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Como você imagina seu próximo ambiente de trabalho?

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Exame
18 de novembro de 2018 - 14:02

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Trabalhar sentado em uma poltrona confortável, fazer uma reunião corporativa em uma daquelas mesas altas de bar, aproveitar a hora de almoço para jogar uma partida de pebolim.

Se você sempre sonhou em trabalhar em um ambiente inspirado no “estilo Google de ser”, saiba que seu sonho pode estar mais próximo do que você imagina e você não precisa nem ser contratado pela gigante das buscas.

Mudanças recentes do mercado de trabalho têm inspirado diversas empresas no Brasil a adotarem um estilo mais descontraído para seus espaços corporativos.

Segundo o orientador de carreira Sidnei Oliveira, a tecnologia foi vital nesse processo. Fez com que a vida profissional invadisse o espaço da vida pessoal. Hoje é muito comum que pessoas leiam emails corporativos em casa, por exemplo”.

A “invasão” do trabalho na vida privada abriu espaço para que as pessoas vissem a necessidade da vida pessoal também invadir o ambiente corporativo.

Buscando transformar seu estilo corporativo, o escritório de advocacia PVG Advogados passou por uma grande reformulação da sua sede na cidade de São Paulo.

Compartilhamento de mesas, salas sem divisão e espaços de descompressão equipadas com manicure, pebolim, engraxate e aulas de meditação são alguns dos principais elementos que a PVG trouxe para o escritório.

Segundo Rubens Vidigal Neto, sócio-fundador da PVG, o principal objetivo dessas mudanças é promover o engajamento da equipe, se preocupando com a percepção de formam um time. “É muito mais agradável para um funcionário quando ele trabalha em um local em que ele se sente parte, que se identifica”, completa.

Vidigal conta que a ideia partiu de um olhar interno dos dirigentes de que os funcionários se demonstravam infelizes e sem objetivos dentro do ambiente de trabalho e que o projeto transformou essa realidade. “Hoje é muito raro vermos algum dos nossos colaboradores saindo da empresa para ir trabalhar em outro escritório”, ressalta.

“Rio 40 graus” e o uso de bermudas

Já na empresa de engenharia Radix, com sede no Rio de Janeiro, os funcionários desde 2014 são autorizados a trabalhar vestindo bermudas. Segundo a coordenadora de RH da empresa, Cláudia Pittioni, a ideia surgiu a partir da demanda de alguns funcionários que comentavam sobre o excessivo calor que enfrentavam para vir trabalhar.

“Na ocasião, o nosso presidente recebeu a sugestão de um funcionário e acatou a ideia”, comenta Pittioni, que ressaltou a melhora na produtividade e no conforto dos funcionários na hora de trabalhar.

A única restrição da empresa é com relação ao cuidado na relação com os clientes da Radix. “Equipes que são alocadas em espaços fora da nossa sede têm que seguir as regras internas de cada cliente, mas aqui no nosso espaço o uso é livre”, completa o coordenador técnico do grupo, Leidson Germano.

Trabalho conjunto

O banco Itaú também buscou dar novos ares ao seu ambiente de trabalho. Equipes do banco viajaram para o Vale do Silício, nos Estados Unidos, e visitaram as sedes do Google e do Facebook em busca de ideias para um novo modelo de gestão de pessoas.

Há cerca de dois anos, o banco implantou mudanças na sua área de canais de relacionamento. No projeto, as diversas equipes que fazem parte da área (produtos, tecnologia e setor operacional) passaram a trabalhar em um mesmo espaço.

Buscando estimular a criatividade do grupo, o banco montou salas descontraídas, com móveis versáteis, paredes em que se pode escrever e pequenas mesas para reuniões ao estilo dos bares da cidade.

“Quando você entra no ambiente, não se sabe se estamos em um banco ou em uma área de criação de marketing”, afirma Marcelo Orticelli, diretor da área de pessoas do Itaú Unibanco.

O diretor de pessoas afirma que as transformações levam tempo, mas que alguns resultados já são perceptíveis. “Existe hoje um nível maior de colaboração entre as áreas e inclusive outros setores do banco buscam marcar reuniões nesses lugares novos”, completa.

Sidnei Oliveira vê o “estilo Google” de ambiente corporativo como um ícone desse processo de mudança e como uma espécie de formador de opinião para as gerações mais recentes, como a hiper-conectada Geração Z.

“Os jovens que estão entrando agora no mercado não têm a referência do que é um local de trabalho. O referencial deles acaba sendo o que eles veem na internet, o que torna os escritórios do Google um modelo, que podemos dizer que é uma referência falsa”.

Sidnei destaca que essa “falsa referência” contribui para que o jovem crie expectativas que não vão ser atendidas.

“O jovem entra na empresa com uma espécie de pré-exigência, com um ideal de trabalho. Para eles, espaços que não acompanham essa tendência do Google são ambientes opressores”.

Ainda que o processo de mudança das empresas aconteça de forma lenta e pontual, Sidnei acredita que a tendência é que as empresas promovam locais de trabalho mais orgânicos e flexíveis para seus funcionários.

“Vale ressaltar que nem todos os setores permitem essa mudança, como é o caso da área de saúde, com hospitais por exemplo”.

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