvolver e aprimorar suas características e crenças pessoais para que possam conseguir as mudanças que desejam realizar. Qualquer que seja seu estilo de liderança, você precisa mostrar que tem competência para conquistar seguidores.

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