Por: Sofia Esteves
Fui contratado há cerca de quatro meses por uma grande empresa de logística e ocupo um cargo de supervisão. Gosto dos meus novos colegas e da companhia de maneira geral. O problema é que meu chefe, que já está há mais de dez anos na empresa, é extremamente inseguro e workaholic. Isso afeta o bom ambiente e o desempenho da equipe, pois todos acabam ficando ansiosos e sofrendo mais pressão do que deveriam. Para piorar, esse gestor tem a mania de mandar e-mails e até mensagens pelo Whatsapp depois do expediente, sempre sobre coisas relacionadas às tarefas do dia seguinte. Essa postura me incomoda bastante, mas todos dizem que o chefe é assim mesmo e com o tempo vou me acostumar. O que devo fazer?
Supervisor, 35 anos
Resposta:
Recentemente, a empresa de pesquisa Nextview People, em parceria com a HR Academy, constatou que os três principais motivos de pedidos de demissão entre profissionais juniores são proposta com melhor remuneração e benefícios, maior perspectiva de carreira e proposta com maior oportunidade de desafios.Entre os profissionais seniores, o principal motivo também é o da melhor remuneração e benefícios, seguido por uma proposta com maior autonomia e uma busca por maior qualidade de vida.
O que o incomoda no relacionamento com o seu chefe não é muito diferente do que seus colegas de mercado buscam no dia a dia profissional: autonomia e qualidade de vida.
Vivemos um novo contexto para a administração de carreira, que tem gerado novas necessidades como a do profissional poder conciliar seus projetos de vida com os da organização.
Provavelmente o seu gestor se desenvolveu em um contexto no qual crescer na empresa era o principal projeto da sua vida e ser chefe era ser o detentor do conhecimento. Nesses últimos dez anos, porém, muita coisa mudou. São inúmeros os reajustes nesse contrato de trabalho e no que é esperado de um líder. Pode ser que seu chefe não tenha atualizado o seu olhar e conceito sobre esses temas.
Imagine precisar ser o detentor do conhecimento em uma época como a atual, na qual há tanta informação sendo gerada. O resultado será mesmo uma forte insegurança e uma necessidade de priorizar a quantidade de horas trabalhadas e não a qualidade destas.
Em um estudo realizado no ano passado, profissionais de média gerência sinalizaram que os aspectos que não poderiam faltar em um bom líder são capacidade de inspirar e motivar, coerência entre a fala e a ação, o desenvolvimento de pessoas, a colaboração e o trabalho em equipe e, por fim, integridade e honestidade. Muito diferente do domínio do conhecimento, delegação de tarefa e tempo na empresa que o seu gestor aprendeu a valorizar.Porém, não acredito que saber disso seja motivo para apenas aceitar e se acostumar.
Acomodar o que nos incomoda pode ser uma das piores estratégias quando falamos dos relacionamentos interpessoais. Assim, sugiro que encontre a melhor maneira de falar sobre suas expectativas e preferências para o seu gestor.O diálogo e as conversas de feedback serão sempre minhas primeiras sugestões. Sei que muitas vezes isso é parte de um exercício diário e nem sempre depende só de você. Se bem construídas, no entanto, elas geram um impacto positivo no longo prazo e podem contribuir para um melhor clima entre todos da equipe.As avaliações 360 graus também podem ser excelentes oportunidades de pontuar essa sua sensação e percepção. Caso na sua empresa elas não sejam uma prática, vale a proposta para a área de recursos humanos.
Por último, não esqueça que se você, através das suas próprias atitudes e resultados, mostrar que autonomia e qualidade de vida são fatores importantes para a produtividade e retenção do time, talvez isso mude o comportamento de todos por aí. Não só do chefe.
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