Por: Marina Oliveira e Rita Trevisan
Todos estamos acostumados a ouvir a opinião de diferentes pessoas (colegas, chefes, familiares, cônjuge, amigos) sobre nossas escolhas e condutas. Porém, quando esses pareceres não são dos melhores, nem sempre reagimos de maneira adequada. Em geral, sofremos ao receber críticas. Isso porque, mesmo querendo aprender e evoluir, também desejamos ser aceitos pelos outros da maneira que somos. No ambiente profissional, que, muitas vezes, envolve competição e disputa, a avaliação desfavorável pode pesar ainda mais.
No entanto, o que os especialistas garantem é que o feedback, quando bem realizado, é uma valiosa ferramenta de comunicação. Mesmo quando vem carregado de críticas negativas. Para a gerente da DMRH, empresa multinacional de recursos humanos, Sirley Almeida, é preciso encará-lo como uma oportunidade de desenvolvimento pessoal e até de fortalecer vínculos. “O feedback, mesmo que negativo, não deve ser visto como algo desfavorável para quem o recebe. A ideia é dar um retorno ao profissional sobre o impacto das ações dele no trabalho. A conversa tem como objetivo ajudá-lo a crescer”, afirma.
No livro ainda inédito no Brasil “Thanks for the Feedback: The Science and Art of Receiving Feedback Well” (Obrigado pelo Feedback: A Ciência e a Arte de Receber Bem Um Feedback, em tradução livre), os autores Sheila Heen e Douglas Stone, pesquisadores da Universidade Harvard, defendem que, por mais que as corporações invistam em treinamento para habilitar gestores a dar um feedback eficiente, é fundamental que também haja um engajamento do receptor. Segundo os autores, quem está recebendo um retorno sobre sua atuação profissional precisa estar realmente interessado em ouvir e em processar toda a informação corretamente.
Diante de uma avaliação ruim, algumas atitudes precisam ser evitadas ao máximo, como negar a crítica, exaltar-se, desabar em lágrimas, acusar outra pessoa ou distorcer a informação para pior, julgando-se incompetente para aquele trabalho. “Quem escuta está sempre tomado por uma carga emocional grande. Afinal, quanto mais nos dedicamos a um trabalho, mais precioso e perfeito nos parece aquilo que desenvolvemos. Por isso, críticas, ainda que construtivas, são difíceis de receber”, explica o psicólogo Roberto Heloani, estudioso da psicologia do trabalho e professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Comportamentos inadequados não só podem fazer com que o chefe enxergue imaturidade e descontrole emocional em você, como invalidam totalmente a oportunidade de aprendizado. Para escapar dessas armadilhas, elaboramos, com a ajuda dos profissionais, um roteiro capaz de orientá-lo. A ideia é que você tire proveito da conversa, argumentando da forma certa, para não colocar em risco a sua imagem profissional.
1. Respire fundo e escute tudo atentamente
Enquanto o chefe estiver falando, não interfira, ou seja, nada de tentar se defender a cada comentário. Escutar tudo com atenção vai ser importante para assimilar o que está sendo passado e para ter uma base a ser utilizada na sua argumentação.
2. Peça exemplos
Quando perceber que o chefe terminou a avaliação, é o momento de você iniciar uma conversa produtiva. Um bom feedback é amparado por fatos e dados e não por julgamentos genéricos, tais como: “Você é sempre desorganizado” ou “você nunca é pró-ativo”. Para fugir de mensagens pouco claras, tente questionar o gestor sobre a tarefa ou o acontecimento específico que o fez chegar àquela conclusão.
“Isso ajuda a extrair evidências da argumentação e evita distorções, como a que nos leva a achar que as críticas são pessoais”, diz Sirley. Caso o chefe não consiga dar exemplos, vale se posicionar. Você pode dizer algo como: “Eu entendo o seu ponto de vista mas, sem exemplos concretos, fico sem saber ao certo onde falhei”. Também é possível sugerir uma nova conversa em uma ou duas semanas, alegando que prestará mais atenção em si, enquanto o chefe pensa em alguns exemplos.
3. Argumente
Uma vez esclarecido o ponto de vista do chefe, pense se vale a pena justificar algum comportamento, para mudar a impressão que deixou do seu trabalho. “Se for um erro grave, é preciso pedir desculpas”, diz o consultor em gestão de pessoas Eduardo Ferraz, autor do livro “Seja a Pessoa Certa no Lugar Certo” (Editora Gente). Caso discorde, faça a sua defesa amparada em fatos objetivos. Também é interessante apontar para o gestor o que de bom você tem feito no trabalho e que ele, porventura, possa não ter percebido. Juntos, os dois devem pensar em formas de melhorar. Por isso, o momento pode ser aproveitado, ainda, para pedir sugestões de como agir diferente e, assim, alcançar melhores resultados.
4. Agradeça e reflita
Ao fim da conversa, agradeça e diga que irá pensar no que foi falado. E cumpra o prometido. Faça uma reflexão sobre o feedback e filtre apenas as informações que podem ser úteis para o seu aprimoramento. Se ainda não estiver contente com a avaliação, converse com outras pessoas para descobrir se elas têm a mesma impressão de você. Se tiver apoio, você pode até questionar o feedback. Por outro lado, se os colegas concordarem com o seu chefe, o melhor é aproveitar a deixa e tentar se aperfeiçoar.
Se as emoções saírem do controle e você…
Chorar durante o feedback
Peça um tempo para se recompor. Você pode dizer que não está em um bom momento e remarcar o papo, para poder aproveitar melhor a oportunidade, em outro contexto. “Não há problema em dizer que está mexido, não podemos ter vergonha de expor a nossa fragilidade. Afinal, somos seres humanos”, diz Heloani.
Enfurecer-se e responder grosseiramente
Tente se acalmar e peça desculpas. Diga que acabou se ofendendo e que perdeu o controle da situação. Pergunte se vocês podem remarcar o feedback e retome quando estiver com a cabeça mais fresca.
Negar as críticas
Sem constrangimento, peça para falar com ele novamente. Diga que você reagiu mal ao se colocar na defensiva e que gostaria de conversar mais uma vez, para entender melhor o que pode mudar.
Culpar os outros
Ainda que essa atitude possa fazer o chefe perder o respeito por você, é preciso coragem para pedir desculpas. Pense no que foi falado e retome a conversa dizendo que gostaria de aprender com aquela situação e que, para isso, precisa da orientação dele
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