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22 de julho de 2019 - 17:01

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Em palestra em São Paulo para o evento G.A.T.E., Tal Ben-Shahar conta como aceitar emoções ruins faz parte do caminho para ser mais feliz

Por: Luísa Granato

“É o que mais gosto quando venho para cá”, diz Tal Ben-Shahar, o famoso professor de Harvard que ensina a ser feliz, para o auditório durante sua palestra no Teatro Santander em São Paulo.

“São as emoções extremas e todos os abraços. Nunca mudem”, ele elogia ao citar os benefícios para o bem-estar que o contato humano e um simples abraço podem causar ao longo prazo.

O pesquisador de psicologia positiva abriu com sua palestra sobre “A ciência para viver uma vida melhor” a terceira edição do G.A.T.E., evento sobre educação global que reúne mais de 100 expositores e mais de 40 palestras de 15 países neste final de semana.

Seu bom humor e palavras inspiradoras já ajudam a instantaneamente aumentar a felicidade de todos no auditório. Ele provoca a repensar nossos hábitos e como aplicar a ciência no cotidiano para criar melhorias na vida.

Seu primeiro ensinamento da manhã é se dar a “permissão para ser humano”. Ele explica que o objetivo não é ser constantemente feliz, mas abrir caminho para a felicidade. Ele mesmo começou sua pesquisa ao mudar de graduação de ciência da computação para psicologia quando percebeu que, apesar de ser um bom aluno, não se sentia feliz.

Ele queria responder duas perguntas, para si mesmo e para ajudar a outros: Por que não sou feliz? E como posso ficar mais feliz?

Para ser mais feliz, diz ele, é preciso se permitir sentir todas as emoções, boas ou ruins. “Emoções dolorosas são uma boa notícia: quer dizer que você não é um psicopata e que não está morto”, fala.

Mais do que isso: segundo ele, tentar bloquear as emoções apenas faz com que elas fiquem mais tempo perturbando seus pensamentos. Ao se deixar sentir, qualquer que seja a emoção e aceitando-as como naturais, você abre espaço para também ser mais feliz.

“Vou dar uma tarefa simples para vocês, não dura nem 10 segundos. Eu quero que vocês não pensem em um elefante rosa. Não pensem em um elefante rosa, ok?”, diz ele.

E todos imediatamente não conseguiam se livrar da imagem de um elefante rosa. “As emoções são assim também. Como a lei da gravidade, ela é natural, tentar lutar contra ela seria uma constante frustração”.

Aqui, Tal Ben-Shahar faz a importante distinção: aceitar os sentimentos, mas não se resignar a eles. “É uma aceitação ativa. O que fazer com meus sentimentos, é isso que importa”.

Para uma melhor qualidade de vida, o professor recomenda abraçar outros aspectos da vida que são letais para a felicidade e para a saúde. É hora de abraçar o estresse e o fracasso também como partes do que é ser humano.

“Aprenda a falhar ou você vai falhar em aprender”, avisa ele sobre a importância de aceitar os erros e frustrações como parte do processo de inovação e criação.

De acordo com o professor, hoje o mundo vive uma pandemia de estresse, com um grande impacto na nossa felicidade, especialmente quando se fala da vida adulta, começando na escola e seguindo para a universidade e nas empresas.

Ele prega que o estresse é bom para nós, mas que devemos mudar nossa percepção para enxergar o verdadeiro problema, o que nos deixa doentes e levam ao burnout.

“O estresse nos deixa mais fortes, mais resilientes e melhores em resolver problemas no cotidiano. Quando você faz musculação, você coloca estresse no seu músculo, certo? Se dia após dia você trabalha um pouco e vai aumentando o peso, aos poucos você fica mais forte. Agora, se você puxar peso demais, não descansar e tentar puxar cada vez mais, você vai se lesionar”, explica ele.

A chave para lidar com o estresse é se dar um tempo de recuperação. Ben-Shahar explica que são três tempos de descanso, o micro, mezzo e macro. O último seriam férias longas, totalmente desconectados do mundo. O melhor modo de praticar o segundo, o período médio é com um boa noite de sono, se permitindo desligar.

O primeiro é essencial para praticar durante o dia, principalmente no trabalho. Pode ser um almoço longe do computador, uma pausa para o café e para conversar ou alguns segundos de meditação.

Ele conta de um caso de um banco que via seus funcionários adoecendo e abandonando a empresa por causa do estresse acumulado. Eles não conseguiam para por meia hora durante o expediente, nem sequer por 10 minutos.

O professor conseguiu que eles cedessem 30 segundos a cada três horas de trabalho. “Eles deveriam fechar os olhos e respirar profundamente naquele tempo. Algumas vezes por dia fazendo isso e em pouco tempo eles perceberam que o bem-estar na empresa já havia melhorado”, diz.

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