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Como digo para o meu chefe dizer não à direção?

por: Afonso Bazolli
em: Gestão
fonte: Valor Econômico
30 de janeiro de 2017 - 18:02

Como-digo-para-o-meu-chefe-dizer-nao-a-direcao-televendas-cobranca

Por: Karin Parodi

Sou gerente de projetos de uma empresa bastante hierárquica. Tenho um bom relacionamento com meu chefe e o acho bastante competente. O problema é que ele tem uma postura submissa não apenas em relação ao alto escalão, mas também aos diretores de outras áreas da empresa. Assim, o trabalho da nossa equipe é constantemente interrompido com demandas, pedidos e favores que chegam de todos os lados e que nada têm a ver com a nossa atuação. Por insegurança ou medo, meu chefe aceita isso e não se impõe. Fico irritado e já tentei mostrar como isso é prejudicial, mas ele reage como se não tivesse alternativa. O que devo fazer?

Gerente, 29 anos

Resposta:

O primeiro passo de qualquer processo de resolução é reconhecer o problema, o que, basicamente, significa nomeá-lo. Você deve estar familiarizado com a saga de Harry Potter. Nela, todo mundo se refere ao vilão como “Aquele Que Não Deve Ser Nomeado”. É quando o bruxinho Harry começa a chamá-lo de Voldemort que ele começa a resolver o problema.

Então, vamos nomear corretamente as coisas: seu chefe não é competente – não do modo genérico ao qual você se referiu. No máximo, ele é “parcialmente competente” e provavelmente se reconhece dessa maneira. Sempre que se fala em liderança, há dois conjuntos necessários: o das competências hard (duras, mais técnicas) e o das competências soft (suaves, de gestão). Seu chefe pode até ter os atributos hard, mas não os soft.

Comportamento submisso é um péssimo sinal. Como nos ensina o ‘beabá” da psicologia, pessoas submissas geralmente têm baixa autoestima. Trata-se de uma característica importantíssima para a vida de qualquer um de nós e, em especial, para a carreira. Pessoas que não se amam tendem a ser indecisas, buscam sempre agradar os outros e não conseguem dizer “não”. A baixa autoestima sabota o talento de qualquer profissional. Por outro lado, um bom nível de autoestima impulsiona até quem não é tão talentoso assim.

Para posições de liderança, uma boa autoestima é fundamental por afetar diretamente a tomada de decisão e a capacidade de se posicionar em relação a pares, superiores e clientes. Se o seu chefe patina nessa competência, mostra -se um líder fraco. O resultado é uma equipe desmotivada, uma vez que os interesses da área não são devidamente defendidos junto à organização, comprometendo a qualidade de vida e produtividade dos envolvidos.

Ou o líder submisso aprende a não sê-lo, o que é perfeitamente possível, ou desiste de ser líder. Continuando a nomear os Voldermorts de seu chefe, além da baixa autoestima há uma insegurança presente, um sentimento de inquietude aparentado com medo. Isso gera ansiedade e problemas de performance. O inseguro ansioso falha em competências como comunicação, gestão de conflitos, negociação e habilidade política.

A falta de habilidade política e a gestão de conflitos, aliás, estão inter-relacionadas. Sem habilidade política fica muito difícil construir alianças, relacionamentos, aguentar o estresse e administrar conflitos. E sem saber administrar os conflitos, diminuem muito as oportunidades de crescimento das pessoas. Conflitos são (ou deveriam ser) muito bem-vindos no ambiente organizacional, pois são fontes geradoras de mudanças. Um conflito bem administrado se toma um aliado no desenvolvimento das pessoas e da organização.

Se o seu chefe ler este texto, ele poderá começar a trabalhar para destruir seus Voldemorts, dizendo “não” algumas vezes. Toda caminhada, afinal, começa com um passo. Mas, se ele não ler ou não entender o “endereço” do texto, sugiro quevocê tenha uma conversa franca com ele, mostrando, com fatos, o que está acontecendo na área. Seja um parceiro dele na aquisição de competências soft, usando toda a sua habilidade política e lembrando que a organização extremamente hierárquica em que você: se encontram é um desafio a mais.

Pequenas mudanças de atitude podem gerar ganhos em produtividade, retenção de talentos e tempo para estratégia e clientes, e a empresa perceberá isso aos poucos. S6 não prometa, nem espere, que será fácil. Toda mudança gera resistência, conflito e requer um Harry Potter combatendo um Voldemort.

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