Por: Claudia Gasparini
Se você nasceu entre 1981 e 1994, pode comemorar: você faz parte da juventude mais bem-educada e informada que já existiu no planeta.
Quem afaga o ego da geração Y é Alfredo Motta, co-autor do livro “Código Y – Decifrando a geração que está mudando o país” (Editora Évora), em parceria com Marcos Calliari.
“Além de ser mais tolerantes do que seus pais e avós, eles estão dispostos a abraçar conceitos como diversidade e sustentabilidade, inclusive no trabalho”, afirma.
Segundo Motta, a maioria dos “ípsilons” brasileiros teve a sorte de nascer num ambiente de relativa prosperidade econômica – o que lhe rendeu uma educação melhor e acesso precoce à tecnologia.
No entanto, esses mesmos privilégios trazem desvantagens do ponto de vista comportamental. Acostumados à fartura de oportunidades – e de elogios – os jovens alimentam grandes expectativas sobre seu próprio futuro profissional.
Não sem motivo, impaciência, arrogância e fragilidade emocional já se tornaram clichês para descrever o grupo.
Veja a seguir 7 armadilhas de carreira a que a geração Y está especialmente suscetível:
1. Não investir em inteligência emocional
A dificuldade para lidar com emoções é o maior entrave ao crescimento profissional do jovem, segundo um estudo recente da consultoria YCoach. O problema é ainda maior por conta da escassa experiência da geração Y com crises econômicas.
“Antes, o jovem podia pedir demissão se a empresa o frustrasse”, diz a consultora ElineKullock, presidente do Grupo Foco. “Com a recessão e o aumento do desemprego no Brasil, ele vai precisar pensar duas vezes antes de ceder às emoções do momento”.
2. Colecionar experiências incompletas
A impaciência e a ansiedade por mudanças leva muitos jovens a trocar de emprego constantemente. Segundo Motta, estima-se que um representante da geração Y tenha, em média, 17 empregos diferentes ao longo da vida.
A consequência de todo esse pula-pula é a ausência de realizações consistentes no currículo do jovem. “Não dá tempo de fazer nada muito profundo numa empresa se você passa tão pouco tempo nela”, explica o autor.
3. Abusar do método “tentativa e erro”
Quando compra um produto eletrônico, você lê o manual de instruções ou sai experimentando os botões? Segundo Eline, ninguém mais busca explicações prévias para nada: o aprendizado se dá quase exclusivamente de forma empírica.
O preço desse hábito é desconsiderar a importância do embasamento teórico para a tomada de decisões. “Nem tudo pode ser aprendido na prática”, diz a especialista”. “Você precisa de bagagem para criar e implementar projetos”.
4. Achar que empreender é fácil
Criar o novo Google ou o novo Facebook não depende apenas de uma “grande ideia”.
De acordo com Motta, a geração Y tende a subestimar a dificuldade de criar uma nova empresa. O resultado é que muitos se lançam ao empreendedorismo sem contar com as competências técnicas e emocionais que essa escolha exige.
5. Trocar o contato presencial pela internet
A geração Y tem uma relação quase umbilical com seus smartphones e computadores. O risco causado por essa proximidade é o isolamento. “Não dá para ter uma interação realmente produtiva com pares e chefes se você passa o tempo todo atrás de uma tela”, afirma Eline.
Por mais difícil que isso pareça, recomenda ela, abandonar a zona de conforto proporcionada pela tecnologia é essencial para evoluir profissionalmente, implementar projetos bem-sucedidos e garantir um bom networking.
6. Não planejar os próximos passos
Viver a carreira no modo “improviso” não é um pecado exclusivo dos jovens, diz a consultora Carla Furtado. Porém, a falta de visão de longo prazo costuma ser mais acentuada no caso deles.
“Por serem muito ansiosos, eles não estudam fatores como o perfil do empregador antes de se candidatar a uma vaga”, afirma. O resultado são mudanças constantes e pouco estratégicas – que desenham uma trajetória fragmentada e incompleta.
7. Acreditar que hierarquia não conta mais
Acostumado à comunicação horizontal proporcionada pelas redes sociais, o jovem tende a minimizar as diferenças entre os níveis de poder. Embora essa distância esteja de fato encolhendo, a maioria dos empregadores ainda enxerga a equipe em camadas.
“No clima de pressão e instabilidade trazido pela crise econômica, é natural que as pessoas se apeguem aos seus cargos”, afirma Eline. “É um momento delicado para subestimar a hierarquia da empresa”.
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